quinta-feira, 29 de maio de 2014

Clubes negros entram em processo de tombamento em SP



Divulgação/Centro de Memória de Jundiaí
Criados como locais de resistência, espaços prestavam serviços de apoio à comunidade afrodescendente como auxílio funerário, de saúde e arrecadação de fundos para garantir alforrias 

26/05/2014
Da Redação
Foi aprovado, durante reunião do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), na segunda-feira passada (19), a abertura do processo de tombamento de três clubes negros no Estado de São Paulo.
Considerados locais de resistência ao preconceito e espaço de lazer e interação entre negros no final do século XIX, o Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio, de São Carlos, a Sociedade Beneficente 13 de Maio, de Piracicaba, e o Clube Beneficente Cultural e Recreativo 28 de Setembro, de Jundiaí, são elementos importantes para a história social e cultural da formação da sociedade paulista.
Além de serem pontos de entretenimento, já que os negros da época eram impedidos de entrar nos locais convencionais de lazer, os clubes prestavam serviços de apoio à comunidade afrodescendente como auxílio funerário, de saúde e arrecadação de fundos para garantir alforrias. 
Ana Lúcia Lanna, presidente do Conselho, elogiou o relatório que pediu o tombamento. “É preciso romper com a ideia de que apenas monumentos podem ser tombados e reconhecer também as práticas sociais, culturais e políticas". 
Já o professor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados (MS) e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Márcio Mucedula Aguiar, colheu relatos sobre o Flor de Maio e reforçou que o local "é patrimônio que mostra a resistência, poucos anos após a abolição, ao preconceito e a luta por direitos".
No parecer que defende o tombamento, aprovado por unanimidade, Heitor Frúgoli Júnior, do Departamento de Antropologia da USP, afirma que o processo "auxilia potencialmente" os clubes e pode atrair "gerações mais jovens nas lutas coletivas afrodescendentes pela expansão de seus direitos na realidade contemporânea". 
Um dos mais antigos clubes negros do país, o 28 de Setembro, é um dos poucos em SP que, apesar de ter perdido muitos sócios, ainda consegue manter as atividades e as portas abertas. 
"Não é fácil, perdemos muitos sócios nos últimos anos, mas seguimos em frente com bailes para a terceira idade e eventos para a comunidade black. Até hoje, conseguimos reunir os negros, mas o clube é aberto a todos", conta o presidente Edval Francisco Honório.
Com informações da Folha de S. Paulo

ANGÉLIQUE KIDJO DIZ QUE MULHERES INSTRUÍDAS MUDARÃO ÁFRICA "PARA SEMPRE"




A cantora beninense Angélique Kidjo, que actua na quinta-feira no Rock in Rio Lisboa, quer alterar a perceção que o mundo tem das mulheres africanas e acredita que as jovens com instrução "mudarão o continente para sempre".
Em entrevista à agência Lusa, dias antes do regresso a Portugal - para um concerto naquele festival com o músico português Rui Veloso e o brasileiro Lenine -, Angélique Kidjo não separou, no seu discurso, nenhuma das suas facetas: a música, o activismo, a condição feminina e as origens africanas. E mostrou-se atenta à música lusófona.
Por considerar que África a apoiou no começo da carreira, nos anos 1980, Angélique Kidjo diz hoje, com 53 anos, que quer retribuir o melhor que puder: "Quando se é um músico africano, não se pode ignorar o sofrimento do seu próprio continente. O último desafio da Humanidade é melhorar a vida do povo africano".
Angélique Kidjo deverá passar esta mensagem no concerto em Lisboa, que incluirá repertório da artista, assim como de Rui Veloso e Lenine, estando reservadas algumas surpresas. A artista não exclui cantar em português, por já ter interpretado antes repertório da música brasileira.
Em Lisboa, a cantora não deverá ter tempo para tomar contacto com a música local ou com as comunidades luso-africanas, mas disse estar muito atenta à música lusófona" - "por exemplo, adoro Bonga" - e declarou: "Eu penso que a música ajudou Portugal e Angola a compreenderem-se melhor".
Embaixadora da UNICEF há mais de dez anos, Angélique Kidjo criou ainda a The Batonga Foundation, uma organização que apoia e incentiva jovens adolescentes africanas a prosseguirem os estudos secundários e universitários.
A fundação trabalha em países como o Mali, o Benin, a Etiópia e a Serra Leoa e Angélique Kidjo espera que este movimento de consciencialização para o valor da educação nas mulheres se estenda a outros países de África, como a Nigéria.
Sobre este país, a cantora tem-se desdobrado em acções de alerta internacional para o caso do rapto das 200 adolescentes, há um mês, pelo grupo radical islâmico Boko Haram.
"No início quase ninguém queria saber, até que algumas celebridades começaram a falar no assunto, e aí a situação começou a mudar. Eu não tenho a certeza que possa ajudar neste caso, porque a situação é muito complexa, mas pelo menos chamou-se a atenção para isto: É preciso melhorar o acesso das raparigas africanas à educação".
Depois do festival Rock in Rio Lisboa, Angélique Kidjo voltará em Julho a Portugal para atuar no Festival Músicas do Mundo de Sines.
Aí terá oportunidade de apresentar o novo espectáculo, assente no disco "EVE", editado este ano, dedicado à mãe "e a todas as mulheres africanas, à sua beleza e resiliência".
Fonte: http://banda.sapo.ao/novidades/angelique-kidjo-diz-que-mulheres-instruidas-mudarao-africa-para-sempre

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Conheça os B-stylers!

Desiré van den Berg registrou o estilo de vida e o visual dos B-stylers!


Desiré van den Berg registrou o estilo de vida e o visual dos B-stylers!
Você já ouviu falar nos B-stylers? No ano passado a fotógrafa holandesa Desiré van den Berg passou 7 meses viajando pela Ásia e em sua viagem a Tóquio ela conheceu a tribo. O grupo de japoneses faz de tudo pra ter o visual e o estilo de vida dos afro-americanos, com nome que vem da junção das palavras black elifestyle!
Beyoncé e Jay Z: Amor bandido – assista!
Desiré conheceu Hina entre os integrantes do B-stylers, que além de adepta de bronzeamentos artificiais semanais, lentes de contato em tom de castanho mais claro (pra abrir o olhar) e dos penteados trançados tipicamente usados pelos dançarinos de hip-hop americanos, tem uma loja no Japão toda voltada pra quem segue a onda. Além das características físicas, eles se apropriam das gírias, ouvem as músicas e frequentam baladas fiéis ao gênero. Apesar de pouco numerosos no país, se destacam pelo visual e descrevem todo esse estilo como uma homenagem aos negros dos EUA
Fonte: http://msn.lilianpacce.com.br/moda/conheca-os-b-stylers/

Aumenta participação de mulheres no mercado de trabalho, constata IBGE

A participação das mulheres no grupo de pessoas ocupadas nas 5,2 milhões de empresas e outras organizações formais ativas no país registrou alta de 3,2% entre 2011 e 2012 – crescimento de 1,5 ponto percentual em relação ao aumento da participação dos homens no período (1,7%). Além disso, a participação feminina na variação de pessoal ocupado assalariado, de um ano para outro, foi pela primeira vez superior à presença masculina. Enquanto os homens somaram 41,5% (438,9 mil pessoas), as mulheres, 58,5% (619,8 mil pessoas).

