O livro “As Andorinhas”, de acordo com Paulina Chiziane em
entrevista ao Jornalismo Moçambicano, em 30/01/09, é uma trilogia de contos que
faz uma abordagem profunda sobre a vida e obra de Eduardo Mondlane, Ngungunhana
e Lurdes Mutola. Chiziane diz ter escolhido estas três personalidades porque
“são nomes que ajudam a compreender o Moçambique de hoje, em parte, por
influências do que aconteceu no passado”.
Serviu de fonte de inspiração para a escritora uma das obras
mais marcantes da literatura moçambicana: “Chitlango, o Filho do Chefe”, de
Eduardo Mondlane. Igualmente, como é comum em suas obras,
inspirou-se em lendas à volta da figura do último rei de Gaza, Ngungunhana.
“É
conhecida a aversão dos chopes (povo do sul de Moçambique) a Ngungunhana.
Através da pertença a este grupo, fui ouvindo no meu meio muitas histórias à
volta dele. O seu poderio era por todos conhecido e respeitado”, diz-nos
Paulina, exemplificando que, certa vez, Ngungunhana ordenou silêncio e umas
pequenas criaturas - as andorinhas - perturbaram, de cima de uma árvore, o seu
descanso. Uma delas defecou lá de cima para a cabeça do rei. Na fúria que lhe
era característica, o imperador chamou os seus homens e ordenou-os a caçarem
todas as andorinhas.
O resultado dessa determinação é que eles saíram à caça das
andorinhas, porque o rei as queria vivas junto de si para as castigar. Pelo caminho, acabaram por se
confrontar com os portugueses. O fim é o que todos sabemos: o império chegou ao
fim, o imperador foi preso e o seu poder acabou por causa de uma andorinha.
Mondlane, sempre!
Debruçando-se sobre a imagem de Eduardo Mondlane, a
escritora trata-o como um herói cuja importância ultrapassa os limites da luta
pela auto-determinação dos moçambicanos.
“Eduardo Mondlane carrega em si uma postura que devia servir de inspiração para
todos nós, porque a sua importância ultrapassa também o que os nossos manuais
de História dizem”, salienta Chiziane. Na obra, Paulina viaja em torno da
imagem de Mondlane num conto intitulado “Maudlane, o criador”.
No que à Lurdes Mutola diz respeito, a escritora cataloga-a
como “Mutola, a ungida”, história que se desenrola sobre aquela que os
moçambicanos têm como a menina de ouro।
“Ela é muito mais que uma dourada. A história dela faz lembrar Eduardo
Mondlane; é uma história de luta, de humildade, de contágio que fez um povo
jubilar”, frisou.
Com estes contos, Paulina Chiziane pretende chamar a atenção
sobre a “necessidade urgente de produzir personalidades fortes do tamanho e
envergadura de um Mondlane”. Paulina
Chiziane já publicou as obras “Balada de
Amor ao Vento”, “Ventos do Apocalipse”, “Niketche: Uma história de poligamia”,
“O Sétimo Juramento” e “O Alegre Canto da Perdiz”.
Mara, adorei a obra dela
ResponderExcluirVai me inspirar pela jornada da minha querida vida