quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ondjaki

[Ondjaki.jpg]Ondjaki, nasceu em Luanda, em 1977.

Interessa-se pela interpretação teatral e pela pintura (duas exposições individuais, em Angola e no Brasil). Já em Lisboa, fez teatro amador durante dois anos e um curso profissional de interpretação teatral. No ano 2000 recebeu uma menção honrosa no prémio António Jacinto (Angola) pelo livro de poesia actu sanguíneu. Participou em antologias internacionais (Brasil e Uruguai) e também numa antologia portuguesa.

É membro da União dos Escritores Angolanos. É licenciado em Sociologia.

BIBLIOGRAFIA

Materiais para Confecção de um Espanador de Tristezas, 2009, Editorial Caminho
Os da Minha Rua, 2009, Leya
O Leão e o Coelho Saltitão, 2008, Editorial Caminho
Avódezanove e o segredo do Soviético, 2008, Editorial Caminho
Os da Minha Rua, 2007, Editorial Caminho
E se Amanhã o Medo, 2005, Editorial Caminho
Momentos de Aqui, 2004, Editorial Caminho

CONSTRUÇÃO

construção da casa [e do interior da casa]
construção de uma fogueira [e do fogo, e da chama, e das cinzas]
construção de uma pessoa [do embrião aos livros]
construção do amor
construção da sensibilidade [desde os poros até à música]
construção de uma ideia [passando pelo que o outro disse]
construção do poema [e do sentir do poema]

[há qualquer coisa de «des» na palavra construção]

desconstrução do preconceito
desconstrução da miséria
desconstrução do medo
desconstrução da rigidez
desconstrução do inchaço do ego
desconstrução simples [como exercício]
desconstrução do poema [para um renascer dele]

construção é uma palavra
que causa suor
ao ser pronunciada.

penso que esse seja um suor bonito.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

CRAVOS VITAIS



escrevo a palavra
escravo
e cravo sem medo
o termo escravizado
em parte do meu passado
 criei com meu sangue meus quilombos
crivei de liberdade o bucho da morte
e cravei para sempre em meu presente
a crença na vida.

 CUTI. Poemas da carapinha. São Paulo : Ed. do Autor, 1978. 135p. 

Festa Literária Internacional de Paraty 2012


Festa Literária
Internacional de Paraty
2012
de 4 de julho, quarta-feira
até domingo, 8 de julho
Maiores informações: 
http://www.flip.org.br/

terça-feira, 29 de maio de 2012

Filinto Elisio - 9º SALIMP em Imperatriz Maranhão, Brasil.


Filinto Elísio


Filinto Elísio (Praia, Cabo Verde). Poeta, romancista e ensaísta. Tem oito livros publicados – a saber: “Do Lado de Cá da Rosa” (poesia), “Prato do Dia” (crónica), “O Inferno do Riso” (poesia), “Das Hespérides” (fotografia, poesia e crónica), “Das Frutas Serenadas” (poesia), “Li Cores & Ad Vinhos” (poesia), “Outros Sais da Beira-Mar” (romance) e “Me_xendo no Baú.Vasculhando o U” (poesia) – e mais três outros no prelo – “Diversa Prosa de Quase Verso” (miscelânea), “Conchas de Noé & Arcas Ostras” (cantos, contos e causos) e “Caliban Driblando Próspero em Amazónia”. Actualmente, exercendo a função de Conselheiro do Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Filinto Elísio já foi assessor do Ministro da Cultura de Cabo Verde e professor de matemática em Boston e Somerville, nos Estados Unidos da América. Membro da Associação dos Escritores Cabo-verdianos , ele é também membro-correspondente da Academia Cearense de Letras e da Academia Imperatrizense de Letras.
Fonte:  http://www.albatrozberdiano.blogspot.com

FLIAFRO 2012


FLIAFRO Minas 2012
Festa Literária de Expressões Indígenas, Africanas e Afro-brasileiras
Seminário "Leitura, Diversidade e Sustentabilidade Social"
Data: 30/05 a 02/06 de 2012
Local: Museu Inimá de Paula - Rua da Bahia, 1201 - Centro - Belo Horizonte - MG
 http://www.nandyalalivros.com.br/fliafro_r2_c1.gif

domingo, 27 de maio de 2012

Conceição Lima

                                                           DESCOBERTA
Após o ardor da reconquista  
não caíram manás sobre os nossos campos.   
E na dura travessia do deserto 
Aprendemos que a terra prometida  
era aqui. 
Ainda aqui e sempre aqui. 
Duas ilhas indómitas a desbravar.   
O padrão a ser erguido  
pela nudez insepulta dos nossos punhos. 
 
