segunda-feira, 28 de setembro de 2015

José Luís Peixoto à descoberta de novos escritores em Moçambique -

O autor português José Luís Peixoto descobriu, nos cursos e oficinas de escrita que tem desenvolvido em Moçambique, potencial para novos talentos no país, embora limitados nas condições de que dispõem para publicar as suas obras. 

"Ao nível do potencial da escrita, encontrei muito mais do que imaginava", descreveu José Luís Peixoto, em declarações à Lusa, a propósito da sua participação na 27.ª edição do Curso de Literaturas em Língua Portuguesa, promovido pelo Centro Cultural Português em Maputo, este ano dedicada ao tema "Novas Tendências".
O escritor lembrou que, para ele, estando em Portugal, estes potenciais autores moçambicanos têm sido invisíveis, mas, agora que já houve interação, tornou-se "muito visível essa vontade de se encontrar caminhos que confirmem esse potencial, porque a motivação para a leitura e para a escrita já está lá".
O Curso de Literaturas em Língua Portuguesa é o evento cultural mais antigo promovido pelo Centro Cultural Português, em parceria com a Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, e, este ano, além de Maputo, deslocou-se para Quelimane e para Beira, cujas ações decorreram na semana passada, esperando-se que chegue a Nampula, norte do país, a partir de segunda-feira.
A par do curso, José Luís Peixoto realizou também oficinas de escrita para estudantes e jovens já iniciados nas letras e "muitas vezes bastante perto de poderem efetivamente se afirmar como escritores e publicar e obter algum reconhecimento".
Por outro lado, assinalou, estão "muitas vezes limitados pelo próprio meio a que pertencem", como nas realidades mais periféricas de Quelimane ou Beira, onde devem esperar "mais dificuldades em dar esse passo, da publicação e divulgação do seu trabalho".
O escritor lembrou que o potencial que encontrou em Moçambique é um património que pode servir o próprio país, enquanto afirmação cultural.
"Olhamos para grandes embaixadores da literatura moçambicana, como o caso incontornável de Mia Couto, e percebemos o quanto se trata de alguém que leva a cultura deste país e a imagem e identidade deste povo além-fronteiras", observou.
É esse trabalho, prosseguiu, que "dá uma certa forma e consistência muito importantes para que o país se pense e se oriente", considerando a propósito que se trata de "um povo curioso e que transmite uma certa tranquilidade pelo menos no contacto direto", uma caraterística positiva "num momento em que a guerra é uma nuvem que paira em Moçambique".
Sobre o tema do curso, dedicado às "Novas Tendências", José Luís Peixoto, 41 anos, interpreta-o como "uma oportunidade de descoberta e conhecer essas vozes difíceis de escutar em Portugal", mas também o inverso, "de falar de literatura portuguesa, que é também falar do Portugal contemporâneo, porque existe a história que partilhamos e também o momento presente".
Apesar da profusão de línguas locais em Moçambique e de grande parte da população não falar o português como língua materna, o escritor lembrou que "a literatura ganha sempre com a riqueza e diversidade" mas também não vislumbra alternativas para os autores moçambicanos.
"Parece-me que o caminho da literatura moçambicana é na língua portuguesa", afirmou, sustentando que, entre todas as que são faladas em Moçambique, trata-se da mais desenvolvida ao nível escrito, embora haja margem para tirar vantagens da diversidade e partilha.
"A própria língua portuguesa não tem de ter medo de outras realidades linguísticas", advertiu o escritor, "porque uma língua, seja ela qual for, tem a ambição de exprimir o mundo e o mundo é muito diverso", devendo assumir como mais-valia novas contribuições, inclusive de vocabulário.
Para dar a conhecer o seu trabalho, José Luís Peixoto viajou para Moçambique com mais de 500 exemplares de uma pequena edição, reunindo textos de vários dos seus livros, e que foi deixando por os lugares por onde passou no país.
"Em muitos casos era o primeiro livro que aquelas pessoas iam ter em casa e isso é muito impactante", descreveu, na justa medida em que ", para um leitor, ter os seus livros também é importante"
- Fonte: http://www.rtp.pt/noticias/cultura/jose-luis-peixoto-a-descoberta-de-novos-escritores-em-mocambique_n861513#sthash.1J9Nxd0R.dpuf

Unesco saúda entrega ao TPI de suspeito de destruir património de Timbuktu

Ahmad Al Mahdi Al Faqi é o primeiro a ficar preso em Haia acusado do crime de guerra que envolve danos a monumentos religiosos ou históricos na área do Mali; para procuradora-chefe do tribunal, ação terá impacto no Sahel e no Saara.

