quarta-feira, 29 de abril de 2015

Não vou mais lavar os pratos - poesia de Cristiane Sobral

Cristiane Sobral
Cristiane Sobral

Não vou mais lavar os pratos

Nem vou limpar a poeira dos móveis
Sinto muito. Comecei a ler
Abri outro dia um livro e uma semana depois decidi
Não levo mais o lixo para a lixeira
Nem arrumo a bagunça das folhas que caem no quintal
Sinto muito. Depois de ler percebi a estética dos pratos
a estética dos traços, a ética
A estática
Olho minhas mãos quando mudam a página dos livros
mãos bem mais macias que antes
e sinto que posso começar a ser a todo instante
Sinto
Qualquer coisa
Não vou mais lavar 
Nem levar.
Seus tapetes para lavar a seco
Tenho os olhos rasos d’água
Sinto muito
Agora que comecei a ler, quero entender
O porquê, por quê? E o porquê
Existem coisas
Eu li, e li, e li 
Eu até sorri
E deixei o feijão queimar…
Olha que o feijão sempre demora a ficar pronto
Considere que os tempos agora são outros…
Ah,
Esqueci de dizer. Não vou mais
Resolvi ficar um tempo comigo
Resolvi ler sobre o que se passa conosco
Você nem me espere. Você nem me chame. Não vou
De tudo o que jamais li, de tudo o que jamais entendi
você foi o que passou
Passou do limite, passou da medida, passou do alfabeto
Desalfabetizou
Não vou mais lavar as coisas e encobrir a verdadeira sujeira
Nem limpar a poeira e espalhar o pó daqui para lá e de lá para cá
Desinfetarei as minhas mãos e não tocarei suas partes móveis
Não tocarei no álcool
Depois de tantos anos alfabetizada, aprendi a ler
Depois de tanto tempo juntos, aprendi a separar
Meu tênis do seu sapato
Minha gaveta das suas gravatas
Meu perfume do seu cheiro
Minha tela da sua moldura
Sendo assim, não lavo mais nada
e olho a sujeira no fundo do copo
Sempre chega o momento
De sacudir, de investir, de traduzir
Não lavo mais pratos
Li a assinatura da minha lei áurea escrita em negro maiúsculo
Em letras tamanho 18, espaço duplo
Aboli
Não lavo mais os pratos
Quero travessas de prata, cozinhas de luxo
E jóias de ouro
Legítimas
Está decretada a lei áurea.

Fonte: Geledès


terça-feira, 28 de abril de 2015

Romance 'Rio Negro, 50' aborda autovalorização da cultura negra no Brasil

20150427182436942995i

Descendentes de escravos são protagonistas do processo de reidentificação com raízes culturais nos anos 1950, período retratado por Nei Lopes em livro

No fatídico 17 de julho de 1950, depois da derrota para o Uruguai na final da Copa do Mundo, em pleno Maracanã, um homem com características de banto africano é supostamente confundido com o lateral Bigode, da seleção fracassada, e apanha até a morte na Rua Larga (atual Marechal Floriano) no centro do Rio. É o ponto de partida para o intelectual e artista Nei Lopes apresentar no romance ‘Rio Negro, 50′ o protagonismo do negro em um efervescente período de 10 anos, quando os descendentes dos escravos começaram a dar importância à sua cultura na formação do povo brasileiro.

O linchamento do falso Bigode é assunto no fictício Café e Bar Rio Negro, localizado em algum lugar muito próximo à Avenida Rio Branco, o centro financeiro da cidade. O Rio Negro é a antítese da avenida que representa o status quo da sociedade carioca.

Frequentado pela elite intelectual dos negros da cidade, o bar reúne os personagens através dos quais Nei Lopes desconstrói ponto a ponto o preconceito, muitas vezes camuflado, na sociedade brasileira. Passa pela dificuldade do negro progredir, como o professor que é desaconselhado a fazer prova para o Instituto Rio Branco, e se aprofunda não só na cultura negra brasileira (esporte, religião e música fortemente incluídos), mas também na latino-americana. O romance mistura personagens reais e fictícios para mostrar a resistência e desmitificar o preconceito. Em certa passagem comenta-se o sucesso de Ademar Ferreira da Silva, medalhista de ouro do salto triplo em 1952 e 1956. 

A discussão era sobre a “capacidade do negro de ter sucesso em outros esportes, como a natação”. Didaticamente, o personagem explica: “Não seria por não ter acesso às piscinas?” A riqueza de detalhes das descrições sobre cerimônias religiosas as diferenças entre umbanda e candomblé, sua relação com religiões de outras regiões da América, como a santería cubana, é material de referência.
Mostra em detalhes uma festa de Iemanjá, no ano de 1958, quando os terreiros da cidade se uniam em procissão, os babalorixás à frente para entregar oferendas à Rainha do Mar. Tudo terminava em meio a cânticos e fogos de artifício. Nei complementa com uma “previsão de futuro”. A festa vai virar atração turística e dela só restarão os fogos e a música.

A mesma evolução da festa de Iemanjá (hoje a festa de Réveillon de Copacabana), o autor vê nas escolas de samba. De manifestação do povo das favelas, sem repercussão na zona sul da cidade, ao embrião do que viria ser o desfile atual. Mostra a tradição sendo deixada de lado para uma nova forma de desfiles. A fusão de várias escolas do morro do Salgueiro, na Tijuca, deu nos Aristocratas do Salgueiro (Acadêmicos do Salgueiro na vida real) traduz a mudança. Dois empresários gringos preveem o sucesso comercial do Carnaval do futuro.Outras formas de música a religiosidade, como o jongo e o partido alto, são descritos em detalhes.