FONTE: www.jornaldepoesia.jor.br/conclima.html
Maria da Conceição de Deus Lima, mais conhecida por Conceição Lima, é uma poeta são- tomense natural de Santana da ilha de São Tomé, São Tomé e Príncipe. Estudou jornalismo em Portugal e trabalhou na rádio, televisão e na imprensa escrita em São Tomé e Príncipe. Em 1993 fundou o semanário independente O País Hoje. Na altura exerceu a função de directora do mesmo até a data da sua extinção. É licenciada em Estudos Afro-Portugueses e Brasileiros pelo King's College de Londres.  Já publicou poemas em jornais, revistas, e antologias em vários países. Em 2004 publicou O Útero da Casa pela editorial Caminho de Lisboa e em 2006 publicou A Dolorosa Raiz do Micondó pela mesma editorial.

Lima é considerada uma poeta do periodo pós-colonial. Começou a escrever poemas na sua juventude. Em 1979,  viajou até Angola, onde participou na Sexta Conferência de Escritores Afro-Asiáticos. Recitou alguns dos seus poemas e era, provavelmente, a mais jovem dos participantes presentes. Conceição Lima considera esta a primeira fase da sua carreira como poeta. A segunda fase da sua carreira, começou com a publicação dos seus poemas em jornais, revistas e antologias.

Conceição Lima


                                                             Quando o luar caiu
Quando o luar caiu e
tingiu de escuro os verdes da ilha 
cheguei, mas tu já não eras.
Cheguei quando as sombras revelavam 
os murmúrios do teu corpo 
e não eras.
Cheguei para despojar de limites o teu nome.
Não eras.
As nuvens estão densas de ti 
sustentam a tua ausência 
recusam o ocaso do teu corpo 
mas não és.
Pedra a pedra encho a noite 
do teu rosto sem medida 
para te construir convoco os dias 
pedra a pedra 
no teu tempo consumido.
As pedras crescem como ondas 
no silêncio do teu corpo. 
Jorram e rolam 
como flores violentas.
E sangram como pássaros exaustos 
no silêncio do teu corpo 
onde a noite e o vento se entrelaçam 
no vazio que te espera.
Súbito e transparente chegaste 
quando falsos deuses subornavam o tempo, 
chegaste sem aviso 
para despedir o defeso e o frio, 
chegaste quando a estrada se abria 
como um rio,
chegaste para resgatar sem demora o principio.
Grave o silêncio agarra-se ao teu corpo, 
hostil o silêncio agarra-se ao teu corpo 
mas já tomaste horas e caminhos 
já venceste matos e abismos
já a espessura do obô resplandece em tua testa.
E não me bastam pombas dementes no teu rosto 
não bastam consciências soluçante em teu rasto 
não basta o delírio das lágrimas libertas.
Cantarei em pranto teu regresso sem idade 
teu retorno do exílio na saudade 
cantarei sobre esta terra teu destino de rebelde.
Para te saudar no mar e no palma 
na manhã dos cantos sem represas 
saudarei a praia lisa e o pomar.
Direi teu nome e tu serás. 

Ana Maria Gonçalves



Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, Minas Gerais, em 1970. Abandonou a publicidadepara se dedicar à literatura. Seu primeiro livro foi o romance foi Aolado e à margem do que sentes por mim.
Lançou em 2006 Um defeito de cor (Record), vencedor do Prêmio Casa de lasAméricas (Cuba). O romance histórico narra a vida da escrava Kehinde, capturada na África e levada para o Brasil em um navio negreiro. Em Salvador, ela se casa com um português e participa da revolta dos Malês, entre outras aventuras que cobrem 90 anos de História. Este livro revela, com riqueza de detalhes, aspectos pouco conhecidos da cultura e religiosidade africana no Brasil e na África.
Foi writer-in-residence das universidades de Tulane, Stanford e Middleburry, ministrando cursos sobre a escravidão.