Monumento em Timbuktu destruído por extremistas. Foto: Minusma/Sophie Ravier
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, saudou este sábado a transferência de um suposto extremista ao Tribunal Penal Internacional,TPI, onde deve ser julgado pela destruição do Património de Timbuktu.
Ahmad Al Mahdi Al Faqi, conhecido como Abu Tourab, é o primeiro suspeito a ficar sob custódia do tribunal por cometer crimes de guerra de destruição de monumentos religiosos ou históricos na área maliana.
Transferência
A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, elogiou a procuradora-chefe do TPI, Fatou Bensouda, e as autoridades do Mali e do Níger pela transferência do acusado de causar dano “intencional a monumentos e edifícios históricos”.
O TPI disse que Faqi, nascido a cerca de 100 km a oeste de Timbuktu, era um membro do grupo Ansar Dine. As milícias associadas à al-Qaeda realizam ataques no norte do Mali desde 2012.
Níger
A procuradora Fatou Bensouda disse que vai continuar a fazer a sua parte para realçar a gravidade do crime que levou à transferência do suspeito para Haia, a partir do Níger.
A procuradora disse que a detenção representa um importante avanço na luta contra a impunidade, não somente no país envolvido mas também no Sahel e na região do Saara. Bensouda declarou que a população dessas áreas esteve sujeita a crimes indescritíveis durante os últimos anos.
Crimes
A responsável declarou ainda que as pessoas no Mali merecem justiça pelos ataques contra as suas cidades, edifícios e comunidades. Ela acrescentou que os crimes envolvem a destruição de “monumentos históricos insubstituíveis”.
O Estatuto de Roma, que criou o TPI, considera crimes de guerra os “ataques diretos contra edifícios dedicados à religião, educação, arte, ciência ou fins de caridade”, incluindo monumentos históricos.
Extremismo
A nota realça que a Unesco liderou um movimento global que deplorou a destruição dos mausoléus e de monumentos na cidade de Timbuktu, quando esta “caiu nas mãos do extremismo violento” em 2012.
Bokova  afirmou que a Unesco cumpriu a sua promessa de reconstruir os mausoléus da área. A agência anunciou ainda que está a trabalhar com o governo e com a comunidade local para o efeito.
Fonte: radioonu

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Biografia reúne conselhos de Rubem Alves sobre fama, sucesso e a vida de escritor

Gonçalo Junior narra a história de vida, os dramas pessoais, as amizades e as relações familiares de Rubem Alves

divulgaçãao


Rubem Alves teve uma vida marcada pela pregação de ideias. Vivendo num mundo singular, o autor queria levar as pessoas à transformação; delas mesmas e das coisas ao seu redor. Se fosse com as palavras, melhor ainda. Esse e outros aspectos da vida do escritor podem ser encontrados em "É uma Pena Não Viver", biografia assinada pelo jornalista Gonçalo Junior.

Outro aspecto ressaltado pelo biógrafo são os pensamentos de Rubem Alves sobre fama, sucesso e a vida de escritor. No livro, Junior apresenta histórias pouco conhecidas sobre Rubem Alves, como a perseguição que sofreu pela Igreja Presbiteriana do Brasil, que o denunciou nos primeiros dias que seguiram ao golpe militar de 1964 como um perigoso subversivo e comunista. Isso fez com que o escritor buscasse o exílio, o que, por sua vez, o levou a teorizar em uma obra pioneira que trazia os fundamentos da Teologia da Libertação.

Na segunda metade da década de 2000, os novos livros do escritor repetiam o sucesso dos anteriores. Embora estivesse feliz com a recepção do público, ele mantinha os pés no chão, sem vaidades. Em uma crônica da época, observou: "Escrevo na solidão do meu escritório. Sozinho, não sinto vergonha porque não há olhos que me vejam. Confessada como literatura, a vergonha se torna suportável".

Junior explica que, para Rubem Alves, a literatura era a "feiticeira curante" que poderia transformar a vergonha em arte ou em documento psicológico. Por outro lado, dizia não gostar da palavra sucesso, um tema que os jornalistas abordavam com frequência nas entrevistas.

"Vender um milhão de livros? Muitos livros medíocres são vendidos aos milhões enquanto outros livros geniais não vendem uma única edição. Muitos sucessos acontecem por acidente, trapaça ou malandragem", afirmou.
Para Alves, uma pessoa que busca o sucesso deve fazer exatamente o contrário. "Não queira afinar-se para o sucesso. Não faça do sucesso o seu Deus. Seja fiel a você mesmo. Se vier o tal do 'sucesso', melhor para você. Ou pior para você, nunca se sabe".

Alves ainda afirmava ser um fingidor por representar um personagem. "O que escrevo é melhor que eu. Finjo ser outro. O texto é mais bonito que o escritor. Fernando Pessoa se espantava com isso. Tinha clara consciência de que era pequeno quando comparado com a sua obra".

Em "É uma Pena Não Viver", Gonçalo Junior também narra a história de vida, os dramas pessoais, as amizades, as relações familiares e a descoberta de duas doenças devastadoras que minaram a saúde e a paixão de Rubem Alves pelas coisas simples da vida. Fã de quebra-cabeças, brincar de balanço e dar ouvido às crianças, o escritor morreu em julho de 2014, mas deixou um legado com 146 obras escritas e a sensibilidade em todos os seus textos.
Fonte: folhauol

Peça 'A Mulher do Trem' abre mão de 'blackface' após críticas de racismo

Cinco meses após receber críticas de ativistas antirracistas e de, por essa razão, ter sido subtraída de uma programação do Itaú Cultural, a peça "A Mulher do Trem" está de volta, com nova maquiagem. 

Na segunda (28), será exibida em programação da biblioteca Mário de Andrade e não terá mais o elemento cênico que motivou a revolta do movimento negro, por ele cunhado de "blackface".

Para caracterizar um criado negro, a peça, um vaudeville resgatado da tradição circense brasileira pela companhia Os Fofos Encenam, usava tinta: os rostos de dois atores eram pintados de preto. Ativistas antirracistas dos EUA, da África, da Europa e do Brasil defendem que a fórmula reforça o preconceito sofrido por negros.

Após o cancelamento da sessão da peça em maio, o Itaú Cultural realizou um debate sobre o conflito, reunindo artistas e ativistas. Os Fofos decidiram então abdicar da composição original –a nova versão será exibida sem a pintura usada pela peça há cerca de dez anos (o figurino da montagem ganhou o Prêmio Shell em 2003).
LEGENDA DO JORNALAtor usa balackface na peça 'A Mulher do Trem'
Foto divulgação
Carlos Ataíde e Marcelo Andrade com maquiagem preta da versão original do espetáculo
Segundo Kátia Daher, atriz da companhia, a decisão foi tomada porque o grupo não pretendia abordar "questões de relevância social".