De Abdias do Nascimento, do Teatro Experimental do Negro, a Haroldo Costa, em ‘Orfeu da Conceição’, o livro leva ao reconhecimento do negro por ele mesmo, mas ainda oprimido depois de tantos anos. É a saga dos negros africanos e seus descendentes no Brasil.


Fonte:Geledés Instituto da Mulher Negra


Leia a matéria completa em: Romance 'Rio Negro, 50' aborda autovalorização da cultura negra no Brasil - Geledés 
Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook

Personalidades Negras – Patrice Lumumba


Líder da luta pela emancipação do Congo, Patrice Lumumba foi também o Primeiro Ministro da República após a independência do país em 1960. Fundador do Movimento Nacional Congolês, articulou a criação de um Estado independente, laico e unitário a partir da estruturação de políticas com foco na superação das diferenças tribais e criação de um sentimento nacional.
Nascido em 02 de junho de 1925, em Sancuru, província de Kasai, uma das regiões mais pobres do Congo Belga, estudou em colégios de missionários católicos e protestantes. Trabalhou no correio, onde deu início as suas atividades políticas. Foi membro de movimentos indígenas e associações que o levaram a militar em favor dos ideais igualitários, anti-imperialista e pacifista.
Considerado mártir do nacionalismo africano, teve como marca suas aspirações de paz e de justiça social a partir de movimentos de resistência. Em países africanos, asiáticos e na América Latina, diferentes gerações de revolucionários têm Lumumba como herói. Seu legado se mantém atual e inspira novas lutas pela emancipação dos povos em todo o mundo.
Fonte: Fundação Cultural Palmares

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Lilia Momplé: voz que expande a consciência literária moçambicana



Lília Momplé (foto-montagem retirada da revista cronópios-Brasil)
Ida dos remotos tempos da dominação colonial portuguesa nas terras moçambicanas e voltada dos horizontes do mundo fora, a escritora moçambicana Lília Momplé, encontrou-se com amantes da literatura para falar de si, da sua obra e do protagonismo em que expende a sua escrita nos leitores. Lília Momplé fora voz do nacionalismo, mas hoje, aos 76 anos de vida, é a palavra que se exalta na nova consciência e inspira as novas gerações. Mas não abandonou o seu nacionalismo literário. Na conversa promovida pelo Movimento Literário Kuphaluxa, na última quarta-feira em Maputo, a escritora brincou com as palavras e educou os literatos novatos, afinal de contas Lília, fora também professora.

De nome completo Lília Maria Clara Carriére Momplé, natural da Ilha de Moçambique, esta mulher que escreve o que lhe vai na alma, inspira os jovens e, nas suas obras, revela os mistérios da sua força nacionalista e pela justiça social. Há quem diga que cada escrito da Lília Momplé, é uma denúncia, mas a escritora prefere dizer que é um momento de desabafo, revelação, confidências e só o faz quando não aguenta mais se calar.

Há uma necessitada de se fazer valer a literatura oral. Esta forma literária é riquíssima e corre o risco de se esquecer. Com a literatura, há oportunidade de se criar riqueza. A literatura é a base para o conhecimento e criação, e num país onde há criação, já sabemos que se pode alcançar o desenvolvimento.

Em seguida o teor da sua conversa com jovens em um breve resumo:

Como é que surge a vontade de escrever?

Lília Momplé - Quanto ao ser escritora, sempre sobe que um dia ia escrever, só não sabia quando. O gosto pela literatura herdei da minha avó. Ela era Macua e habitualmente contava-nos estórias lindas da tradição em volta da fogueira. Nesse momento eu dia para mim, «um dia vou escrever estas estórias».

E ouve um outro acontecimento que significou muito para mim: aos 13 anos, estudei no Liceu Luís Salazar, uma escola que era apenas para brancos e pessoas com as melhores condições. Eu era a única negra e minha mãe teve que fazer muito sacrifício para que eu estudasse lá. Ela passava noites a costurar para poder pagar a minha escola, foi uma fase muito difícil. Foi mesmo um acto heróico estudar lá.

Tive um professor de que o nome não posso me esquecer: o seu nome é Rodrigues Pinto, era professor de língua portuguesa. Mandou-nos fazer uma redacção sobre o último de dia de férias.

Feita a redacção e chegada a hora de entrega dos trabalhos depois de avaliadas, ele foi chamando cada aluno para buscar o seu trabalho e o meu foi último. Confesso que fiquei com medo quando não chamaram-me. Quando terminou a entrega aos outros ele disse chamou-me e disse que o meu trabalho foi magnífico. E dali, ele passou a ler a redacção em, toda escola. Fiquei muito orgulhosa. Toda escola apontava no pátio por ter feito o melhor trabalho. Isso marcou-me muito e cada vez mais acreditava que um dia ia escrever.

E porque escreve?

L. M. - Escrevo porque me sinto honrada! Escrevo pelo desejo de contar e de descarregar os meus segredos.

E o primeiro livro… “Ninguém Matou Suhura”, como é que surge?

L. M. - Escrevi o primeiro livro porque tinha uma carga muito grande sobre o colonialismo em Moçambique. Eu tinha raiva do colonialismo. Muita raiva. Tinha a raiva da injustiça. Eu nunca me conformava por tudo que via: massacres sofrimento, opressão isso incomodava-me.
Mesmo quando casei-me, embora com um branco, ele porque também não suportava ver a injustiça disse que tínhamos que sair do país. Foi assim que acabei vivendo no Brasil por muito tempo.
Escrevi o Ninguém Matou Suhura porque eu queria conversar com alguém sobre o que vi e vivi durante aquele tempo. Tinha que me revelar.

