domingo, 22 de setembro de 2013

Conto de Guiné Bissau - Por que os cães se cheiram uns aos outros?

Quando os cães governavam-se a si mesmos, havia dois grandes reinos chefiados por poderosos cães. Cada um deles gabava-se de ter mais súditos e riquezas do que o outro. Embora fossem adversários, viviam em paz, e essa trégua só foi quebrada no dia em que um deles se apaixonou pela irmã do outro chefe. Perdido de amores, ele se dirigiu pessoalmente aos domínios do rival:    

– Meu nobre amigo – disse o cão apaixonado -, fiz essa longa e cansativa viagem até o teu reino para pedir a mão da tua irmã em casamento.    

– Com a minha irmã! – respondeu aos gritos o outro cão –, não quero que você case com ela de jeito nenhum.    

Humilhado com a resposta, o cão desdenhado voltou furioso para sua corte. Assim que chegou, reuniu o Conselho de Guerra e mandou chamar um fiel servidor para que levasse a seguinte mensagem ao seu inimigo:    

– Diga-lhe que como me recusou a mão da irmã, que se prepare para lutar, pois dentro de poucos dias irei marchar com meu exército para destruí-lo.    

O mensageiro ouviu tudo bem direitinho e já ia partindo quando um dos conselheiros real o chamou:    

– Você não pode sair assim todo sujo? – disse o conselheiro real. – A sua cara e a cauda estão imundas.    

Os criados deram um longo banho no mensageiro e perfumaram a cauda dele com os melhores perfumes do reino, pois de acordo com os costumes daquele tempo, um mensageiro tinha que se preparar adequadamente para executar uma tarefa.    

No caminho, o mensageiro achou-se tão cheiroso e galante que começou a procurar esposas para ele mesmo, deixando de lado a missão que o chefe havia lhe confiado.    

É por isso que os cães andam sempre atrás uns dos outros, cheirando as suas caudas, para verem se acham o mensageiro perdido.  
Conto recolhido por  Rogério Andrade Barbosa. 
Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=20266

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