"A dramaturgia é escrita para o entretenimento; se remete a um símbolo de luta, ou a um símbolo contra o qual lutam, ela se torna representativa de algo que não serve ao jogo que caracteriza esse trabalho", analisa. Tal jogo, ela explica, deriva de situações cômicas leves e sem peso, com abordagens superficiais.

A nova versão não se restringe a subtrair a maquiagem negra. Daher explica que todos os personagens passaram por uma revisão conceitual. "Teremos um personagem de cada cor, agora, caracterizando a tipologia tradicional do circo-teatro: o tipo cômico será dourado; o ingênuo será rosa", conta.
Na atual montagem, os dois criados que eram pintados de negro ganharão as cores azul e verde.

Daher afirma que o grupo não se sente censurado com a mudança. Diz que seus integrantes compreenderam que ativistas têm motivo para reivindicá-la.

O dramaturgo e diretor Aimar Labaki, que esteve na mesa que discutiu o conflito no Itaú Cultural em maio, considera o episódio "um equívoco do ponto de vista de um debate público adulto e democrático". Para ele, o grupo deveria ter mantido a apresentação no Itaú Cultural naquele mês e debatido a questão, para depois pensar em mudar de ideia.

"Cancelar a sessão e depois apresentar a peça alterada, sem permitir que os que os a acusavam de racismo assistissem à montagem como ela era, significa aceitar censura prévia", desfere. 
A MULHER DO TREM
QUANDO seg. (28), às 20h
ONDE Biblioteca Mário de Andrade, r. da Consolação, 94, tel. (11) 3775-0002
QUANTO grátis
GUSTAVO FIORATTI
Fonte: Folhauol 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Conto africano - A menina que não falava

Certo dia, um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela. Como se queria casar com ela, no outro dia, foi ter com os pais da rapariga para tratar do assunto.
__ Essa nossa filha não fala. Caso consigas fazê-la falar, podes casar com ela, responderam os pais da rapariga.
O rapaz aproximou-se da menina e começou a fazer-lhe várias perguntas, a contar coisas engraçadas, bem como a insultá-la, mas a miúda não chegou a rir e não pronunciou uma só palavra. O rapaz desistiu e foi-se embora.
Após este rapaz, seguiram-se outros pretendentes, alguns com muita fortuna mas, ninguém conseguiu fazê-la falar.
O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante. Apareceu junto dos pais da rapariga dizendo que queria casar com ela, ao que os pais responderam:
__ Se já várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro não conseguiram fazê-la falar, tu é que vais conseguir? Nem penses nisso!
O rapaz insistiu e pediu que o deixassem tentar a sorte. Por fim, os pais acederam.
O rapaz pediu à rapariga para irem à sua machamba, para esta o ajudar a sachar. A machamba estava carregada de muito milho e amendoim e o rapaz começou a sachá-los.
Depois de muito trabalho, a menina ao ver que o rapaz estava a acabar com os seus produtos, perguntou-lhe:
__ O que estás a fazer?
O rapaz começou a rir e, por fim, disse para regressarem a casa para junto dos pais dela e acabarem de uma vez com a questão.
Quando aí chegaram, o rapaz contou o que se tinha passado na machamba. A questão foi discutida pelos anciãos da aldeia e organizou-se um grande casamento.

http://www.terravista.pt/Bilene/4619/Conto10.html

Conto indígena

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.

Ele disse: - Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.Um é Mau - É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom - É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade,humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: - Qual lobo vence?

O velho índio respondeu:

" - Aquele que você alimenta".

Discurso de Viola Davis no Emmy 2015 - LEGENDADO

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Videoclip: Africanos e o Desenvolvimento Sustentável | Rádio das Nações Unidas

Videoclip: Africanos e o Desenvolvimento Sustentável | Rádio das Nações Unidas

Africanos apresentam música sobre a nova agenda de desenvolvimento global

Um dos produtores do projeto disse à Rádio ONU que continente deve assumir desafios e estar na linha da frente da mudança; canção Tell Everybody inclui participações de países como África do Sul, Nigéria, Quénia, Togo e Gana.

Participantes no projeto “Tell Everybody”. Foto:Global Goals.
Eleutério Guevane, Rádio ONU em Nova Iorque.
Vozes africanas uniram-se para lançar a música Tell Everybody, ou Diga a Todos na tradução em português.
O projeto apoia os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que devem ser adotados nos próximos dias nas Nações Unidas por líderes mundiais.
Makizolo
A gravar a canção estiveram o grupo Mafikizolo da África do Sul, Yemi Alade da Nigéria, Diamond da Tanzânia, Souti Sol do Quénia, Toofan do Togo e a dupla Becca e Sarkodie do Gana.
Em conversa com a Rádio ONU, de Nova Iorque, um dos produtores do projeto, King David, disse que unir músicos de nações do continente tem uma relação direta com a integração que marca a região.
Linha da Frente
Ele contou que a decisão foi de fazer uma música de africanos para africanos, num momento em que há muitas questões que unem o continente, ocorrem mudanças e observa-se uma África diferente da que é habitual.
Como defendeu, por muito tempo África recebeu auxílio ocidental e o momento é de estar “na linha da frente da própria mudança” como continente e de assumir o tipo de situação.
Redes Sociais
A queniana Lisa Oduor-Noah falou da sua participação nos coros de Tell Everybody  e contou como vê África nos próximos 15 anos.
A cantora disse que tanto os jovens como África despertam para a esperança. Como revelou, há fome de conhecimento e do uso das redes sociais para o possível com talentos e dons e acionar o poder de fazer as coisas.
Cimeira
O projeto fala do cumprimento em África dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. As metas são lançadas numa cimeira com chefes de Estado e de governo dos 193 países-membros a iniciar a 25 de setembro em Nova Iorque.
Os temas refletidos na agenda incluem o fim da pobreza extrema, o combate à desigualdade e à injustiça além de ações contra as mudanças climáticas a serem executadas nos próximos 15 anos.
Fonte: radioonu