As outras obras «Os olhos da Cobra Verde» e um Romance, intitulado «Neighbours» não fogem muito do quem caracterizou a primeira…

L. M. - O segundo livro também se baseou em factos reais. Da morte de uma amiga que era muito boa gente. Ela tinha muita vida, se não mesmo ela era a própria vida. Isso foi muito doloroso e marcou-me. Eu tinha que escrever. O terceiro também foi mais uma revelação.

Vivemos uma sociedade de negócios o “Busness Society”, onde o que vale é o medíocre e não desenvolvimento. Tem em vista mais uma obra?

L. M. - Estou a preparar mais um livro, talvez seja o último. Ele vai retrar o que chamo de “Busniss Society” (sociedade de negócios). O título poderá ser “Fantoches de Aços”.

Nesta obra vai sair muitas verdades. É mais uma revelação de algo que me vai na alma, sobre os dias que vivemos. Onde as pessoas são insensíveis pelos negócios. Tudo eles fazem pelo dinheiro. Pobres que sofrem e só discursos políticos vazios. Só para fazer negócios. É o Busness Society a que me refiro. Essa sociedade não é a verdadeira moçambicanidade, isso nos tira a identidade e aconselho-vos a sair dela. São Fantoches porque são; e são de Aço porque não tem piedade. No Busness Society o que vale é o medíocre e não o desenvolvimento.

Como é que se define Lília Momplé?

L. M. - Essa é uma pergunta muito difícil. Acho que não sei me definir, mas vou tentar. Penso que sou uma pessoa coerente, que, por exemplo, não se pode adaptar ao Busness Society. Porque não suporto injustiça. Sou coerente.

A caminho dos 80 e com percursos brilhantes na sua vida literária, pensa ainda em fazer alguma coisa na literatura, para além do livro que vai lançar em breve?

L. M. - Essa também é muito difícil de responder. Engraçado que nunca pensei nisso. Sinceramente que não. Mas é assim… Não escrevo porque quer fazer alguma coisa na literatura, aliás eu nunca quis fazer nada na literatura. Quando não tenho nada para dizer não escrevo. Então não quero fazer nada na literatura, por isso não falta nada para fazer. Eu escrevo porque tenho que escrever.

Qual é o segredo que quer deixar para uma nova geração de escritores?

L. M. - Que amem a literatura antes de querer ser escritor, porque só assim poderão ser os verdadeiros escritores. Eu não acredito em quem quer ser escritor, pois escrever tem que ser por força de alguma coisa. Uma emoção forte. Você é um enviado especial de algum sentimento. Mas se os jovens amarem a literatura, farão algo por ela e nessa convivência, podem ser escritores e bons escritores. Que sinceramente o nosso Moçambique precisa.

Tem mais alguma coisa a dizer?

L. M. - Quero agradecer a oportunidade que o vosso movimento (Movimento Literário Kuphaluxa) me deu de estar aqui em conversa com os jovens e devo dizer que vos admiro. Realmente vocês são amantes da literatura e esta conversa que aqui tivemos é muito significativa para mim. Já passei por mais de 20 países para falar da literatura de mim e das minhas obras, mas a emoção que estar a falar com os verdadeiros mensageiros da literatura e que são jovens muito novos do meu país, que mostram o verdadeiro interesse pelas artes, isso me deixa muito feliz. Obrigado Kuphaluxa.

E mais… se querem realmente crescer nesta área, leiam. Leiam muito. Assim o podem ser de facto uma nova geração de escritores e eu tenho fé, que daqui a mais quatro anos ou menos. Um de vocês vai aparecer no sucesso e lembrar-se das minhas palavras.

Continuem assim. Convidem mais escritores para estes encontros, que não seja apenas a Lília Momplé, os jovens precisam destes momentos e eu sempre estarei ao vosso dispor, para qualquer momento destes e outros.


* * *

Breve biografia

Lília Maria Clara Carriére Momplé, nascida a 19 de Março de 1935 na Ilha de Moçambique, província de Nampula, a norte de Moçambique, é Assistente Social de profissão, com licenciatura em Serviços Sociais.
Lília Momplé, foi professora de Inglês e Língua Portuguesa na Escola Secundária de Ilha de Moçambique e directora da mesma escola entre 1970 e 1981.
Trabalhou como assistente social em Lisboa, Lourenço Marques (actual cidade de Maputo) e em São Paulo, Brasil, em 1960 a 1970.
Em outras missões, Lília Momplé foi, de 1992 a 1998, directora do Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural de Moçambique (FUNDAC) e de 2001 a 2005, membro do Conselho Executivo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.

No seu percurso literário, dirigiu a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) de 1991 a 2001, como secretária geral, de seguida ficou presidente da Mesa da Assembleia-geral da mesma agremiação.
O seu primeiro livro veio ao público em 1988, editado pela AEMO, com o título «Ninguém Matou Suhura», uma colectânea de Contos; «Neighbours» romance publicado em 1995 e «Os Olhos da Cobra Verde» obra de contos publicada em 1997, também sob a chancela da AEMO.
Ainda na arte, a escritora publicou o «Muhipiti-Alima» um vídeo de drama, editado pela PROMARTE em 1997.
As obras da Lília Momplé, já foram editadas em Inglês, Italiano, Francês e Alemão.

Neste momento, a escritora faz parte do «Internacional Who´s Who of Authores and Writeres» e desde 1997 é membro de «Honorary Fellow in Literature» da universidade IOWA dos Estados Unidos da América (EUA).