Essa melhoria da participação das mulheres no mercado de trabalho também ocorreu em termos salariais. Embora em 2012 os homens tenham recebido, em média, R$ 2.126,67, e as mulheres, R$ 1.697,30, a pesquisa constatou, em relação a 2011, que em 2012 os salários das mulheres tiveram um aumento real superior ao dos homens: 2,4% contra 2%.

A informação consta da pesquisa Cadastro Central de Empresas (Cempre), que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje (28), com informações cadastrais e econômicas de empresas e outras organizações formalmente constituída no país.

No setor público, as mulheres já vêm ocupando a maioria dos postos de trabalho, como explicou o gerente da pesquisa, Bruno Erbisti Garcia. Segundo ele, "58,9% das pessoas ocupadas na administração pública são mulheres e 41,1% são homens”.

Os dados da pesquisa, ao analisar a escolaridade, indicam que apenas 17,7% haviam cursado nível superior. O pessoal assalariado com nível superior cresceu 6%, enquanto o pessoal assalariado sem nível superior cresceu apenas 1,6%. A média salarial de quem cursou faculdade chegou, em média, a R$ 4.405,55, enquanto o pessoal sem nível superior recebou R$ 1.398,74 – diferença de 215%.

A administração pública é o local onde há o maior predomínio de pessoal assalariado com nível superior: 35,8% em 2009 e 41,3% em 2012. “É possível observar, ao longo dos anos, aumento na participação dos assalariados com nível superior em todas as naturezas jurídicas. Nas entidades sem fins lucrativos, esse percentual subiu de 25,9%, em 2009, para 27,3% em 2012”.
Fonte: Midiamax

Em tempos de copa do mundo - O poeta e o passado de Mário Filho

Augusto Frederico Schmidt cruzou as mãos sobre a barriga, um Buda de paletó na tribuna de honra. E se ele ganhasse a aposta? A bola andava de um lado para o outro, um passarinho veio, não se sabe de onde, pousou no campo, bem defronte da gente. Era um passarinho preto, talvez uma graúna. Augusto Frederico Schmidt viu o passarinho, o passarinho catava comida na grama, indiferente a tudo. O Flamengo e o Vasco se matando em campo e o passarinho nada. Augusto Frederico Schmidt imaginou logo uma história. O passarinho fugira de uma gaiola, estava acostumado à prisão. Por que ele não voava, não fugia dali? Era verdade que aquele verde devia lembrar-lhe as campinas sem fim. Se não fossem os jogadores, 22 homens de calções curtos, de chuteiras, correndo feito loucos atrás de uma bola, o passarinho dificilmente encontraria um lugar que lhe desse tamanha sensação de paz, de liberdade. A grama muito verde, o sol manso, uma brisa que mal agitava as bandeiras do Botafogo. "O passarinho está tonto" - Augusto Frederico Schmidt, como poeta do Pássaro cego, sentia-se moralmente obrigado a olhar para o passarinho, a esquecer-se até que era dia de jogo, que tinha cem cruzeiros apostados no Flamengo –"veja como ele voa".

O passarinho voava baixo, não subia quase nada, em um debater de asas assustadas. Era um jogador do Flamengo ou do Vasco que vinha correndo atrás da bola. Para ele, o passarinho não existia. Para Augusto Frederico Schmidt, porém, o passarinho existia. E eu, sentado junto de Augusto Frederico Schmidt, também tinha de me esquecer, por alguns momentos, do placar em General Severiano. O passarinho não estava tonto? Estava. Talvez, e eu apontei para as grades que cercavam o campo do Botafogo, o passarinho pensasse que acerca do Botafogo era a grade de um viveiro. Parecia uma cerca de arame separando o campo das arquibancadas, da tribuna de honra. Augusto Frederico Schmidt olhava o passarinho semicerrando os olhos. E depois diziam que não havia poesia num campo de futebol.

Havia poesia em tudo. Bastava olhar para as coisas com olhos de poeta. E Augusto Frederico Schmidt olhava. Tinha de olhar, mesmo que não quisesse. Quem não sabia que Augusto Frederico Schmidt escrevera o Pássaro Cego? Luís Aranha estava longe. Logo que viu o passarinho, lembrou-se de Schmidt, largou o match, veio para a tribuna de honra. "Schmidt, olha o passarinho." Schmidt não fazia outra coisa: olhava o passarinho. Dona Madalena também não se conteve. Avalie se o Schmidt não tivesse visto o passarinho. E eis Augusto Frederico Schmidt sem poder fazer mais nada. Os leitores de Augusto Frederico Schmidt, os admiradores dele, o Lulu, a Madalena, todos exigiam que ele olhasse o passarinho. Aquilo não daria um poema? Augusto Frederico Schmidt chamou Zé Lins para ver também o passarinho. "Seu Schmidt" –Zé Lins do Rego olhou rapidamente para o passarinho, depois voltou para o jogo–, "eu não sou poeta, sou romancista".
E ali nem isso: torcedor apenas. Quando começava o jogo, Zé Lins esquecia-se de que era romancista. Ou, por outra, não precisava esquecer-se. Havia lugar para o romancista num campo de futebol. O romancista aproximava-se da multidão, via-a entregue ao delírio das paixões humanas. Se havia lugar para o romancista, havia também para o poeta. Era isso o que Augusto Frederico Schmidt queria dizer. Zé Lins, porém, não escutaria Augusto Frederico Schmidt. O Schmidt que esperasse um pouco. Acabado o primeiro tempo, o poeta e o romancista poderiam aproximar-se um do outro. E não faltava muito. Augusto Frederico Schmidt tomou um susto. A bola quase pegara o passarinho. O passarinho sacudiu as asas, voou baixo, rente ao chão. Augusto Frederico Schmidt soltou um suspiro. Graças a Deus.

Acabara o primeiro tempo. O apito do juiz como uma varinha de condão, transformou todo mundo em poeta. "Olhe o passarinho!" "Que amorzinho!" –era uma voz feminina. "Ah! Se eu fosse pintor!" - eu me virei para ver quem lamentava não ser pintor. Não vi ninguém suspeito por perto. Agora, Zé Lins do Rego podia olhar para o passarinho à vontade. O passarinho ia fazê-lo esquecer, por alguns momentos, que o jogo não acabara ainda. O passarinho passeava pelo campo vazio. Durante dez minutos, aquela grama toda seria dele. Era a paz que descia sobre o mundo do passarinho. "Eu acho" –disse Zé Lins– "que é uma graúna". Havia muita gente que confundia graúna com melro. Augusto Frederico Schmidt não respondia. Melro ou graúna, pouco importava. O que importava era o passarinho, a grama muito verde, o céu muito azul.
Folhapress
O jornalista Mário Filho
O jornalista Mário Filho
"Seu Schmidt" –Arnaldo Costa debruçara sobre a cadeira do Schmidt– "você já ganhou 50 cruzeiros". Via-se logo que Arnaldo Costa não era poeta. Não tinha nenhum senso poético. Com aquela simples frase, "seu Schmidt, você já ganhou 50 cruzeiros", Arnaldo Costa puxara o cartão de visita, a carteira do ministério do trabalho. Um bancário, um correntista, com uma máquina registradora na cabeça. O silêncio glacial de Augusto Frederico Schmidt cavou um abismo entre ele e Arnaldo Costa, entre o poeta e o homem de banco. Se Arnaldo Costa quisesse falar em negócios, que o procurasse no escritório, não interrompesse agora. Arnaldo Costa sentou-se, um pouco sem jeito, como alguém que, numa igreja, interrompe o sermão do padre com um espirro. Má hora ele escolhera para falar em dinheiro. Também ele nem vira o passarinho.