EU-MULHER


Uma gota de leite
me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inauguro a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo.
Antecipo.
Antes-vivo
Antes - agora - o que há de vir.
Eu fêmea-matriz.
Eu força-motriz.
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-contínuo
do mundo.
Conceição Evaristo
CONCEIÇÃO EVARISTO nasceu em Belo Horizonte/MG em 1946 e reside no Rio de Janeiro desde 1973. Formou-se em Letras (Português-Literaturas) pela UFRJ. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC/RJ e doutora em Literatura Comparada.
Fonte: sites.uol.com.br/bayo/poemas_conceicaoevaristo.htm

Paulina Chiziane “As Andorinhas”



O livro “As Andorinhas”, de acordo com Paulina Chiziane em entrevista ao Jornalismo Moçambicano, em 30/01/09, é uma trilogia de contos que faz uma abordagem profunda sobre a vida e obra de Eduardo Mondlane, Ngungunhana e Lurdes Mutola. Chiziane diz ter escolhido estas três personalidades porque “são nomes que ajudam a compreender o Moçambique de hoje, em parte, por influências do que aconteceu no passado”.
Serviu de fonte de inspiração para a escritora uma das obras mais marcantes da literatura moçambicana: “Chitlango, o Filho do Chefe”, de Eduardo Mondlane.  Igualmente, como é comum em suas obras, inspirou-se em lendas à volta da figura do último rei de Gaza, Ngungunhana.
 É conhecida a aversão dos chopes (povo do sul de Moçambique) a Ngungunhana. Através da pertença a este grupo, fui ouvindo no meu meio muitas histórias à volta dele. O seu poderio era por todos conhecido e respeitado”, diz-nos Paulina, exemplificando que, certa vez, Ngungunhana ordenou silêncio e umas pequenas criaturas - as andorinhas - perturbaram, de cima de uma árvore, o seu descanso. Uma delas defecou lá de cima para a cabeça do rei. Na fúria que lhe era característica, o imperador chamou os seus homens e ordenou-os a caçarem todas as andorinhas.
O resultado dessa determinação é que eles saíram à caça das andorinhas, porque o rei as queria vivas junto de si para as castigar. Pelo caminho, acabaram por se confrontar com os portugueses. O fim é o que todos sabemos: o império chegou ao fim, o imperador foi preso e o seu poder acabou  por causa de uma andorinha.
Mondlane, sempre!
Debruçando-se sobre a imagem de Eduardo Mondlane, a escritora trata-o como um herói cuja importância ultrapassa os limites da luta pela auto-determinação dos moçambicanos. “Eduardo Mondlane carrega em si uma postura que devia servir de inspiração para todos nós, porque a sua importância ultrapassa também o que os nossos manuais de História dizem”, salienta Chiziane. Na obra, Paulina viaja em torno da imagem de Mondlane num conto intitulado “Maudlane, o criador”.
No que à Lurdes Mutola diz respeito, a escritora cataloga-a como “Mutola, a ungida”, história que se desenrola sobre aquela que os moçambicanos têm como a menina de ouro “Ela é muito mais que uma dourada. A história dela faz lembrar Eduardo Mondlane; é uma história de luta, de humildade, de contágio que fez um povo jubilar”, frisou.
Com estes contos, Paulina Chiziane pretende chamar a atenção sobre a “necessidade urgente de produzir personalidades fortes do tamanho e envergadura de um Mondlane”. Paulina Chiziane  já publicou as obras “Balada de Amor ao Vento”, “Ventos do Apocalipse”, “Niketche: Uma história de poligamia”, “O Sétimo Juramento” e “O Alegre Canto da Perdiz”.