Prémios

Em termos de prémios, Lília Momplé, conquistou o primeiro prémio do concurso literário comemorativo da cidade Maputo, intitulado Prémio 10 de Novembro com o conto «Caniço» em 1987.

Melhor vídeo-drama moçambicano em 1998, com o vídeo «Muhipiti-Alima».
Foi nomeada o Caine Prize for Africaan Writing, edição de 2001. fez parte dos cinco nomeados entre 120 escritores de 28 países.

NOTA: Este foi o resumo da conversa que jovens amantes da literatura tiveram com a escritora Lília Momplé, na galeria do Centro Cultural Brasil – Moçambique em Maputo e não se trata de uma entrevista conduzida por uma pessoa.

Em Bissau, embaixador brasileiro pediu mais atenção a questões de gênero

Representante do Brasil junto à ONU preside a Comissão sobre o Estatuto da Mulher; diplomata esteve esta semana no país e expressou otimismo com agenda de reformas e progressos em várias áreas.
Antonio Patriota. Foto: ONU/Devra Berkowitz
Amatijane Candé, da Rádio ONU em Bissau.
O embaixador do Brasil junto à ONU, Antonio Patriota, afirmou que a Guiné-Bissau tem diante de si uma oportunidade histórica de superar os ciclos de crise, violência e estagnação.
O diplomata concluiu uma visita ao país na qualidade de  presidente da Comissão da ONU sobre o Estatuto da Mulher, CSW.  Patriota disse  haver obrigação de dar uma atenção diferenciada à questão do género e mostrou-se convencido que a promoção da paz tem vínculos com a igualdade ao falar da deslocação.
Nova Etapa
"O propósito era justamente de transmitir às autoridades Bissau-Guineenses a confiança da comunidade internacional conforme refletida nas Nações Unidas em Nova Iorque em uma nova etapa na vida do país caraterizada por um governo democraticamente eleito e legítimo."
Compromisso
O também presidente da Estratégia para a Configuração das Nações Unidas para a Construção da Paz na Guiné-Bissau reiterou às autoridades nacionais a confiança internacional em meio ao retorno do país para a normalidade constitucional. Patriota  disse que as novas autoridades têm um compromisso genuíno com o povo.
Iniciativas
O diplomata falou também do Fundo de Construção da Paz, um programa que coloca ao dispor recursos para apoiar iniciativas ou projetos estratégicos para o progresso do país. Um comité de pilotagem restrito foi criado para coordenar a aplicação dos referidos recursos, revelou António Patriota.
"Creio que esta assistência vai se conjugar com varias outras iniciativas financiadas pela União Europeia ou por outros doadores individuais, pelo Brasil, meu país, está também muito comprometido com o futuro da Guiné-Bissau e se comprometeu na Conferência de Doadores de Bruxelas com recursos na ordem de US$ 5 milhões."
Subordinação
O diplomata ressaltou a reforma nos sectores da defesa e segurança como chave da estabilidade do país e melhor forma de se institucionalizar a subordinação das Forças Armadas ao Poder Civil. Desta forma, defende que haverá um maior contributo para o reforço institucional e a consolidação da democracia.
Para Antonio Patriota, o governo guineense dispõe do respeito necessário para avançar com uma agenda de reformas e de progresso nos campos institucional, económico e social.
No país, Patriota manteve encontros com o presidente da Guiné-Bissau, o primeiro-ministro, a ministra da Defesa e o chefe do Escritório da ONU em Bissau.

Fonte:  radioonu

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Aliada à Educação, literatura juvenil conta história do povo negro -

africas-e-diasporas-II

Segundo a professora doutora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Maria Anória, estudiosa da área de Literatura Afro-Brasileira, o número de livros que abordam a temática racial, direcionados para crianças e jovens, aumentou bastante. Mas, de acordo com a pesquisadora, há também inúmeros “afro-oportunistas”, escritores não envolvidos com as relações étnico-raciais, mas que “aproveitam” o tema para se favorecer dentro da lógica do capitalismo, do lucro. “Muitos destes livros não rompem com os preconceitos raciais e com a visão equivocada de África. Há muitos afro-oportunistas”, frisa.


A doutora Narcimária Luz também afirma que a literatura infanto-juvenil, que menciona assuntos sobre raça cresceu no Brasil, mas pontua que há “deformações”. “Por conta da lei n. 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas de nível fundamental e médio, muito se produziu sobre o tema. Muitas “deformações” viraram clássicos, mas não possuem nenhum vínculo com a comunidade africana, afro-brasileira, pois os autores inserem personagens negros a partir de uma visão euro-americana”, esclarece a autora de Obá Nijó, livro infanto-juvenil que conta a história de um menino, filho de africanos, que nasceu em Itapuã, na Bahia do começo do século XIX.

A professora Taísa Sena diz que leva para a sala de aula livros que se referem à cultura africana. Por um desses materiais, trabalhados na escola pela docente, trazer informações sobre o candomblé, a pedagoga disse que já foi “ameaçada” por uma mãe evangélica. “Ela disse que eu estava desrespeitando a religião dela porque eu falei, na sala de aula, sobre a religião de matriz africana”, menciona. Taísa ressaltou que percebeu a identificação dos alunos com o livro. “É importante esse tipo de discussão. Precisamos trabalhar as diferenças. Então, temos de trabalhar estas questões”, conclui.