Não vira o passarinho, esquecera que Augusto Frederico Schmidt era poeta. Ali em volta ninguém ignorava isso. Zé Lins achava natural que o Schmidt ficasse olhando o passarinho, esquecido de tudo, escravo da poesia. Sem poder ver mais nada. Todo mundo rindo, o Schmidt sério. Se olhasse ia estragar tudo, tinha de largar o passarinho, rir também. Era um cachorro –aliás, uma cachorra, depois a gente se certificou– uma cachorra que não tinha vergonha de 15 mil pessoas. O passarinho parecia saído de um cromo, de um livro de poesia. A cachorra parecia saída de Ulisses, de James Joyce. "James Joyce" –eu me lembrei– "escreveu dez páginas sobre uma coisa assim". Era poesia e a realidade. A realidade chegava, com a cachorra, com Juca, com os jogadores do Vasco e do Flamengo. "Fique com o seu passarinho Schmidt" –avisou Zé Lins– "eu vou ficar com o meu futebol". Os times estavam formados, Juca apitou baixinho, quase ninguém escutou, a bola começou a ser chutada a torto e a direito. "O Flamengo não pode fazer nada" - Zé Lins falava sozinho. Quer dizer: o Flamengo já fizera muito, dera um susto no Vasco. Eu reparava na torcida do Vasco. Ela não dava um pio. Torcida desconfiada. Vendo o placar Flamengo um, Vasco zero, ela se encolhia, não queria saber de tirar a carteira, de gritar Vasco. Enquanto o Flamengo estivesse vencendo, não haveria vascaínos em General Severiano.

Augusto Frederico Schmidt nem viu quando Biguá se machucou. Zé Lins, porém, gritou: "Agora não adiantava mais nada". E Augusto Frederico Schmidt foi obrigado a largar o passarinho, interessar-se um momento por Biguá, que saía de campo carregado. "Com Biguá, a coisa seria outra" –Zé Lins descobrira um consolo na saída de Biguá. "Mas o Biguá vai voltar, Zé Lins." Voltaria, talvez voltasse, mas como? Machucado. Augusto Frederico Schmidt quis ver se o passarinho estava no mesmo lugar. Estava. A bola andava longe, lá no gol do Flamengo. Palmas. Biguá voltara. Augusto Frederico Schmidt não se preocupou mais com Zé Lins. Era bom que a bola estivesse longe, do outro lado. Assim, ele e o passarinho podiam ficar sozinhos. Foi aí que Zé Lins soltou um "eu não falei?". O Vasco tinha marcado um gol.

Biguá quisera pular, se estivesse bom Biguá pularia mais alto que qualquer outro, Biguá era uma bola de borracha. Mas com o tornozelo inchado Biguá não podia firmar o pé. Por isso o Vasco marcara o gol. Agora tudo se acabara. A amargura de Zé Lins afastou Schmidt do passarinho. "Você não deve desanimar, Zé Lins. Ainda falta muito." "Pois eu estou desanimado porque falta muito. Na guerra o tempo é aliado." Ali, no campo, era vascaíno. Quanto mais tempo faltasse, melhor para o Vasco. "Vamos ver se o Flamengo marcar outro gol, Zé Lins." Vevé estava com a bola, passara por Zago, quis chutar logo, pensou melhor, não chutou, hesitou ainda, acabou metendo o pé na bola, de leve. Yustrich tocou na bola, não a segurou, a bola foi para o fundo das redes. Zé Lins levantou-se, soltou uma gargalhada, outra gargalhada, mais outra.

Agora o Flamengo podia até perder, não fazia mal. E talvez o Flamengo não perdesse. Ah, se o Flamengo não perdesse! Zé Lins afastou-se ainda mais de Augusto Frederico Schmidt: ficou com o jogo. Agora mesmo, com o Flamengo dando no Vasco, é que Zé Lins não ia olhar o passarinho. Augusto Frederico Schmidt era mais feliz, encontrara um refúgio. Zé Lins não tinha refúgio nenhum. Biguá foi embora, o Flamengo ficou sem Biguá. Zé Lins sabia o que isso significava e continuou grudado na cadeira de vime. Biguá levou a tranquilidade de Zé Lins. Foi Biguá sair, e o Vasco tomou conta do campo. Dois a dois, três a dois, quatro a dois. Com os quatro a dois no placar, a torcida do Vasco deu sinal de vida, soltou foguetes. Zé Lins ouvia os gritos de "Vasco, Vasco!", a explosão de bombas. Augusto Frederico Schmidt parecia ouvir música, os anjos tocando harpa.

Não havia mais lugar em General Severiano para Zé Lins. "Eu vou-me embora, Mário Filho, não fico mais aqui." "Está acabando, Zé Lins." É que ele tinha de pegar um lotação. Para pegar um lotação, só saindo cedo, na frente. E para Zé Lins, o que estava acabado não era o match, era o Flamengo, o mundo. "Até amanhã." O corpo de Zé Lins tapou a visão de Augusto Frederico Schmidt. "O que é isso? Você já vai, Zé Lins?" "Já, Schmidt." "Pois eu ainda fico, Zé Lins." Augusto Frederico Schmidt podia ficar, tinha de ficar, como se ele estivesse assistindo ao nascimento de um novo mundo, um mundo puro, sem guerra, sem futebol. Com o céu, a terra, ele, o passarinho e nada mais.

O Globo Sportivo, 23 de julho de 1948
A crônica acima faz parte do livro "As Coisas Incríveis do Futebol: as Melhores Crônicas de Mário Filho" 
Fonte: Folhauol

Morre a poeta e ativista negra Maya Angelou, aos 86 anos, nos EUA

A escritora, poeta e ativista dos direitos humanos Maya Angelou morreu nesta quarta (28) em sua casa. Ela tinha 86 anos e vivia em Winston-Salem, na Carolina do Norte, EUA.

O prefeito da cidade, Allen Joines, afirmou a uma TV local que Angelou foi encontrada morta pela manhã por sua cuidadora. A causa da morte ainda não foi determinada, mas sua empresária, Helen Brann, disse que Angelou estava com a saúde frágil e tinha problemas do coração.