terça-feira, 22 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012


Escritora de Moçambique
A seguir entrevista com a escritora de Moçambique, Paulina Chiziane, por ocasião da I Bienal Brasil do Livro e da Leitura no período de 14 a 23/04/12. Participaram da entrevista os jornalistas Lucas Rodrigues, da TV Brasil, e Mara Régia, da Rádio Nacional. O programa foi apresentado pelo jornalista Luiz Carlos Azedo.
Paulina fala da sua infância e das histórias que ouvia da sua avó. Quem conta um conto, acrescenta um ponto. A escritora conta como foi sua militância pela independência do seu país e do que ela viu em seguida. Com a Guerra Civil que se instaurou no país, Paulina foi atuar na Cruz Vermelha. “Foi minha maior experiência e também decepção”, comenta a escritora. Ela via as pessoas morrendo, as bombas caindo e se perguntava o por quê de tudo aquilo. Depois de tanta luta, as pessoas continuavam morrendo. Isso fez Paulina refletir e começar a escrever seus livros.
Sobre a literatura brasileira, Paulina diz que tem dois “amantes”. O primeiro é Jorge Amado, que fez parte da sua juventude e com quem ela teve um primeiro contato com os escritores brasileiros. O segundo é Vinicius de Morais, o escritor brasileiro que ela mais admira. Paulina levanta, ainda, a importância dos brasileiros também conhecerem um pouco da literatura africana. Além disso, a contadora de histórias, que se tornou um modelo para os jovens escritores africanos, se assusta com o reconhecimento. “Isso é bom e é ruim, porque um modelo é perfeito e eu não sou assim”, relata.


FONTE: EBC Empresa Brasil de Comunicação

Paulina Chiziane

quarta-feira, 2 de maio de 2012

DIA DE CABO VERDE NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


DIA DE CABO VERDE NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
8 de maio de 2012
Local: Sala 14 do Centro de Estudos Africanos, Prédio de Filosofia e Ciências Sociais, Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, São Paulo, SP


in memoriam de Aguinaldo Rocha,
Cônsul Honorário de Cabo Verde em São Paulo)


Coordenação do evento: Profa. Doutora Simone Caputo Gomes
Comissão organizadora: Profas. Doutoras Érica Antunes Pereira, Rita Chaves e Tania Macêdo

ATIVIDADES


1) TARDE: INÍCIO ÀS 14:30h
àMESA DE HONRA: homenagem a Aguinaldo Rocha (por diversas autoridades)
àMESA DE CONFERÊNCIAS: Daniel Pereira (Historiador e Embaixador de Cabo Verde no Brasil: “Cabo Verde na História, um exemplo de superação e desenvolvimento”); Pedro Santos (Cônsul Geral de Cabo Verde no Rio de Janeiro: “Os desafios de Cabo Verde na atualidade e as relações com o Brasil”). Presidindo: Profa. Doutora Simone Caputo Gomes.

Demais autoridades convidadas: Representantes da USP, José Augusto do Rosário (Administrador do Consulado de Portugal em Santos, Presidente da Associação Caboverdeana do Brasil, Presidente do Grupo Cultural Cabo-verdiano), Lucialina [Lutcha] Maria Soares dos Reis (Secretária Geral da Associação Caboverdeana do Brasil, Folclorista e Diretora de Artes do Grupo  Cultural Cabo-verdiano).
2) NOITE: (RE)INÍCIO ÀS 19:30h
àMESA DE ESCRITORES CABO-VERDIANOS, COM LANÇAMENTO DE LIVROS, AUTÓGRAFOS DE OBRAS E TOCATINA.

Composição da Mesa: Corsino Fortes, Evel Rocha e Filinto Elísio. Coordenação das apresentações e debates: Profa. Doutora Simone Caputo Gomes.

APOIOS:

Por Cabo Verde: Governo de Cabo Verde (Gabinete do Primeiro-Ministro);Associação Cabo-verdiana de Escritores. Pela USP: Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas; Programa de Pós-Graduação de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa; Diretoria da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; Pró-Reitoria de Pesquisa; Comissão de Cooperação Internacional; Centro de Estudos Africanos; CELP (Centro de Estudos de Literatura e Cultura de Língua Portuguesa); Grupo de Estudos Cabo-verdianos de Cultura e Literatura CNPq/USP



Mulheres Pretas

    Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme “Xica...