A educadora Mileide Santos comenta, para o Portal Correio Nagô, que não é fácil levar a temática racial para a sala porque sempre há “choques”. “Os alunos do local que eu ensino são, em grande maioria, católicos ou evangélicos. É fácil se perceber o racismo. Por eu usar uma indumentária étnica, muitos, no início, não quiserem me aceitar como professora. O tema [preconceito] ronda a escola porque há muitas cenas de racismo. Eu trabalho muito com eles sobre isso, mas é um processo lento e contínuo”, acrescenta.
africas-e-diasporas
Maria Anória diz que é preciso formar mais professores “aliados com a luta para desativar esta ‘bomba’ que é o racismo, que corrói a nossa sociedade ao longo do tempo”, diz. Em 2014, Maria Anória lançou, pela editora EDUNEB, o livro “Áfricas e Diásporas na Literatura Infanto-Juvenil no Brasil e em Moçambique”, resultado da sua tese de doutoramento.

Racismo sala de aula – Em 2013, no estado de Amazonas, um grupo de estudantes se recusou a fazer trabalho sobre a cultura afro-brasileira. Neste ano, 2015, esta notícia tem sido muito veiculada nas redes sociais. Sobre essa questão, a doutora Narcimária Luz diz que com a lei 10.639 está encontrando terreno fértil para abordar a temática racial. “Há algumas décadas era impossível falar sobre o assunto. A lei está aí para desarmar. O negócio é não abrir mão dela. Antigamente, o racismo, na sala de aula, era feito na hipocrisia. Agora, é realizado a partir da violência”, argumenta.
22/4/2015Geledés Instituto da Mulher


Fonte: Leia a matéria completa em: Aliada à Educação, literatura juvenil conta história do povo negro - Geledés 
Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook

Obras Completas de Eduardo Galeano (descargar) | Laberintos del Tiempo


Hoy en Laberintos del Tiempo, les traigo las obras completas de Eduardo Galeano. Eduardo Germán María Hughes Galeano (Montevideo, 3 de septiembre de 1940), conocido como Eduardo Galeano, es un periodista y escritor uruguayo, ganador del premio Stig Dagerman. Está considerado como uno de los más destacados escritores de la literatura latinoamericana. En septiembre de 2010 ganó el destacado premio Stig Dagerman, uno de los más prestigiosos galardones literarios en Suecia, entregado anualmente por la Sociedad Stig Dagerman a aquel escritor que en su obra reconoce la importancia de la libertad de la palabra mediante la promoción de la comprensión intercultural.Galeano fue distinguido con el galardón por estar "siempre y de forma inquebrantable del lado de los condenados", por escuchar y transmitir su testimonio mediante la poesía, el periodismo, la prosa y el activismo, según el jurado.” Aqui les dejo sus obras. Espero les agrade. Saludos desde Venezuela.

Obras Completas de Eduardo Galeano (descargar) | Laberintos del Tiempo

Fonte:http://laberintosdeltiempo.blogspot.com.ar/2014/02/obras-completas-de-eduardo-galeano.html

Ciência negra uma proposta para a descolonização do conhecimento


Negro é inteligente? Se sim cite um nome de uma cientista ou cientista negro?
 Porque será que não vem nenhum nome na mente? Por que não aprendemos na 
escola e na universidade a existência de cientistas como MeritPtah, Imothep, George Washington Carver, Jane CookeWight, André Rebouças e Teodoro Sampaio 
dentre outros?

Por: Carlos Eduardo Dias Machado*

Todo o conhecimento que recebemos nas escolas e universidades nos é ensinado que tem base greco-romana, como se antes de Grécia e Roma não tivessem existido outras civilizações. O método científico é considerado como a base da ciência moderna, utilizando os princípios da observação e da experimentação. Existe um engano ao afirmar e ensinar que a moderna ciência têm suas raízes na Grécia e Roma, como também é incorreto afirmar que o método científico iniciou-se na Europa com Roger Bacon (1219-1292), o filósofo inglês do século 13, Nicolau Copérnico (1473-1543) o astrônomo teuto-polonês do século 16, com o físico e matemático italiano Galileo Galilei (1564-1642) ou com o filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), Descartes (1596-1650) ou Isaac Newton (1643-1727).

Os africanos e descendentes produziram grandes avanços para a ciência. O método científico é a via de acesso ao método humano de desenvolver tecnologia? O cérebro humano foi e sempre será capaz de atingir o processo científico. Nós não teríamos construído a civilização no Egito, Etiópia, Congo e no Benin, assim como as artes e as ciências, sem o processo científico. É necessário ensinar nas escolas e universidades a matriz civilizatória dos povos africanos e afrodescendentes para a ciência, tecnologia e inovação ao invés de privilegiar uma “história única” que coloca a ciência em geral como um atributo essencialmente branco europeu, desconsiderando o fato de que, assim como a humanidade, as primeiras civilizações, os primeiros passos da ciência, foram dados no continente africano, ou seja, no Egito e não na Grécia, conforme atestou o próprio “pai da História”, o grego Heródoto que ao visitar o Egito Antigo nos legou duas informações que contrariam os eurocêntricos: os egípcios tiveram a primazia da ciência e eles eram negros. Nesse sentido cito o grande historiador burkinabe, Joseph Ki-Zerbo, “não vejo por que razão os primeiros humanos que inventaram a posição ereta, a palavra, a arte, a religião, o fogo, os primeiros utensílios, os primeiros habitat, as primeiras culturas, deviam ficar fora da história!”