Angelou lançou em 1969 o livro de memórias "Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola", sobre sua infância em uma época de segregação racial nos EUA. Foi o primeiro livro escrito por uma autora negra do século 20 que gerou grande repercussão.

No Brasil, a obra foi publicada em 1996 pela editora José Olympio e pode ser encontrada em sebos do país. Em 2010, foi publicado "Carta a Minha Filha" (ed. Nova Fronteira), em que a autora relata como acertos, erros e dificuldades ao longo de sua vida levaram a um crescimento pessoal.

Em 1993, ela leu o poema "On the Pulse of Morning" na cerimônia de posse do presidente Bill Clinton, que, como ela, cresceu no ambiente rural e pobre do Estado do Arkansas.

Em sua vida, Angelou foi dançarina, cantora, motorista de ônibus, editora de uma revista no Cairo (Egito) e assistente administrativa em Gana, atriz, professora e pesquisadora, entre outras atividades. Ela foi amiga de alguns dos maiores líderes negros do século 20, como James Baldwin, Martin Luther King Jr. e Malcolm X.

Maya Angelou trabalhou com Martin Luther King Jr. nos anos 1960 como coordenadora da região norte da Conferência de Liderança Cristã Sulista. Na época, os dois discutiram a possibilidade de um presidente negro nos Estados Unidos. Para King, isso aconteceria em até 40 anos. Já Angelou lhe disse que não aconteceria enquanto ela estivesse viva.

Ela errou, como se sabe. E em 2011, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a condecorou com a medalha presidencial da liberdade, a mais alta honraria do país concedida a civis.

A obra de Angelou discute, entre outros temas, sobre como a individualidade é afetada pela opressão social, racial e de gênero.

Até recentemente, a escritora era ativa nas redes sociais. "Ouça a si mesmo e, neste silêncio, você deverá ouvir a voz de Deus", escreveu no Twitter em 23 de maio.
Fonte: Folhauol

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Sobre mulheres, literatura e emancipação.

Sobre mulheres, literatura e emancipação

por Olívia Santana
Foi com alegria que recebi o honroso convite dos organizadores da 14ª Feira Nacional do Livro, que acontece em Ribeirão Preto, para palestrar sobre a Leitura diante dos novos direitos das mulheres no Brasil. Veio, então, o desejo de escrever este artigo, pensando a escrita como elementos de emancipação da mulher.

É da irremediável necessidade de se comunicar que a humanidade se instrumentaliza da Escrita. Devemos aos povos da Mesopotâmia, especialmente aos Sumérios, a invenção da Escrita há 4.000 anos a.C. Também aos egípcios – africanos, portanto – que desenvolveram seus hieróglifos; aos fenícios, que criaram o primeiro alfabeto, que se completou com a contribuição grega, chegando a esse padrão alfabético que conhecemos hoje. A Escrita representou um salto civilizatório extraordinário, que determinou mudanças estruturais nos diferentes modos de vida humana. Porém, em um mundo de guerreiros e caçadores viris, o domínio das letras chega primeiro para os homens. As mulheres tiveram, em muitas sociedades, o seu direito civilizatório interditado por dogmas e arcaicas ideologias emanadas do patriarcado. Segundo Lutero, mentor e líder da Reforma Protestante, “o pior adorno que uma mulher pode ostentar é querer ser sábia”.

Lembro que quando criança elocubrávamos que o início do século XXI seria o fim do mundo, ou a aparição de uma sociedade dominada pela tecnologia, como nos desenhos dos Jetsons. A primeira coisa não aconteceu. A segunda é uma meia verdade. A tecnologia, que deu saltos incríveis, contrasta com a vulnerabilidade de bilhões de pessoas que ainda vivem à margem do desenvolvimento. Fato elucidativo e recente é a tragédia vivida por 276 meninas nigerianas, sequestradas em uma escola. Grupos islâmicos extremistas impõem às mulheres o breu da ignorância, a mitigação do acesso ao conhecimento, que deveria ser um direito inalienável de todos os povos, sem fronteiras impeditivas.

No Brasil, as mulheres conquistaram o direito à educação escolar, um passo importante na afirmação da cidadania, em 1827, porém restrito ao aprendizado elementar no vasto universo das letras.

O domínio da leitura e da escrita possibilitou à mulher navegar por mares nunca antes navegados, ir para além das temidas cartas de amores proibidos, interditadas pela severidade paterna. Quebrar os espartilhos mentais, explorar sentimentos, veicular protestos, exprimir-se em prosa e poesia, como o fez Cora Coralina, Rachel de Queiroz, Cecília Meireles, Lila Ripoll entre outras, e bancar narrativas mais ousadas, contestadoras de valores morais, a exemplo de Clarice Lispector (“Eu era uma mulher casada. Agora sou uma mulher”), e de Pagu, que nos brindou com essa pérola: “Tenha até pesadelos, se necessário for. Mas sonhe”.

Caminhando em linhas tortas, vêm as escritoras negras rompendo grilhões do classicismo/machismo/racismo, destituídas de poder econômico e impulsionadas pela capacidade de estabelecer a sua própria pedagogia do oprimido. É no lixão que a badameira se revela escritora. Carolina de Jesus, negra e de pouco estudo – que celebraria o seu centenário no último dia 14 de março -  fez com que as agruras do seu cotidiano e do cotidiano dos seus iguais, favelados, fossem conhecidas em mais de 40 países com a obra “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”. Neste livro, ela se eterniza com uma frase mordaz: “Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.”.

A curta e sofrida vida da jovem Auta de Souza, no final do século XIX e início do século XX, não impediu que ela deixasse sua marca na literatura nacional. Do peito dessa mulher negra brotou poemas românticos, carregados de lirismo que encantou grandes nomes da arte da escrita. Atravessamos o tempo e hoje convivemos com a contemporânea palavra de Elisa Lucinda, mulher negra de verdes olhos atrevidos diante da vida. Leva versos e trovas aos presídios, com o mesmo entusiasmo com que se põe soberana nos palcos dos teatros repletos de fãs classe A. Ela nos encanta com seus versos emocionais e rasgados, nos choca com sua ironia e provocação dos tabus não revelados, mas subjacentes nas plateias. Vomita contra iniquidades, descortina o racismo dissimulado, explode sensualidade e afirma autoridade corporal… Mulher, que se autodefine “dona da palavra sem dono, de tanto dono que tem”. Cresce altiva em arte de quebrar amarras, através das letras; explode talento, embora passe ao largo das Academias de Letras.

São mulheres escritoras, vorazes leitoras, que saltaram barreiras e avançaram na educação, como se quisessem matar a fome imposta pelo atraso com que chegaram aos bancos da Ciência, da cultura sistematizada pela humanidade. Dados do Censo do Ensino Superior, do INEP, 2011, atestam que nos últimos 10 anos o percentual de matrícula de mulheres representou de 56% a 57%, ao passo que o de conclusão do curso ficou em 60% a 63%. Mas há um outro tipo de descompasso entre elas e eles no território do saber. Coube aos homens concentrar-se no estratégico domínio das Ciências Exatas, e às mulheres uma maior predominância nas Ciências Humanas, especialmente nos cursos voltados para cuidados sociais e licenciaturas. Sem dúvida a Educação tem um forte caráter de gênero, que precisa ser superado para que se constituam sociedades mais saudáveis, mais justas e equilibradas.