ONU conhece política brasileira para territórios quilombolas

A comitiva internacional permanecerá no Brasil até o dia 24
A política de regularização fundiária para comunidades quilombolas foi apresentada a uma delegação da Organização das Nações Unidas (ONU) durante visita à sede do Incra, em Brasília.
A comitiva internacional permanecerá no Brasil até o dia 24 numa missão cujo objetivo é avaliar a situação dos direitos humanos das minorias – entre elas os ciganos e os quilombolas – que vivem no País.
No encontro, a presidente do Incra, Maria Lúcia Falcón, explicou à relatora Especial sobre Minorias das Nações Unidas, Rita Izsák, que o instituto foi criado há 45 anos para atuar na redistribuição de terras aos pequenos agricultores.
Somente em 2003, com a edição do Decreto Presidencial 4.887, que o órgão passou a ter responsabilidade de também atuar na regularização de territórios quilombolas.
"A Autarquia tem destinado esforços nesta tarefa e alcançado resultados positivos diante do enfrentamento cotidiano de setores conservadores que buscam a concentração fundiária", disse a presidente, complementando que muitas das conquistas estão relacionadas à implantação, em 2013, da Mesa Permanente de Diálogo Quilombola.
A Mesa possui representação da Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (Conaq) e de todos os órgãos federais envolvidos no tema.
"As reuniões acontecem a cada dois meses e delas saem os encaminhamentos para planejar ou mudar ações anuais voltadas ao setor quilombola", explicou.
Isabelle informou que existem 1.516 processos abertos no Incra para regularização de territórios, 194 estudos antropológicos publicados – que é o primeiro passo para o processo de regularização – e 189 títulos concedidos, isto é,1,33 milhão de hectares definitivamente devolvidos ao povo quilombola.
Como é a regularização
As comunidades quilombolas são grupos étnicos predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana que se autodefinem a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade e as tradições e práticas culturais próprias. Estima-se que em todo o País existam mais de três mil comunidades quilombolas.
Para que seus territórios sejam regularizados, as comunidades devem encaminhar uma declaração na qual se identificam como comunidade remanescente de quilombo à Fundação Cultural Palmares, que expedirá uma Certidão de Autorreconhecimento.
Devem ainda encaminhar à superintendência regional do Incra do seu estado uma solicitação formal de abertura dos procedimentos administrativos visando a regularização da área.
Identificação e delimitação
A regularização do território tem início com um estudo da área, a elaboração de um Relatório Técnico que Identifica e Delimita (RTID) o território da comunidade. Uma vez aprovado este relatório, o Incra publica uma portaria de reconhecimento que declara os limites do território quilombola.
A fase final do procedimento corresponde à regularização fundiária, com a retirada de ocupantes não quilombolas por meio de desapropriação com o pagamento das benfeitorias e a demarcação do território.
Ao final do processo, é concedido um título coletivo de propriedade à comunidade em nome da associação dos moradores da área e feito seu registro no cartório de imóveis. O título é coletivo, inalienável, indivisível, imprescritível e entregue sem ônus para a comunidade.
Fonte: Midiamax

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Maju Coutinho recebe homenagem de Glória Maria: 'Não é cor, sim competência'

Glória Maria parabenizou a garota do tempo Maria Júlia Coutinho por prêmio no festival 'Rio Sem Preconceito'. 'Um sonho se realizando ver a Maju brilhando no Jornal Nacional', escreveu a jornalista na noite desta quinta, 17 de setembro de 2015

Repórter da Globo parabenizou garota do tempo do 'Jornal Nacional' por prêmio recebido no festival 'Rio Sem Preconceito'
Depois da homenagem na terceira edição do "Rio Sem Preconceito", na última terça (15), Maria Júlia Coutinho foi parabenizada por Glória Maria. "Felicidade. É um sonho se realizando ver a Maju brilhando no 'Jornal Nacional'. Linda. Talentosíssima. Carismática. Não é uma questão de cor e sim de competência. Orgulho de ver esta menina sendo premiada. Reconhecida. Nossos ancestrais estão em algum lugar aplaudindo. Comemorando. E nós também. Nossa força vem do amor, da alegria, do respeito, da ausência de qualquer preconceito. Amigas e parceiras sempre. Parabéns, Maju', homenageou a repórter da Globo.
"Vocês são sensacionais. Nem se fossem azuis, amarelas ou lilás mudariam isso", elogiou uma seguidora de Glória, que foi uma das artistas a incentivar a campanha "Somos Todos Maju" nas redes após a garota do tempo ter sido vítima de preconceito racial nos perfis do "Jornal Nacional" na internet. "A Maju merece a bancada de um jornal", defendeu outra internauta.
Em prol dos direitos humanos e do fim do preconceito, o festival realizado na Zona Sul do Rio e homenageou Betty Lago, vítima de um câncer no último domingo (13), e a garota do tempo. Maju recebeu o prêmio das mãos de Glória. "Obrigada. Fiquei emocionada com meu segundo encontro com a Glória. Há uns três anos ela foi a São Paulo como uma das palestrantes sobre mulheres no mundo e eu estava trabalhando no jornalismo local da Globo, me apresentei e nunca me esqueci do que ela falou: 'Lute, sempre lute'. Aquilo foi muito forte e, como milhares de pessoas, ela também saiu em minha defesa", disse a artista, sem esquecer dos colegas do "JN".
Maju comenta parceria com âncoras do 'JN': 'Em nenhum momento fiquei constrangida'
Fazendo sucesso nas redes sociais, Maju comentou o clima mais descontraído da atual fase do JN. "Até agora, me senti à vontade com as brincadeiras. Em nenhum momento fiquei constrangida ou sem graça. Acho que os apresentadores estão lá para somar forças", declarou em entrevista ao jornal "O Dia".
Ela garante que é espontânea. "Acho que passa uma coisa de almas que se encontram. Eu adianto os temas que vou falar, dou algumas informações e deixo para ele fazer as perguntas. Isso está dando jogo. A gente combina pouca coisa", explicou.
(Por Júlio Parentes)
Fonte:  MSN