Avalio que a reversão desse quadro de exclusão perpassa pela luta do aumento de qualidade da educação básica e a adoção de políticas afirmativas que, por exemplo, concebam projetos de popularização da ciência que levem em consideração as especificidades do público afrodescendente, maioria da população. O que está posto não é a dúvida quanto ao papel estratégico ou o valor das contribuições da ciência e tecnologia ocidental, mas sim, os danos sociais do emprego do privilégio branco e do sexismo, enquanto instrumentos de interdição à ampliação do número de pessoas a atuarem nessas áreas. Para países como o Brasil, hoje a 7ª economia mundial, que pleiteia se constituir em uma nação competitiva em termos de produção científica e tecnológica, não cabe o desperdício de talentos das mulheres e homens negros em função da manutenção de uma quase que exclusividade de brancos e amarelos na gestão, produção e divulgação da ciência e tecnologia brasileira.


* Professor Mestre em História pela Universidade de São Paulo; Alumni do Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford, professor de cursos de formação de docentes, organizador do curso EaD Introdução à História da Ciência e da Tecnologia Africana do Grupo Phorte, articulista e escritor do livro Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente (Ed. Bookess).

Fonte:http://www.phortetv.com.br/artigos_texto/834-ciencia-negra-uma-proposta-para-a-descolonizacao-do-conhecimento

domingo, 19 de abril de 2015

Estilistas africanos mostram suas criações no último dia da SPFW

  • Francisco Cepeda/AGNews-SP
    Desfile de estilistas africanos durante SPFW trouxe cores e formas para as passarelas
    Desfile de estilistas africanos durante SPFW trouxe cores e formas para as passarelas
A temporada do Verão 2016 da principal semana de moda brasileira contou com um desfile de peças vindas do além-mar. Escolhidas por uma equipe de curadores da SPFW, as roupas de cinco estilistas africanos desembarcaram exclusivamente para o evento e farão parte da mostra em comemoração ao Dia Internacional da África, celebrado em 25 de maio. O Museu Afro Brasil, sediado dentro do Parque do Ibirapuera, foi o palco das apresentações de Palesa Mokubung (Africa do Sul), Amaka "Maki" Osakwe (Nigéria), Jamil Walji (Quênia), Xuly Bët (Mali) e Imane Ayissi (Camarões).  
"Eu acredito que o  Brasil e a Nigéria têm muito em comum, por isso, eu trouxe uma coleção realmente inspirada na cultura africana, com tecidos fabricados lá na Nigéria, mas que pode muito bem ser usada por qualquer mulher, em qualquer lugar", disse ao UOL Moda Amaka Osakwe, estilista da Maki Oh, que possui lojas revendedoras de sua marca em Nova Iorque e Los Angeles, nos Estados Unidos. 
Fonte: http://mulher.uol.com.br/

África-Brasil: número de escravizados é quase o dobro do estimado

map

Pesquisadores de universidades do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra, concluíram que o número de escravizados levados para o Brasil é maior do que se estimava. Segundo os dados, que podem ser encontrados no site www.slavevoyages.org, foram cerca de 1.700.000 (um milhão e setecentos mil) africanos trazidos, na condição de escravos, para a Bahia e não 1.200.000, como afirmavam estudiosos, como o escritor e fotógrafo Pierre Verger.
“Definitivamente, agora, temos um conhecimento mais aprofundado do comércio baiano de escravos. Mas, graças ao trabalho de Pierre Verger, Luiz Viana Filho e de uma geração de historiadores, já tínhamos noção do papel da Bahia no tráfico transatlântico de africanos”, afirma o historiador Carlos Silva Junior. O pesquisador baiano está na Inglaterra, onde desenvolve uma pesquisa de doutoramento na Wilberforce Institute to the Study of Slavery and Emancipation (WISE) da University of Hull, Reino Unido e comentou a pesquisa para o portal Correio Nagô.
Até o século XIX, por ano, a Bahia importou uma média de cinco a oito mil escravizados, sendo que muitos deles eram da Angola. “Então, a Bahia tem muito de Angola”, conclui Carlos Silva, destacando ainda que a população de Angola, embora importante, desde o século XVIII era inferior numericamente aos jejes, minas e no século XIX aos nagôs. Um dado relevante para a pesquisa.
Carlos Francisco
Da Inglaterra, Carlos Silva Júnior comentou a pesquisa para o Correio Nagô

De acordo com os indicadores, quase 200 mil escravizados morreram durante a travessia do continente africano para as terras baianas, no período do tráfico. Segundo o banco de dados atualizado, mais de 1.736.308 pessoas foram embarcadas na costa da África com o destino para a Bahia. Deste total, cerca de 1.550.335 chegaram vivos ao local.
Sobre a pesquisa, o doutorando Carlos Silva Junior diz que esse novo levantamento traz uma abordagem sobre a realidade brasileira atual. “Ele [estudo] apresenta de maneira indiscutível o drama que foi o tráfico de escravos, mostra o que há de ‘África entre nós’, ajuda a entender a formação cultural da população brasileira, o legado da escravidão e da situação da população negra hoje. Que esses dados não sejam apenas números em tabelas, mas ajudem a refletir sobre o legado da escravidão na sociedade brasileira, até os dias atuais”, frisa.

