sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Mia e Agualusa criticam Ocidente por considerar que escritores africanos só devem escrever sobre África




O espaço a céu aberto da Fundação Fernando Lei­te Couto (FFLC) ficou
 pequeno para acolher tanta gente que queria ouvir e interagir com dois
 escritores de peso da língua portuguesa: o moçambicano Mia Couto 
e o angolano José Eduar­do Agualusa. Apesar da distância geográfica – Mia
 está mais para o Índico e Agualusa para o Atlânti­co –, os dois escritores
 têm mais semelhanças do que diferenças: além de serem referências
 da lite­ratura portuguesa, são mais lidos além-fronteiras do que nos seus próprios
 países e as suas obras estão publicadas em dezenas de países, traduzidas 
para várias lín­guas. Mas há outras semelhanças: são filhos de pais ferroviários,
 fo­ram jornalistas e têm formação em áreas ligadas a plantas e ani­mais. 
Agualusa não concluiu nem Agronomia nem Silvicultura, mas declara-se um
 apaixonado pelo ambiente. Mia é biólogo e diz que a Biologia ajudou-o a 
traduzir o mundo em histórias. “Gosto de traduzir sonhos e silêncios”, de­clara

Com moderação do crítico lite­rário Nataniel Ngomane, os dois escritores 
sentaram-se, na noite de ontem, na FFLC para falar das tendências
e dinâmicas das literaturas de Moçambique e de Angola. Sobre o tema, 
os dois têm ideias quase semelhantes: Agua­lusa é crítico em relação 
à crença que se criou no Ocidente segun­do a qual o escritor africano
 deve escrever sobre África, sobretudo o seu lado exótico. “Os escritores europeus e 
norte-americanos po­dem escrever sobre o mundo, pois isso é considerado sinal 
de abertu­ra intelectual. Mas se um africano escrever sobre Europa, é aliena­ção”, 
denunciou. Na mesma linha, Mia Couto acrescentou que o es­critor africano é 
o único que deve apresentar, aos olhos do Ocidente, o passaporte de autenticidade.
Elcídio Bila
Fonte: http://opais.sapo.mz/

Luiz Felipe Pondé: das cavernas às redes sociais, vida em grupo só piora

Apesar das inúmeras utopias sociais e políticas fracassadas desde a obra do filósofo Jean-Jacques Rousseau (século 18), que abre o surto utópico com a noção de "natureza perfeita", passando por autores como Marx (século 19) e chegando ao movimento hippie no século 20, o fato é que o mercado de ideias sobre o que fazer para vivermos juntos só vai aumentar, justamente porque a vida em conjunto é cada vez pior.

Muitos dos convidados para o ciclo Fronteiras do Pensamento São Paulo 2015 são especialistas em algumas dessas dificuldades. O viver juntos parece funcionar melhor quando o que está em jogo é a partilha de ferramentas para a resolução de problemas, como no caso da Wikipedia, cofundada pelo empreendedor americano Jimmy Wales, um dos convidados.

As dificuldades contemporâneas para uma vida compartilhada emergem de variadas fontes. Partindo do individualismo burguês, pautado pela lógica da eficácia em detrimento de noções como vínculo afetivo e moral, objeto de reflexão do filósofo espanhol Fernando Savater, passando pela violência vulcânica das redes sociais, essa masmorra virtual, e chegando aos dramas narcisistas vividos embaixo dos lençóis, as dificuldades formam um labirinto interminável de problemas e de teorias sobre esses problemas.

Mesmo no terreno das relações entre homens e mulheres, a ambivalência dos avanços é seguida pelo surgimento de efeitos colaterais nefastos. A expectativa das mulheres emancipadas de que seus homens sejam "meninas", pensando e sentindo como elas, tem sido objeto de atenção da ensaísta Camille Paglia há anos.

Já autores como o biólogo evolucionista Richard Dawkins, que também virá a São Paulo, pensam que a herança iluminista permanece sendo a melhor solução, pois troca as certezas intolerantes das religiões pelo conhecimento partilhado da ciência.