Fundação Cultural Palmares lançou selo comemorativo em homenagem à Mãe Stella de Oxóssi

O Ministério da Cultura por intermédio da Fundação Cultural Palmares; em parceria com os Correios, lançaram na terça-feira, (15),  o selo personalizado e carimbo em homenagem à Mãe Stella de Oxóssi. Na ocasião foi anunciado os nomes dos membros do Conselho Curador da autarquia. A solenidade aconteceu no Ilê Axé Opô Afonjá, na Rua Direta do São Gonçalo do Retiro, 557, Cabula, Salvador na Bahia.
A confecção e lançamento do carimbo e selo,  prevista nas metas do Sistema Nacional de Cultura; e faz parte de um conjunto de ações governamentais, uma pré-campanha contra a intolerância religiosa, em virtude de vários atos de crimes praticados contra os adeptos das religiões de matriz africana no Brasil.
Para a presidenta da Fundação Cultural Palmares Cida Abreu; “a homenagem representa o reconhecimento da personalidade pública; não apenas como líder espiritual; mas também no campo intelectual, onde desempenha importante papel pela promoção da igualdade racial; combate ao racismo; respeito mútuo entre as religiões; preservação e valorização da cultura afro-brasileira” enfatizou.
Conselho Curador – Um órgão colegiado presidido pela presidenta da Fundação Palmares; composto por dez membros nomeados pelo ministro da Cultura; para um mandato de três anos, com a finalidade de formular e propor metas norteadoras para o Sistema e o Fundo Nacional da Cultura. Composto ainda, por representantes dos Ministérios da Justiça; da Ciência, Tecnologia e Inovação; da Educação; da comunidade indígena, da cultura Afro-brasileira, a exemplo de Mãe Stella.
A homenageada – Nascida Maria Stella de Azevedo Santos, no dia 2 de maio de 1925, em Salvador, foi iniciada na Religião dos Orixás aos 14 anos por Mãe Senhora, tornando se Iyalorixá aos 49 anos de idade.
Patrimônio Cultural do Brasil – O Ilê Axé Opô Afonjá, fundado no ano de 1910, em São Gonçalo do Retiro, na periferia de Salvador, por Mãe Aninha; importante personagem da luta pela liberdade do culto afro-brasileiro. Para assegurar os princípios e valores da tradição, criou em 1936 a Sociedade Cruz Santa do Ilê Axé Opô Afonjá. O tombamento do terreiro aconteceu em julho de 2000, pelo IPHAN, conferindo-lhe o título de Patrimônio Cultural do Brasil e reconhecendo-o como “área de proteção cultural e paisagística”.
O imóvel número 6, acesso do Pelourinho para a Baixa dos Sapateiros, no Centro Histórico de Salvador, a casa onde Mãe Stella nasceu, vai abrigar o Centro de Referência Odé Kayodê, em homenagem à yalorixá; além de reverenciar a memória das principais yalorixás da Bahia, como Mãe Aninha do Afonjá; Mãe Menininha do Gantois; Mãe Senhora; Mãe Olga do Alaketu; Mãe Mirinha do Portão; Mãe Senhora de Oxum Muiwà, dentre outras.
Mãe Stella não chegou a ter filhos biológicos; mas como líder espiritual é mãe de mais de mil filhas e filhos de santo. Inspiração ao povo de santo de todo o país, e internacionalmente, especialmente na África. Cidadã consciente dos seus deveres, sempre defendeu diálogo e a educação como possibilidades ao combate às diferenças. A sabedoria não tem cor e não pertence a nenhuma raça específica” reforçou.
Autora de nove livros, como “Meu tempo é agora”, “Òsósi – O Caçador de Alegrias” e “Epé Laiyé – terra viva”. Sendo a primeira Iyalorixá a escrever sobre religiosidade e saberes de matriz africana. Em junho de 2015, recebeu a Comenda Dois de Julho, pela Assembleia Legislativa da Bahia. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia. Em 2001 ganhou o prêmio jornalístico Estadão. Ocupa a cadeira 33, da Academia de Letras da Bahia, que tem como patrono o poeta, escritor e abolicionista Castro Alves. Recebeu ainda, o Troféu Esso para escritores negros; a comenda Maria Quitéria; o Troféu Clementina de Jesus; a Comenda da Ordem do Cavaleiro, pelo Governo do Estado da Bahia; e a Comenda do Mérito Cultural, pela Presidência da República.
Além da presença do Ministro da Cultura; da presidenta Cida Abreu; do presidente dos Correios, compareceu  um público estimado de quatrocentos convidados, entre autoridades, personalidades, artistas, lideranças do Movimento Negro e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, estudantes entre outros.
Fonte: Fundação Cultural Palmares