slave
Crianças escravizadas – No site Slave Voyages (em inglês, viagens negreiras, em tradução livre) estão catalogadas 35 mil viagens e registros de três séculos e meio, mostrando que houve um fluxo de 10,7 milhões de escravizados em todo o mundo. Para as conclusões, pesquisadores utilizam documentos de inúmeros países, como os Estados Unidos, Inglaterra, Brasil e de nações pertencentes ao continente africano. Manolo Florentino, um dos coordenadores da pesquisa, diz que “agora, se tem um número mais preciso”.
No total, barcos com bandeira de Portugal/ Brasil chegaram a transportar 5,8 milhões de escravizados. Em segundo lugar no número de pessoas comercializadas para a América, está o Reino Unido, com 3,3 milhões, especialmente com destino à Jamaica.
Os números mostram que houve um forte aumento na quantidade de jovens negociados nos últimos anos do tráfico de escravos, justamente quando as leis abolicionistas se recrudesceram. Nos 200 anos anteriores a 1841, por exemplo, a proporção de crianças nos navios negreiros foi de 7,6%. Só nos últimos 15 anos deste período, o índice saltou para 59,5%.
“No período ilegal do tráfico (a partir de 1831), era mais fácil para o traficante deslocar uma grande quantidade de escravos de uma região para outra se fossem crianças, já que havia entre elas menor resistência à escravidão”, explica o historiador Daniel Domingues, integrante do grupo e professor da Universidade de Missouri, nos EUA.
Carlos Silva Júnior completa: “Antes, os donos de escravos se interessavam principalmente por africanos adultos, que podiam ser colocados imediatamente para trabalhar nas fazendas de café, nos engenhos e no trabalho de ruas de cidades como Salvador e Rio de Janeiro. Mas a cobiça dos senhores de escravos, cônscios de que o fim do tráfico se aproximava, fez com que os traficantes adquirissem muitas crianças, que eram postas no trabalho”.
O estudo dos números do tráfico como um todo data de fins do século XIX e, a partir da sistematização dos dados feita por Philip Curtin, na década de 1960, como nos explica o historiador Carlos Silva Júnior. “Nas décadas de 1980 e 1990, grupos de historiadores continuaram a discutir os números do tráfico, ainda baseados nos dados do Curtin. Em 1999 uma primeira versão desse banco de dados, em CD rom, foi lançada, e em 2006 a versão online”, pontua.
O banco de dados possibilita novos registros de pesquisadores parceiros. A plataforma está dividida em duas: uma parte expõe os números dos documentos já obtidos; a outra faz projeções por meio de cálculos demográficos.
A Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil) já pediu ao Consulado dos EUA auxílio para trazer ao Brasil nos próximos meses os pesquisadores responsáveis pelo site.

Da Redação do Correio Nagô

Naufrágio no Mediterrâneo deixa cerca de 700 migrantes desaparecidos



Cerca de 700 imigrantes podem ter morrido no naufrágio de um barco ao largo da costa da Líbia neste domingo, um acidente que, caso confirmado, seria "a pior tragédia" ocorrida no Mediterrâneo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Os últimos números oficiais do naufrágio apontam 24 mortos e 28 sobreviventes, segundo a Guarda Costeira italiana, que coordena as operações de resgate.
O navio afundou a cerca de 110 km da costa líbia levando mais de 700 pessoas a bordo, segundo explicaram 28 sobreviventes resgatados por um navio mercante, disse Carlotta Sami, porta-voz do Acnur na Itália, à rede de televisão italiana Rainews24.
Se estes números forem confirmados, será "a pior tragédia jamais vista no Mediterrâneo", afirmou a porta-voz.
Equipes de resgate italianas não confirmaram que havia 700 pessoas a bordo, mas indicaram que a embarcação, de 20 metros de comprimento, tinha "capacidade para transportar várias centenas de pessoas".
Diante desta nova tragédia, a União Europeia anunciou que iria realizar uma reunião de emergência com seus ministros do Interior e das Relações Exteriores, mas não especificou qualquer data específica.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que a resposta para esta situação "tem que vir da Europa" e que "já não vale a pena as palavras, temos de agir". "Os europeus serão descreditados se não forem capazes de evitar tais situações dramáticas", disse Rajoy, durante um comício eleitoral em Alicante.
O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, pediu neste domingo uma cúpula europeia urgente após o naufrágio.
"Estamos trabalhando para nos assegurarmos de que essa reunião aconteça no final da próxima semana. Deve ser uma prioridade", afirmou Renzi durante coletiva de imprensa, qualificando a crise migratória de "flagelo" que a Europa de enfrentar.
A chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, decidiu incluir o tema na agenda da reunião informal de ministros das Relações Exteriores da cúpula da UE desta segunda-feira em Luxemburgo.
O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, disse que "este desastre confirma a urgência de restaurar uma operação de salvamento no mar e estabelecer vias legais críveis para chegar à Europa". "Caso contrário, as pessoas que procuram segurança continuarão a morrer no mar", acrescentou.
Esta nova tragédia no Mediterrâneo se soma a dois outros naufrágios na semana passada, um dos quais deixou 400 mortos e outro mais de 40, segundo relatos de sobreviventes à OIM (Organização Internacional para as Migrações) e organizações não-governamentais.
O navio lançou um aviso no domingo de manhã capturado pela guarda costeira italiana, que alertou um navio cargueiro português que estava na área.
Quando o cargueiro chegou, cerca de 220 km ao sul da ilha italiana de Lampedusa, a tripulação avistou o barco naufragando.
Mas as pessoas do navio em perigo correram todas para o mesmo lado, o que pode ter causado o desastre - disse a porta-voz do Acnur.
As autoridades italianas coordenaram uma grande dispositivo de resgate de 17 navios das marinhas da Itália e de Malta principalmente, relatou a guarda costeira italiana e um porta-voz da marinha de Malta entrevistado pela AFP, explicando que o alarme foi dado em torno da meia-noite local (19h de Brasília).
Diariamente, a guarda costeira italiana ou navios mercantes resgatam uma média de entre 500 e 1.000 pessoas. Mais de 11.000 foram resgatados em uma única semana, de acordo com a Guarda Costeira.
Várias organizações humanitárias internacionais têm denunciado nos últimos dias a inação das autoridades europeias.
"Uma operação Mare Nostrum europeia é necessária", criticou a porta-voz do Acnur. A operação de resgate de migrantes italiana Mare Nostrum foi substituída este ano pela operação Triton, uma operação de vigilância das fronteiras muito mais modesta.
Mais de 900 migrantes morreram até agora este ano em sua jornada entre a Líbia e Itália, sem contar com esta nova tragédia, em comparação com menos de 50 que morreram no ano passado no mesmo período, quando a Mare Nostrum ainda estava em funcionamento, afirmaram esta semana organizações humanitárias.
Fonte: Midiamax