Perdemos uma oportunidade de avançar, com a recente aprovação do Plano Nacional de Educação, que, por pressão de grupos religiosos obscurantistas, e sua numerosa bancada parlamentar, deixou de incluir as questões relativas a gênero e orientação sexual nas metas e diretrizes do documento aprovado. No plenário da Câmara dos Deputados, claques do conservadorismo ostentavam placas dizendo “Não à educação de gênero!”, ou “Vai ser contra a biologia?”. Ou seja, culturalmente, em alguns aspectos, ainda estamos em pleno século XIX, portanto, beijinho no ombro pra Simone de Beauvoir e sua célebre máxima “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher.”. Isso é revolucionário demais para as leis educacionais de hoje.

Decididamente a Educação precisa desbiologizar a desigualdade. Tratar gênero como construção cultural, social e política.  Há que se realizar um ensino transformador, capaz de curar as chagas abertas pela apropriação do biológico em favor de práticas sociais que justificam submissão, violências simbólica, psicológica e física. Como disse John Lennon, “A mulher é o negro do mundo. A mulher é a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem.”. Lutemos aqui de olho em horizontes mais amplos de direitos realizáveis.

Não somos de Marte, nem de Vênus. É na Terra que homens e mulheres são forjados. É onde se tece os fios da opressão de gênero, que não se rompem com receitas superficiais dos livrinhos de autoajuda, que abarrotam as prateleiras das livrarias de shoppings.  

Ampliar as oportunidades de escrita e leitura para mulheres, e em especial para mulheres negras, atende a um direito humano de dar visibilidade a histórias antes amordaçadas e refazer caminhos civilizatórios. Toni Morrison, primeira mulher negra a arrebatar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1993, com o seu aclamado livro, Amada, pela primeira vez conta a história da escravidão sob a ótica da mulher, e outros capítulos do holocausto vivido por milhões de africanos escravizados são revelados. Em entrevista para o site Histórias Pretas, em 2009, observa a escritora: “Até aqui a história de modo geral – e a história da escravidão – tem sido uma história masculina. Meu livro fala da escravidão feminina, que é uma escravidão dupla.”.

Sem dúvida, há um rico caminho percorrido e muito a conquistar ainda. Precisamos de mais mulheres empoderadas pela palavra e pela força da caneta que assina decisões. Tardou o direito ao voto feminino no Brasil, conquistado apenas em 1932. Tarda mais ainda a efetivação de mecanismos que possibilitem às mulheres uma maior participação nas estruturas de poder da sociedade. Há também que se revolucionar a educação básica, para impulsionar avanços maiores, questionando a suposta naturalidade das vocações femininas e masculinas, impulsionando uma maior presença das mulheres no território das Ciências Exatas e Biológicas, oportunizando novos conteúdos na escola que fortaleçam vozes antes silenciadas e valorizem as fêmeas; abrir alas para que as histórias que realcem o protagonismo dos povos negros e indígenas possam ter lugar nas salas de aula (daí a importância do cumprimento das Leis 10.639/03 e 11.645/08). Enfim, mobilizar as instituições de Estado a remover as barreiras que impedem a materialização dos direitos constitucionais que, se efetivados, reduziriam o fosso que ainda separa homens e mulheres na estrutura social.  

Nos lancemos à luta que nos leve ao florescimento de uma nova sociedade, efetivamente inclusiva, generosa, erguida em pilares humanistas e democráticos. Além de outras táticas de mobilização política, a onda agora é o ativismo digital! Este põe a palavra em movimento veloz em favor de causas nas redes sociais.

Escrever é, sobretudo, um ato de emancipação. Conforme essa reflexão que colhi numa seleção de pensamentos da escritora Margareth Duras: “Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído.”. É isso… A escrita é a palavra sem som que provoca as mais variadas e até ruidosas reações em quem tem contato com ela.  A escrita e a leitura para a mulher, especialmente para as tão alijadas mulheres negras, é arroubo de liberdade, é salto de emancipação!

* Olívia Santana é pedagoga, conselheira nacional da Unegro e autora da Lei Municipal de Incentivo ao Livro e à Cultura da Leitura, da cidade de Salvador.
 Fonte: Geledes

Livro traz história real de mulher negra que não cede lugar para branco

Livro traz história real de mulher negra que não cede lugar para branco


JOEL ZITO ARAÚJO
O livro “O Ônibus de Rosa” poderia ser o roteiro de um belo filme. Um dos dois personagens centrais teve a oportunidade de estar presente à ação exemplar de Rosa Parks, uma senhora negra de meia-idade, que, nos anos 1950, com um simples “não”, desencadeou uma grande transformação no seu país.
Essa história é muito conhecida de minha geração. Rosa Parks, trabalhadora como tantas outras no seu tempo, voltava de mais um dia cansativo de trabalho e se recusou a se levantar e ceder o seu lugar no ônibus para um homem branco.
Esse ato infringia o apartheid e todas leis racistas dos Estados Unidos na época. Por isso, ela foi arrastada e presa. Mas esse seu ato pacífico de desobediência civil revolucionou o país.
E, como em todo bom roteiro de cinema, o personagem que foi só testemunha ocular do gesto heroico de Rosa, exatamente por isso, carrega um drama pelo resto da vida.
Um dia ele constituirá família e terá um neto. E se perguntará: que legado respeitável poderia deixar se ele se omitiu diante da ação de Rosa Parks? O leitor descobrirá como esse avô enfrenta a recordação dessa sua atitude e como buscará transmitir uma mensagem de coragem e de esperança para os seus descendentes. Imperdível.
JOEL ZITO ARAÚJO é cineasta, diretor dos filmes “Filhas do Vento”, “A Negação do Brasil” e “Raça”.
“O ÔNIBUS DE ROSA”
AUTOR Fabrizio Silei (tradução Maurício Santana Dias)
EDITORA SM
PREÇO R$ 35
INDICAÇÃO a partir de 8 anos