A seu favor está o gigantesco avanço do mundo tecnocientífico, mas contra ele surge o fato de que a ciência está longe de fornecer parâmetros morais claros para o convívio humano, como bem mostrou o século 20.

Uma das maiores dificuldades para a vida contemporânea estaria na estúpida fé do homem em sua suposta superioridade moral em relação à experiência animal total na Terra. Essa constatação do "ruído dos homens" em oposição ao "silêncio dos animais" (título de sua recente obra) leva John Gray, filósofo britânico trágico, a fazer a crítica da empáfia técnica e material contemporânea.


Das cavernas às redes sociais, o viver juntos não parece ter melhorado muito, principalmente quando falamos de bilhões de humanos ruidosos.

Luiz Felipe Pondé
Folhauol

Harper Lee, ganhadora do Pulitzer por 'O Sol É para Todos', morre aos 89

Divulgação
A escritora norte-americana Harper Lee em asilo de sua cidade natal, em maio de 2010
A escritora norte-americana Harper Lee em asilo de sua cidade natal, em maio de 2010


A escritora Harper Lee, que ganhou o prêmio Pulitzer de ficção em 1961 por seu livro "O Sol É para Todos", morreu aos 89 anos, informou o "The New York Times" e outras publicações americanas nesta sexta-feira (19).

A autora nasceu em 1926, em Monroeville, no Alabama. Se mudou em 1949 para Nova York, onde trabalhou como auxiliar em companhias aéreas enquanto seguia com a carreira de escritora.

Oito anos mais tarde, apresentou o manuscrito do romance sobre o racismo e a injustiça no sul dos Estados Unidos para a editora americana J. B. Lippincott & Co., que lhe pediu para reescrevê-lo.

Lançada em 1960, a obra foi um sucesso comercial —vendeu mais de 40 milhões de cópias— e de crítica.

Já no ano seguinte, o romance recebeu o Pulitzer, principal prêmio literário americano, transformando-a em uma celebridade literária. Reclusa, sempre fez poucas aparições —mas nas poucas entrevistas que deu costumava se dizer surpresa com o sucesso de "O Sol...".

O livro conta a história de Atticus Finch, um advogado de uma cidadezinha que vai defender um homem negro acusado injustamente de estuprar uma mulher. O livro é narrada por Scout, filha do advogado.

O romance se tornou filme em 1962, com Gregory Peck no papel do advogado engajado Atticus Finch. Foi adaptado para o teatro em várias cidades norte-americanas e em Londres e ganhará versão na Broadway na temporada 2017-2018.

Até ano passado, Lee era considerada autora de livro só —até que um manuscrito inédito com alguns do mesmos personagens de "O Sol..." ser encontrado e publicado no ano passado. No Brasil, a obra recebeu o título de "Vá, Coloque Um Vigia" (José Olympio).

O novo romance não chegou às prateleiras sem controvérsias. Como Harper Lee costumava garantir que nunca mais publicaria um novo livro, os advogados da autora começaram a ser acusados de publicar a obra à sua revelia —uma vez que, com a idade avançada, a escritora não poderia mais decidir sobre si.

Alguns críticos apontaram que a obra não passava de um rascunho de "O Sol é Para Todos". Um dos motivos é o fato de Atticus Finch, advogado que defende os negros no livro mais famoso da autora, surgir em "Vá, Coloque Um Vigia" como um racistas que apóia a segregação dos negros.

Harper Lee era amiga de infância de outro escritor crucial nas letras americanas, Truman Capote. O pai dele chegou a presentear a dupla com uma máquina de escrever —e eles começaram a ditar narrativas um ao outro. Não à toa, Capote escreveu a orelha de "O Sol É Para Todos" —e ela foi assistente do autor na apuração da reportagem que virou o livro "A Sangue Frio".

Na faculdade, a Huntingdon College, a escritora começou escrever artigos para jornais literários. Depois de lá, ela foi estudar direito na Universidade do Alabama, para agradar seu pai, que também era advogado. Ali, ela chegou a editora-chefe de uma revista de humor do campus.