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Alek Wek - modelo e atriz sudanesa



Alek Wek (Wau, Sudão do Sul, 16 de abril de 1977) é uma modelo sul-sudanesa. A modelo é membro do U.S. Committee for Refugees' Advisory Council, ajudando a chamar atenção para a situação crítica no Sudão, bem como para a situação difícil dos refugiados em todo o mundo.

Alek Wek não sabe exatamente o dia ou ano em que nasceu (seu povo não guarda datas de aniversário), só se lembra que foi durante a estação de chuvas, na província de Wau. Originária do grupo étnico sudanês dinka, sua família se refugiou na Inglaterra em 1991 para escapar da guerra civil entre o norte muçulmano e o sul cristão em seu país, tinha então 14 anos.

Carreira
Apareceu aos 18 anos nas passarelas do mundo e causou frisson. A modelo foi descoberta em um mercado aberto de Crystal Palace, em Londres, em 1995, por um scouter da agência Models One. Começou a ser notada a partir do vídeo GoldenEye de Tina Turner, em 1995, e a partir daí começou a fazer sucesso no mundo da moda, como uma modelo requisitada por sua estatura (1,80m), seu visual étnico e exótico e seu corpo cabide. Participou no vídeo Got Til It's Gone, de Janet Jackson, nesse mesmo ano. Assinou contrato com a Ford Models em 1996, iniciando então uma série de campanhas de sucesso. Foi escolhida a "Modelo do ano" em 1997, pela MTV e entre 1999 e 2000 e figurou nos calendários para a Pirelli.

Entre as várias campanhas, destacam-se as marcas Issey Miyake, Moschino, Victoria's Secret e para as companhias de cosméticos Clinique e Revlon, assim como desfiles para estilistas como John Galliano, Donna Karan, Calvin Klein e Ermanno Scervino. Além de modelo, Wek também criou um marca de bolsas de nome "Wek 1933", à venda em lojas de departamento. O ano em questão (1933, de sua marca de bolsas) se refere ao que seu pai nasceu.

Em 2002, Wek fez a sua estreia como atriz no filme The Four Feathers as Sudanese princess Aquol.
Fonte: Wikipedia

FFLCH aprova cotas raciais e para deficientes em programa da pós

logo-fflch

Prosposta prevê 25% de reserva de vagas, e 2 vagas fixas para indígenas.
Projeto ainda precisa passar pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação, diz USP.

Ana Carolina Moreno Do G1
A Congregação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) aprovou, em março, a instituição de uma política de cotas para pretos, pardos e deficientes, e criação de vagas para indígenas, no programa de pós-graduação em antropologia social. A proposta ainda precisa da aprovação de um órgão da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, mas, caso seja aprovada na última instância, o programa será o primeiro, dentro da USP, a ter uma política de cotas.
Segundo a assessoria de imprensa da instituição, “não há nenhum programa de pós-graduação na USP que tenha cotas aprovadas em seus regulamentos”.
Atualmente, a política de ação afirmativa aplicada pela USP acontece na forma de um sistema de bonificação para estudantes de escola pública, e, desde 2013, de um bônus extra a estudantes que se declaram pretos, pardos e indígenas.
De acordo com a USP, a avaliação e votação da proposta no âmbito da Pró-Reitoria pode acontecer até o fim do primeiro semestre. “Geralmente, uma proposta de alteração leva entre dois e três meses para ser aprovada, dependendo do calendário das reuniões”, diz a instituição.
Proposta na antropologia social
A proposta foi elaborada em julho de 2014, a partir de discussões que já existiam entre professores e estudantes deste programa de pós. A defesa do projeto se baseia nos resultados de outras políticas de cotas aplicadas em instituições brasileiras, e na decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou que a reserva de vagas não é inconstitucional.
“O processo seletivo que contemple uma política de ação afirmativa deve considerar, em primeiro lugar, as diferenças de trajetória social e de formação entre os grupos alvos a serem beneficiados por ela”, afirma o documento do programa.
Por isso, a proposta sugere a realização de dois processos seletivos: um regular, mas com reserva de vagas para pretos, pardos e pessoas com deficiência, “e outro direcionado exclusivamente para candidatos autodeclarados indígenas”.
Mudança na seleção
Para o processo regular, a sugestão aprovada na Congregação da FFLCH inclui a reserva de 20% das vagas do mestrado e do doutorado para pretos e pardos, e 5% das vagas para quem declara ter deficiência. Esse primeiro processo teria uma prova teórica como primeira fase, e análise do currículo e do projeto de pesquisa na segunda.
A segundo parte da proposta é a criação de uma cota fixa de duas vagas contemplando o mestrado e o doutorado, de acordo com a demanda. No caso do processo seletivo para indígenas, não haveria prova teórica, mas os candidatos teriam que entregar um projeto de pesquisa, uma análise crítica da bibliografia indicada e um memorial que tenha informações sobre sua trajetódia de vida e formação acadêmica.

Leia a matéria completa em: FFLCH aprova cotas raciais e para deficientes em programa da pós - Geledés 
Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook

Mulheres Pretas

    Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme “Xica...