'É minha mãe sim', diz garota adotada

"Ela veio me ver e fomos ao shopping. A gente brincou tanto que eu me senti da família. No final, eu perguntei se ia voltar para me buscar e ela disse que sim."
É assim que Evelin, 10, descreve o primeiro encontro com a mãe, Aurea Medrado, 46, e a irmã, Mariana, 15.
Um mês depois, a menina, com 4 anos, partia do interior para São Paulo, com uma malinha e uma boneca Mônica. "Ela prometeu. E eu confiei", conta Evelin.
Aurea e o marido, ainda casados na época, fizeram uma adoção tardia (quando a criança já não é mais bebê), inter-racial (a filha é negra; Aurea, branca) e compartilhada: Evelin tem dois irmãos, com os quais mantém contato frequente, adotados por dois casais.
Alessandro Shinoda/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 22 - 05 - 2014, 19:45. A arquiteta Aurea Medrado, 46, e suas filhas Mariana Medrado, 15 e Evelin Medrado, 10.
A arquiteta Aurea Medrado, 46, e suas filhas Mariana Medrado, 15 e Evelin Medrado, 10
Mas nada com que a família não soubesse lidar. "Teve um dia no mercado em que um senhor ficou olhando para mim e minha mãe. Aí eu falei: Você tá estranhando, né? Ela é minha mãe, sim", conta Evelin, rindo.
A resposta foi um pedido de desculpas, seguido de um "É que sou do interior". Ao que a menina emendou, agora segundo a mãe: "Eu também sou, de onde você é? No seu interior não tem adoção?"
Para Aurea, a espera pela adoção poderia ser resolvida se os pretendentes buscassem menos um perfil idealizado de filho.
"Hoje os candidatos descrevem como é a criança desejada por eles", afirma. "O foco poderia ser invertido: será que posso ser útil para a criança que existe?"
NOVA CHANCE
Aos seis anos, Elisa (nome fictício) mudou sua história após ser adotada por Márcia de Paula, 44, e Ailson Katsumata, 56, há um ano.
"Existem ideias preconcebidas. Não dá para dizer que não gerou insegurança. Mas, depois que a conheci, vi que não tinha nenhuma razão de ser", conta Márcia.
Já o casal Fábia Simões, 39, e Renata Longui, 35, estava decidido: ao preencher o cadastro, não inseriram restrições de cor nem de gênero.
Também aceitavam adotar irmãos de até dez anos.
Passaram-se nove meses até a chegada de Carlos Henrique, 8, que é negro, e Giovana, 7, branca, ambos irmãos biológicos e havia quatro anos em um abrigo.
O longo tempo de espera fez com que o juiz escrevesse na sentença que "a vida deu uma nova chance" para os dois terem uma família.
"Parece que eles sempre foram nossos", afirma Renata
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1459938-e-minha-mae-sim-diz-garota-adotada.shtml

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Religiões afro-brasileiras, uma questão filosófica – por Nei Lopes