Governo de MS veta aumento de cota para negros em concursos públicos

O governo de Mato Grosso do Sul vetou projeto, aprovado pela Assembleia Legislativa, que ampliava de 10% para 20% o número de vagas reservadas em concursos públicos do Estado a pessoas negras. Apesar da medida, o Executivo sinaliza a possibilidade de apresentar projeto neste sentido “futuramente”.
Conforme publicado nesta sexta-feira (18) no Diário Oficial do Estado, o veto ocorre por vício de inconstitucionalidade formal. Somente o Poder Executivo pode legislar em assuntos relacionados aos servidores públicos, conforme esclarece a decisão.
“A medida dura do veto, que ora se impõe, não impedirá que o Poder Executivo, futuramente, e de modo constitucional, apresente um projeto de lei com teor semelhante”, relata o documento, assinado pelo governador, Reinaldo Azambuja (PSDB). Não há prazo para que tal procedimento seja adotado.
No fim, o governo ainda comenta que o veto é necessário para resguardas futuros concursos públicos de questionamentos judiciais. A proposta, aprovada pela Assembleia Legislativa em agosto, é de autoria do deputado estadual Amarildo Cruz (PT).
Waldemar Gonçalves
Fonte: Midiamax

terça-feira, 15 de setembro de 2015

MEC cria grupo sobre inclusão de estudantes negros em pós-graduação

O MEC (Ministério da Educação) criou um grupo de trabalho para propor "mecanismos de inclusão" de estudantes pretos e pardos em cursos de mestrado e doutorado no país.

A análise deve se estender ainda a indígenas, estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, de acordo com portaria publicada nesta terça-feira (15) no "Diário Oficial da União".

Farão parte do grupo servidores do MEC, Capes e CNPq –agências federais de fomento à pesquisa– e integrantes de entidades como ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores Negros) e ABC (Academia Brasileira de Ciências).

Ronaldo Barros, secretário de ações afirmativas da Secretaria da Igualdade Racial, defende a adoção de cotas na pós-graduação, a exemplo do que foi feito no processo seletivo das universidades federais e de concursos públicos da União.

"As políticas afirmativas não se opõem à qualidade. Hoje você tem uma demanda, um público em condições de acessar essas vagas", diz. Ele elogia o modelo adotado neste ano pela UFG (Universidade Federal de Goiás).

A instituição definiu reserva de 20% das vagas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) para pretos, pardos e indígenas. Esses candidatos também disputam as vagas da ampla concorrência –se classificados nessa seleção, não são computados nas vagas reservadas.

Ao contrário das cotas na graduação, Barros não vê necessidade de que o candidato tenha feito ensino médio ou superior em instituição pública. "Seria injusto impedir que alunos do Prouni fossem impedidos de ter acesso", afirma, em referência ao programa de concessão de bolsas para alunos de baixa renda cursarem ensino superior em escolas privadas.

Assinada pelo ministro Renato Janine (Educação), a portaria define prazo de quatro meses para conclusão dos estudos do grupo. 

Flávia Foreque
Fonte: Folhauol

Livros de ficção brasileira retratam conflitos sociais do país

AMAR É CRIME
A literatura de Marcelino Freire nasce da voz: seus contos são metáforas orais de personagens que vivem à margem do Brasil, espectros que nunca são ouvidos, histórias que desinteressam tanto a casa grande quanto a senzala. Fala de conflito de classes, sim; no entanto, longe de tomar partido, prefere observar ambiguidades, contradições −que tornam o mítico "brasileiro cordial" o campeão mundial em linchamentos (47 mil assassinatos por ano, um recorde).
Reprodução
Nesta reedição de sua reunião de contos "Amar É Crime", o escritor pernambucano dá voz a garotas de programa, gays pais de família, professoras lésbicas, pastores evangélicos tarados, políticos vampiros de miseráveis, miseráveis vampiros de políticos.
Prosa original, estruturada em trocadilhos, aliterações, rimas, assonâncias e outros atributos próprios à poesia e a palavra cantada, a literatura de Freire é das mais imediatamente identificáveis. Há humor, mas não há boas intenções. E há melancolia, além da busca pela beleza —nem que seja um vestido chique lavado com água da sarjeta. Com relatos que rimam amor e horror, o pernambucano Freire escancara um país que não ousa se olhar no espelho.

(RONALDO BRESSANE)
AUTOR: Marcelino Freire
EDITORA: Record
QUANTO: R$ 30 (147 págs.) e R$ 21 (e-book)
AVALIAÇÃO: ótimo