Nei Lopes
O juiz Eugenio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro, rejeitou a retirada da internet de 15 vídeos contra o candomblé e a umbanda, alegando que os cultos afro-brasileiros “não constituem religião”, pois não se baseiam em apenas um livro nem têm apenas um deus. Os vídeos foram postados por representantes de igrejas evangélicas. No artigo abaixo, o escritor Nei Lopes explica os fundamentos dos cultos de origem africana e seu caráter religioso.
Em junho de 1993, a Suprema Corte dos Estados Unidos garantiu aos praticantes de cultos de origem africana o direito de sacrificar animais em suas cerimônias religiosas. Esse relevante fato histórico deveu-se, certamente, à articulação das casas de culto de origem cubana estabelecidas no país a partir da década de 1950, as quais na década de 1970 já tinham, entre si, a Church of The Lukumi Babalu Ayé, a qual se propunha, quando de sua fundação, a ter sede, escola, centro cultural e museu, para sua comunidade e público em geral. Na contramão de conquistas como essa, no Brasil atual chega-se a negar aos cultos afro-originados até mesmo a condição de religiões.
Ritual de iniciação das filhas-de-santo. Bahia, Brasil, 1951. Fotografia de José Medeiros/Acervo IMS.
Ritual de iniciação das filhas-de-santo. Bahia, Brasil, 1951. Fotografia de José Medeiros/Acervo IMS.
Filosofia. Em 1949 era publicado em Paris o livro La philosophie bantoue, obra em que o padre Placide Tempels dava a conhecer o resultado de suas pesquisas de campo realizadas no então Congo Belga. Contrariando toda uma concepção preconceituosamente negativa a respeito do pensamento dos povos africanos, o livro revelava a existência, entre os pesquisados, de uma filosofia baseada na hierarquia das forças vitais do Universo, a partir de uma Força Superior. Assim, quanto aos seres humanos, aprendia o missionário, entre outros postulados, que todo ser humano constitui um elo vivo na cadeia das forças vitais: um elo ativo e passivo, ligado em cima aos elos de sua linhagem ascendente e sustentando, abaixo de si, a linhagem de sua descendência. Consoante esses princípios, todos os seres, vivos ou mortos, se inter-relacionam e influenciam. E a influência da ação de forças tendentes a diminuir a energia vital se neutraliza através de práticas que façam interagir harmonicamente todas as forças criadas e postas à disposição do homem pela Força Suprema.
Meio século depois, outro missionário, o padre espanhol Raúl Ruiz Altuna, pesquisando a partir de Angola, conseguia estabelecer outra hierarquia, traduzida nos seguintes ensinamentos:
A Força Suprema reconhecida pelo pensamento africano corresponde ao Ser Supremo das religiões monoteístas. Criador do universo e fonte da vida, esse Ser infunde respeito e temor. Mas é tão infinitamente superior e distante que não é cultuado, ou seja: não pode nem precisa ser agradado com preces nem oferendas. Abaixo desse Ser situam-se, no sistema, seres imateriais livres e dotados de inteligência, os quais podem ser gênios ou espíritos.
Os gênios são seres sem forma humana, protetores e guardiões de indivíduos, comunidades e lugares, podendo temporariamente habitar nos lugares e comunidades que guardam, e também no corpo das pessoas que protegem. Já os espíritos são almas de pessoas que tiveram vida terrena e, por isso, são imaginados com forma humana. Podem ser almas de antigos chefes e heróis, ancestrais ilustres e remotos da comunidade, ou antepassados próximos de uma família.
Ao contrário do Ser supremo, gênios e espíritos precisam ser cultuados, para que, felizes e satisfeitos, garantam aos vivos saúde, paz, estabilidade e desenvolvimento. Pois é deles, também, a incumbência de levar até o Deus supremo as grandes questões dos seres humanos. Assim, já que contribuem também para a ordem do Universo, eles devem sempre ser lembrados, acarinhados e satisfeitos, através de práticas especiais. Essas práticas, que representam um culto em si, podem, quando simples, ser realizadas pelo próprio interessado. Mas, quando complexas, devem ser orientadas e dirigidas por um chefe de culto, um sacerdote.
Dentro dessas linhas gerais, segundo entendemos, foi que se desenvolveu a religiosidade africana no Brasil e nas Américas.
Relevância. Os estudos dos padres Tempels e Altura desenvolveram-se entre povos do grupo Banto, do centro-sudoeste africano. Mas outros estudos, inclusive de sábios e cientistas nativos, nos deram conta de que, embora as religiões negro-africanas tenham suas peculiaridades, todas elas comungam de uma ideia central, a da inter-relação entre as forças vitais, sendo vivenciadas segundo princípios comuns.
Por conta dessas formulações, em 1950, no texto Philosophie et religion des noirs (revista Présence Africaine, nº especial 8-9), o antropólogo francês Marcel Griaule primeiro indagava se seria possível aplicar as denominações “filosofia” e “religião” à vida interior, ao sistema de mundo, às relações com o invisível e ao comportamento dos negros. Perguntava-se, ainda, sobre a existência de uma filosofia negra distinta da religião e de uma religião independente, de uma metafísica, enfim.
Ao final de sua indagação, o cientista afirmava a existência de uma verdadeira ontologia (parte da filosofia que estuda a existência) negro-africana, concluindo pela antiguidade do pensamento nativo, nivelando algumas de suas vertentes a concepções filosóficas asiáticas e da Antiguidade greco-romana; e ressaltando a necessidade e a importância do estudo desse pensamento. Quatro décadas depois, o já citado Altuna, fazendo eco a Griaule, afirmava: “Basta debruçarmo-nos sobre esse conjunto de crenças e cultos para encontrar uma estrutura religiosa firme e digna”.
Definição. O termo “religião”, segundo N. Birbaum, referido no Dicionário de Ciências Sociaispublicado pela Fundação Getúlio Vargas, em 1986, define um conjunto de crença, prática e organização sistematizadas, compreendendo uma ideia que se manifesta no comportamento dos seguidores. Daí aferimos que toda religião se define, em princípio, por um culto prestado a uma ou mais divindades; pela crença no poder desses seres ou forças cultuados; e em uma liturgia, expressa no comportamento ritual; e finalmente pela existência de uma hierarquia sacerdotal.
Pelo menos desde meados do século XIX, as religiões chegadas da África ao Brasil, apesar de todas as condições adversas, conseguiram recriar, no novo ambiente, as crenças e as práticas rituais de sua tradição ancestral, dentro dos princípios científicos que definem o que seja religião.
Na própria África já se distinguia, por exemplo, o feiticeiro (ndoki, entre os bantos), agente de malefícios, do ritualista (mbanda ou nganga), manipulador das forças vitais em benefício da saúde, do bem-estar e do equilíbrio social de sua comunidade. E no Brasil, como em outros países das Américas, as diversas vertentes de culto chegaram a tal nível de organização que constituíram, de modo geral, categorias sacerdotais altamente especializadas. Por exemplo, no candomblé: um babalorixá (“pai daquele que tem orixá”, e não “pai de santo”, como se traduziu derrogatoriamente) não tem a mesma função de um “babalaô” (“pai do segredo”), responsável por interpretar as determinações do oráculo Ifá. Uma equede (sacerdotisa que atende os orixás quando incorporados) não tem as mesmas funções de uma iá-tebexê (a responsável pelos cânticos rituais). Da mesma forma que um axogum (sacrificador ritual) não tem as mesmas funções de um alabê (músico litúrgico), por exemplo.
As religiões de matriz africana no Brasil, em suas várias vertentes, praticam uma liturgia complexa, que compreendem rituais privados e públicos. Nas práticas privadas, todo ritual se inicia pela invocação nominal dos ancestrais, remotos e próximos, dos fundadores do templo, em listas tão mais longas quanto mais antigo for o “fundamento” da casa. Nas festas públicas, notadamente no chamado candomblé jeje-nagô, oriundo da região africana do Golfo do Benin, as divindades (orixás ou voduns) se manifestam numa ordem rigorosamente obedecida, da primeira à última a entrar na roda das danças. E por aí vamos.
Constitucionalidade. Não é o monoteísmo que caracteriza uma religião. Se assim fosse, as religiões orientais como o hinduismo, o taoísmo etc. não seriam como tal consideradas. Muito menos o é a circunstância de as práticas religiosas serem ou não baseadas em textos escritos. A propósito, o historiador nigeriano I.A. Akinjogbin, em artigo na coletânea Le concept de pouvoir em Afrique (Paris, Unesco, 1981), assim se manifestou: “O conhecimento livresco tem um valor formal e importado, enquanto o saber informal é adquirido pela experiência direta ou indireta. Os conhecimentos livrescos não conferem sabedoria (…) O ensinamento tradicional deve estar unido à experiência e integrado à vida, até porque há coisas que não podem ser explicadas, apenas experimentadas e vividas”.
Vejamos, em conclusão, que toda a tradição africana de culto aos orixás, da qual no Brasil se originaram principalmente o candomblé da Bahia (nagô e jeje), o xangô pernambucano, o batuque gaúcho e a umbanda fluminense, tem uma base filosófica. Esse fundamento é, em essência, o vasto conhecimento que emana da tradição iorubana de Ifá, o oráculo que tudo determina, em todos os momentos da vida de uma pessoa, de uma família, de uma cidade, de uma nação etc. Da tradição de Ifá é que vêm, por exemplo, a origem dos orixás, sua mitologia, suas predileções, suas cores etc. O popular jogo de búzios é uma forma simplificada de consulta ao oráculo.
Esse corpo de doutrina, compreendendo muitos milhares de parábolas, foi transmitido de geração a geração entre os antigos babalaôs, na África e nas Américas. E nos tempos atuais, embora não unificado, já começa a ter circulação inclusive na internet.
Pois essa tradição remonta a muitos séculos; e sua história se conta a partir do momento em que Oduduá, o grande ancestral dos iorubás, cuja presença histórica, no século XII d.C., é atestada cientificamente (cf. A. F. Ryder, História Geral da África, Unesco/MEC/UFScar, vol. IV, 2010, p. 389), após fundar a antiga cidade de Ifé, enviou seus diversos filhos em várias direções, para fundar cada um o seu reino.
Mas esta é apenas uma parte da alentada e sábia tradição religiosa que os antigos africanos legaram ao Brasil. A qual, como um todo, goza da proteção constitucional do artigo 5º da Constituição Federal, bem como daquela assim enunciada: “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional” (art. 215, parágrafo 1º).

Nei Lopes é autor de, entre outros livros, Kitábu, o livro do saber e do espírito negro-africanos (Ed. Senac-Rio, 2005).
Fonte: Geledes

Travessias da cor: África e identidade negra no Ceará

identide negra no cearáAndy discorda do termo “moreno” que tentam lhe adjetivar no Ceará e insiste que a “suavização da cor” reflete a condição social do próprio negro brasileiro. Imigrantes africanos ganham voz nesta série Travessias da Cor
 

O Diário inicia série especial sobre as travessias dos imigrantes africanos e a construção social da cor

São diversas as travessias – a primeira pelo Oceano Atlântico – enfrentadas pelos africanos no Ceará, com mais de três mil imigrantes. A presença discreta é rompida nas calçadas movimentadas e nos corredores das universidades. Ou na morte de um imigrante em Fortaleza e o recente protesto de estudantes da Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção. Agora em associações locais sólidas, os africanos no Ceará buscam maneiras de reafirmar a própria identidade e tratar com os brasileiros, francamente, um quase-tabu num país miscigenado: a discriminação da cor.
Atravessamos, por nossa vez, o caminho do diálogo franco com a comunidade africana. Ou comunidades, bem no plural, sendo a desconstrução da ideia de África homogênea um dos maiores desafios enfrentados por quem tenta mostrar suas próprias singularidades. As histórias retratam uma dor imposta pelo preconceito. Uma dor da cor. Mas trazem, no mesmo sangue, a superação em forma de resistência para além dos estereótipos.
Das dificuldades financeiras de muitos, da falta de comida aos fins de semana em que as universidades fecham – e portanto, seus refeitórios, ao debate aberto com os brasileiros sobre a condição dos próprios negros do País. Após a travessia atlântica, o africano leva o cearense ao encontro dele mesmo e da construção social de sua cor.