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COMO O DIABO GOSTA
Ainda há muito a investigar do desbunde dos anos 1970 a rebolar sob as trevas e a modorra da ditadura —e é sobre isso este romance do gaúcho Ernani Ssó. Qual um Reinaldo Moraes dos pampas, Ssó prefere investigar a vida de pau em riste, nessa espécie de "conficção" de seus loucos anos.
Assim, de sacanagem em sacanagem, de bairro em bairro, de papo furado em papo furado, vai se construindo a narrativa multifacetada —ou confusa, depende do seu ponto de vista− de Camilo, um escritor sem eira nem beira, que se apega às múltiplas musas que teve na vida para tentar escrever uma história.
Entre o cinismo e a verborragia, a narrativa se tece com humor, como se um causo desaguasse em piada e daí em desconsolo niilista. Em tempos tão realistas, não deixa de ser divertido um livro que abole qualquer apego ao lugar-comum das histórias bem contadas e abraça o caos. (RB)
AUTOR: Ernani Ssó
EDITORA: Cosac Naify
QUANTO: R$ 34,90 (288 págs.)
AVALIAÇÃO: muito bom
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TIJUCAMÉRICA
Quem tem o hábito de acompanhar o jornalista carioca José Trajano, em programas esportivos na televisão, já está acostumado com sua verve ferina e inteligência, com seus comentários e críticas sutis, que fogem ao ramerrão do óbvio ululante. Torcedor fanático e resistente do América do Rio de Janeiro, time que há muito tempo abandonou a primeira divisão do futebol regional e nacional, decidiu vingar-se do destino e escrever uma fábula bem-humorada para celebrar poeticamente o retorno do "Ameriquinha", como gosta de dizer, ao lugar que lhe é devido na tradição.
Evocando forças do além, divinas ou diabólicas (quem saberá?), Trajano imagina a ressurreição de craques de todos os tempos num escrete imbatível, pronto para comer a bola num Maraca idílico -aquele que poderia ser a arena das verdadeiras pelejas de titãs e não o empreendimento imobiliário para escoamento de corrupções várias. Grandes partidas são recontadas e o autor soube fundir a alma do torcedor com a do cidadão da Tijuca, numa simbiose que só a paixão explica.(REYNALDO DAMAZIO)
AUTOR: José Trajano
EDITORA: Paralela
QUANTO: R$ 24,90 (216 págs.) e R$ 16,90 (e-book)
AVALIAÇÃO: muito bom
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A IMAGINÁRIA
A crescente valorização internacional da obra de Clarice Lispector parece ter atraído interesse editorial na recuperação de autoras de sua geração. É o bem-vindo caso de Adalgisa Nery (1905-1980), cuja obra permanece esquecida há décadas. A recuperação, aqui, atende à velha máxima: o real valor literário de um escritor só pode ser estabelecido após a morte de amigos e inimigos.
Casada aos 16 anos com o guru modernista Ismael Nery (1900-1934), mãe de sete filhos (apenas dois sobreviventes) e viúva aos 29, Adalgisa biografa, em "A Imaginária", a própria penúria de mulher de artista, retratado como narcisista e adepto da brutalidade psicológica, cujos ideais modernos começavam da porta de casa para fora.
Romance de formação e terror conjugal (a cena de sexo com o marido tuberculoso tira sono até de um cadáver), o estilo empostado da autora, marcado por "meu ser" e "minha alma" a cada página, envelheceu mal. Não é Clarice, mas vale resgate para juízo da posteridade. (JOCA REINERS TERRON)
AUTOR: Adalgisa Nery
EDITORA: José Olympio
QUANTO: R$ 352 (400 págs.)
AVALIAÇÃO: bom
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REBENTAR
"Nem mesmo nas mitologias mais cruéis há tragédia equivalente" a ter um filho desaparecido. É por esse calvário que atravessa a personagem principal do primeiro romance de Rafael Gallo, autor que venceu o prêmio Sesc de Literatura em 2011 com o livro de contos "Réveillon e Outros Dias".
Ângela perdeu-se do filho de cinco anos numa galeria de lojas. Trinta anos depois, ainda está às voltas com buscas em abrigos de moradores de rua e necrotérios, atrás de pistas de seu paradeiro. O livro, que se desenrola no período de um ano, lentamente nos faz repassar a repetição torturante de perguntas que devem preencher a vida de quem tem um filho desaparecido: onde ele estará? será que se lembra dos pais? e, se reaparecer, haverá meios de se reparar os danos e culpas acumulados em tantos anos?
O resultado é um livro perturbador, que se aproxima da dor da personagem de maneira convincente e revela um escritor que, embora jovem, mostra-se à altura do desafio. (ROBERTO TADDEI)
AUTOR: Rafael Gallo
EDITORA: Record
QUANTO: R$ 45 (378 págs.) e R$ 29,45 (e-book)
AVALIAÇÃO: muito bom
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EU SOU FAVELA
Bela e sóbria edição brasileira traz de volta esta antologia de contos de escritores brasileiros, originalmente publicada na França em 2011 pela editora francesa Paula Anacaona.
A seriedade de propósitos editoriais e estéticos que se explicitam na "Apresentação" da organizadora e a qualidade literária dos contos -ainda que variável− legitimam amplamente a iniciativa.
Chama a atenção que não se procure apresentar perfis e extração social dos nove autores, circunstanciando suas trajetórias literárias. Assim, o título escolhido repõe inteligentemente a velha máxima flaubertiana ("Madame Bovary sou eu") e desloca para as mediações especificamente literárias a representatividade das obras.
Nesse sentido, ganham destaque os contos de João Anzanello Carrascoza, Marçal Aquino, Victoria Saramago e Ronaldo Bressane, que dão forma a situações e sentimentos singulares, distantes da lógica, supostamente mais abrangente, da explicitação de causas e consequências das questões sociais implicadas. (Roberto Alves)
AUTORES: vários
ORGANIZAÇÃO: Paula Anacaona
EDITORA: Nós
QUANTO: R$ 22 (80 págs.)
AVALIAÇÃO: muito bom 

Fonte: Folhauol

Fonte: 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Seppir lança Prêmio Antonieta de Barros para jovens comunicadores negros e negras

Ação visa reconhecer iniciativas de jovens comunicadores negros e negras voltadas para a promoção da igualdade racial e superação do racismo



A Seppir lança nesta sexta (4) o edital do Prêmio Antonieta de Barros para Jovens Comunicadores Negros e Negras, que irá contemplar 30 iniciativas ou atividades de comunicação realizadas por jovens negros e negras.
 As ações devem ser voltadas para a promoção da igualdade racial e a superação do racismo. Cada iniciativa receberá um prêmio de R$ 20.000,00. Ao todo são R$ 600 mil em prêmios para fortalecer a comunicação negra no país.
 Os interessados podem inscrever as suas iniciativas até o dia 19 de outubro, protocolando o projeto pessoalmente na Seppir (Esplanada dos Ministérios, Bloco A, Brasília), enviando o material pelos Correios, ou mesmo via Internet, pelo e-mail premio.jovenscomunicadores@seppir.gov.br.
Uma comissão técnica composta pela Seppir analisará os projetos, incluindo representantes da sociedade civil organizada, Seppir e Secretaria Nacional da Juventude.
O resultado preliminar do prêmio está previsto para 09 de novembro de 2015, e a homologação do processo no dia 19 de novembro.
 Sobre Antonieta de Barros
Catarinense nascida em 11 de julho de 1901, Antonieta de Barros foi uma pioneira no combate a discriminação dos negros e das mulheres. Foi a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina.
Além da militância política, Antonieta participou ativamente da vida cultural de seu estado. Fundou e dirigiu o jornal A Semana entre os anos de 1922 e 1927. Neste período, por meio de suas crônicas, ela veiculava suas ideias, principalmente aquelas ligadas às questões da educação, dos desmandos políticos, da condição feminina e do preconceito racial. Dirigiu também a revista quinzenal Vida Ilhoa, em 1930, e escreveu vários artigos para jornais locais. Com o pseudônimo de Maria da Ilha, escreveu, em 1937, o livro Farrapos de Ideias.
 Ao longo de sua vida, Antonieta atuou como professora, jornalista e escritora. Como tal, destacou-se, entre outros aspectos, pela coragem de expressar suas ideias dentro de um contexto histórico que não permitia às mulheres a livre expressão; por ter conquistado um espaço na imprensa e por meio dele opinar sobre as mais diversas questões; e principalmente por ter lutado pelos menos favorecidos, visando sempre a educação da população mais carente.
Antonieta faleceu no dia 18 de março de 1952, com 50 anos.
Com informações do site A Cor da Cultura
Fonte: Seppir/PR

Professor e escritor Joel Rufino dos Santos morre no Rio

Historiador era diretor do Tribunal de Justiça do Rio, 

que lamentou a morte. Autor foi premiado por obras

 como 'Uma Estranha Aventura em Talalai'.



Joel Rufino dos Santos (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Joel Rufino dos Santos morreu nesta sexta-feira após complicações cardíacas (Foto: Reprodução/ TV Globo)
O professor, escritor, jornalista e historiador Joel Rufino dos Santos morreu nesta sexta-feira (4), por complicações de uma cirurgia cardíaca realizada no dia 1º de setembro. Rufino era diretor-geral de comunicação e de difusão do conhecimento do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que lamentou o falecimento. Ele estava internado na Clínica de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul.
Rufino ganhou o Prêmio Jabuti em 1979 e em 2008 (com as obras "Uma Estranha Aventura em Talalai" e ""O Barbeiro e o judeu da prestação contra o Sargento da Motocicleta", respectivamente).
Joel nasceu em 1941, em Cascadura, no Subúrbio do Rio. Mudou-se para o bairro da Glória e cursou História na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, onde começou a dar aulas. Por conta do golpe militar de 1964, que implementou a ditadura, Joel deixou o Brasil. Morou na Bolívia e no Chile.
De volta ao Brasil, chegou a ser preso por conta da perseguição política. Como autor, venceu o Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infanto-juvenil. Casado com Teresa Garbayo, ele deixa dois filhos e quatro netos. Ainda não há informações sobre o velório e funeral. Em 2008, Joel foi entrevistado para o blog Máquina de Escrever, de Luciano Trigo. Confira algumas das respostas.
G1: Você viveu exilado no Chile e na Bolívia após o golpe de 64. Conte alguns episódios e encontros que o marcaram, no exílio.
RUFINO: Dos poucos meses que passei na Bolívia, me impressionou a mudez de seus índios. Logo compreendi que era uma defesa antiga, vinda da época da Conquista: eles só eram mudos com os que vinham de fora. O altiplano, para brasileiros, é fantástico: as neves eternas, os lagos gelados, as aldeias esparsas… Vi de perto a combatividade das suas lideranças camponesas. Quanto ao Chile, se tornou minha segunda pátria, embora me sinta internacionalista. Ali conheci Thiago de Mello, nosso adido cultural na época, um semeador de amizades. Tínhamos um time, o Pedaço de Mundo. No Chile conheci também Pelé, que tem a minha idade, numa excursão do Santos. Achei que se, além de tudo, ele fosse politizado, seria Deus.
G1: Após voltar ao Brasil, veio a prisão. Que resumo pode fazer dessa experiência?
RUFINO: Voltei do exílio em 1966. Até 1972, conhecei prisões breves e leves. De 1972 a 1974, cumpri pena da Justiça Militar. Passei pelo Doi-Codi, em São Paulo, assisti à morte na tortura de Carlos Nicolau Danielli, vi e ouvi dezenas de outros presos sendo torturados. Tive o meu quinhão de socos e choques elétricos, mas não conheci o pior, a “cadeira do dragão”. É uma experiência inenarrável, no limite do humano. Quem a experimentou, em si ou nos companheiros, não sabe dizer qual é a natureza do torturador. Agora que a Justiça começa a julgá-los, alegam que torturaram em defesa da pátria. Que criaturas são essas?
G1: Nos últimos anos o debate sobre racismo tem crescido no Brasil. Como avalia esse tema, especialmente em relação à questão das cotas?
RUFINO: A ação afirmativa, que serve de base aos sistemas de cotas regionais, raciais, de gênero etc é um princípio democrático. O Estado corrige injustiças ao estabelecer condições justas de concorrência na luta pela vida. Sou, portanto, a favor, embora reconheça efeitos colaterais indesejáveis na aplicação do sistema. Mas um jovem branco que se sinta preterido pelas cotas é, por isso mesmo, capaz de entender a histórica preterição do negro na universidade, na diplomacia, na política e na iniciativa privada.
Fonte: G1.globo.com

Mulheres Pretas

    Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme “Xica...