Parece cearense

Somente quando saiu de Cabo Verde, na África, para morar no Ceará, o jovem Andy Monroy percebeu que era negro. Antes, simplesmente não precisava ser. Mas ouviu dos brasileiros que passou a conhecer que, calado, “até parece um cearense”. “Hoje, com menos sotaque, devo parecer até mesmo falando”.
Numa noite, quando chegava à sua casa, Andy viu o semblante de pânico de uma senhora que caminhava à sua frente. Acelerou o passo quando viu o rapaz. Rapidamente, a mulher foi avistada pelo porteiro do prédio, que deu abertura. Mas o rapaz entrou no mesmo lugar. Pior, no mesmo elevador. “Ela estava com muito medo”.
Quando percebeu que olhar para ele era o último gesto de algumas pessoas antes de atravessarem a rua para a outra calçada, ou levantarem o vidro do carro, aumentou a sua angústia. Num estágio em empresa de publicidade, sugeriram que cortasse o cabelo. Além da cor, o cabelo muito volumoso, crespo, encaracolado, deixava mais parecido com o pessoal do outro
“Os outros (apontando para os de mesma cor) estão com o cabelos cortados, mais decentes”, ouviu do gerente. Ao saber da origem dos outros “morenos”, o recém-chegado africano passou a identificar dois lados da cidade: um que tinha Papicu, Aldeota, Benfica e Praia de Iracema. O que não fosse isso, era o outro lado, onde, por acaso, passou a morar, num segundo momento, em Fortaleza. Desse lado, o outro, havia mais pessoas de sua cor, cabelo, e menos olhares e medos.
Hoje publicitário, graduado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), casado e com sete anos de Fortaleza, Andy não tem dúvida: “Nunca imaginei que fosse encontrar racismo no Ceará. Aqui chega a ser pior, porque não admitem que o negro sempre existiu neste lugar. Se eu digo que sou negro, me interrompem como quem corrige de um insulto. ‘Não, você não é negro, é moreno’”.

Constrangimento

Delce, uma jovem estudante de Guiné-Bissau, estudante da Unilab, passou por um recente constrangimento ao fazer compras na feira livre em Fortaleza. Escolheu e pagou por uma blusa, mas quando ia embora, foi abordada por policiais que acusaram-na de ter roubado “alguma coisa”, suspeita desfeita ao abrir a mochila e mostrar não haver nada além da roupa que havia comprado. “Não roubei nada”, diz para si mesma, sem nunca ter pensado que um dia precisaria se dizer isso. “Os meus pais não sabem que aqui a gente é discriminada, como se fizéssemos uma coisa errada. Não se pensa que existe racismo no Brasil ou no Ceará, porque é tudo misturado. Então, não deveria ter. Se meus pais soubessem, iriam sofrer. Eu, ainda mais”.
“Os africanos que aqui estão chegando rompem as fronteiras raciais delicadamente construídas no Ceará”, afirma o sociólogo Pedro Mendes, da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Ele tem dedicado os últimos anos a estudar a relação socioespacial configurada com os africanos no Estado e, dessa forma, a condição do negro local.
No ano de 1813, de acordo com levantamento feito por capitães-mores do Ceará, havia nada menos que 65,93% de negros e mulatos. Em 1872, o percentual de não brancos (à época definidos negros, mulatos, caboclos e pardos) era de 62,74%. Com o passar do tempo, estudos passaram a renunciar a existência da população de cor negra, apontando para a construção de um “Ceará caboclo”, formado por brancos e índios.
Foto: FABIANE DE PAULA
Fonte: Geledes

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Convite

Universidade da Integração da Lusofonia Afro-brasileira inaugura campus no município baiano de São Francisco do Conde

luizabairros2Ministra Luiza Bairros participa de solenidade na tarde de hoje, assim como o o ex-presidente Lula, o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o ministro da Educação, José Henrique Paim, e a reitora da Unilab, Nilma Lino Gomes
Situado a 67 quilômetros de Salvador, São Francisco do Conde celebra hoje (12/05), a inauguração do campus da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) no município. A ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), participa  da solenidade assim como o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o ministro da Educação José Henrique Paim, e a reitora da Unilab, Nilma Lino Gomes.
As atividades acadêmicas do Campus de São Francisco do Conde foram iniciadas em fevereiro de 2013, com cursos de graduação e pós-graduação a distância. Mas é a partir do dia 26 deste mês, que começarão as atividades dos cursos presenciais, o que motivará a ocupação mais efetiva do campus e o fortalecimento das áreas de ensino, pesquisa e extensão. Na modalidade graduação presencial serão oferecidos os cursos de Bacharelado em Humanidades (BHU) e Letras – Língua Portuguesa. Na modalidade a distância, na graduação, o curso de Administração Pública (Bacharelado) e, na pós-graduação, as especializações ‘Gestão Pública’, ‘Gestão Pública Municipal’ e ‘Gestão em Saúde’.
Unilab – a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira é uma autarquia do Ministério da Educação, com sede na cidade de Redenção, estado do Ceará. A instituição foi criada pela Lei nº 12.289, de 20 de julho de 2010, e instalada em 25 de maio de 2011, e tem o objetivo de ministrar ensino superior, desenvolver pesquisas nas diversas áreas de conhecimento e promover a extensão universitária.
A universidade tem como missão institucional específica formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, especialmente os africanos, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional. A CPLP é integrada pelo Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Metade das vagas dos cursos de graduação da Unilab são destinadas a brasileiros e a outra metade para estrangeiros. Além da perspectiva da Cooperação Internacional Solidária Sul-Sul, a Unilab está alinhada com a política de interiorização do Ensino Superior do Ministério da Educação, o que motiva a instalação de seus campi no interior do Ceará e da Bahia.
Minha Casa, Minha Vida
Hoje, além da inauguração do campus da Unilab, a prefeitura de São Francisco do Conde entregará 60 casas do programa municipal ‘Sonho Meu – Minha Casa de Verdade’, para famílias que vivem em situação de risco habitacional, social, ou estão no programa de auxílio aluguel. A cidade é também parceira do Governo Federal no programa “Minha Casa Minha Vida”, através do qual estão sendo construídos 320 apartamentos no bairro do Gurugé. A meta, com os programas federal e municipal, é entregará mais 380 casas até o final do ano.
De acordo com a prefeita Rilza Valentim, a prefeitura investiu R$23 milhões nos programas habitacionais “Sonho Meu – Minha Casa de Verdade” e “Tá Rebocado e Pintado”, desde 2009. No primeiro, são construídas e doadas as casas. No segundo, o beneficiário recebe apoio para reformar o imóvel do qual já é proprietário. O objetivo é eliminar o déficit habitacional e melhorar as condições de moradia no município de 36.677 habitantes.
Com informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de São Francisco do Conde
Fonte: Seppir

Mulheres Pretas

    Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme “Xica...