Depois de uma temporada no Reino Unido, ela se mudou para Nova York, em 1949. Chegou a trabalhar como livreira e em uma companhia aérea.

No começo, Harper Lee escrevia contos, mas recebeu conselho de um agente literária que escrevesse um romance. "Vá, Coloque Um Vigia", era o primeiro nome da obra, que só mais tarde ganhou o título "O Sol É Para Todos".
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CRONOLOGIA

1926 Nelle Harper Lee nasce em 28 de abril, em Monroeville, pequena cidade do Alabama (EUA). É a caçula dos quatro filhos de seu pai, um advogado e dono de um jornal local. Ainda na infância, torna-se amiga do escritor Truman Capote.

1949 Formada em direito pela Universidade do Alabama, muda-se aos 23 anos para Nova York decidida a se tornar escritora. Enquanto isso, trabalha como agente de passagens em uma companhia aérea. Na cidade, reecontra Capote, então um nome em ascensão no meio literário.

1956 Tira um ano para se dedicar à escrita, graças ao apoio financeiro de um casal de amigos, compositores da Broadway. Começa a trabalhar no manuscrito de uma história ambientada no interior do Alabama, base de "O Sol é Para Todos".

1959 Acompanha Truman Capote durante a apuração sobre o assassinato da família Cluster em Holcom, no Kansas, que se transformaria no livro "A Sangue Frio".

1960 Lee volta a Nova York e termina "O Sol é Para Todos", que chega com um sucesso estrondoso às livrarias e logo se torna um clássico da literatura americana. O livro é narrado por Scot, alter-ego da autora. Ela conta uma história de sua infância, quando o pai, advogado, defendeu um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca, em uma cidade no interior do Alabama segregada pelo racismo.

1961 "O Sol é Para Todos" vence o Prêmio Pulitzer, um dos mais importantes da literatura, de ficção.

1962 Estreia a adaptação de "O Sol é Para Todos" no cinema. A versão contou com a colaboração de Lee e venceu quatro estatuetas no Oscar.

1966 "A Sangue Frio" é publicado. Há relatos de que Lee trabalhava em um novo romance, enquanto colaborava com Capote. Ele dedicou o livro à amiga, mas jamais reconheceu a colaboração da autora como ela acreditava merecer. "Ela me fez companhia durante a viagem. Ficamos uns dois meses juntos. Ela foi a uma série de entrevistas, tomou suas próprias notas, com que eu pude checar as minhas. Sua ajuda foi de extrema importância no começo, quando não conseguíamos nos aproximar da população local, ficando amiga das esposas dos homens que eu queria encontrar. Ela ficou próxima de muitos fiéis das igrejas. Um jornal do Kansas disse recentemente que todo mundo [em Holcomb] colaborou porque eu era um escritor famoso. Na verdade, nenhuma só pessoa na cidade havia ouvido falar de mim", disse Capote ao "New York Times", pouco depois da publicação de seu "romance de não ficção".

1970-1980 Vive reclusa, entre Nova York e sua cidade natal, trabalhando em um livro sobre um serial killer do Alabama que jamais foi publicado.

2007 Recebe de George W. Bush a Medalha Presidencial da Liberdade, condecoração por sua contribuição com a tradição literária americana em uma cerimônia na Casa Branca.

2013 Processa seu agente literário, que acusa de tentar enganá-la na venda de direitos autorais, e um museu em sua cidade natal, por vender produtos licenciados de "O Sol É para Todos" sem autorização.

2014 Lee permite a publicação de seu romance em versão digital.

2015 A advogada da escritora diz ter encontrado os manuscritos de um romance inédito, "Vá, Coloque um Vigia", dado como perdido. O livro foi rejeitado por uma editora em 1957 e seria uma primeira versão de "O Sol é Para Todos". Em fevereiro, a editora HarperCollins anuncia que irá publicar o título, lançado em junho do ano passado com recordes de venda nos EUA. No Brasil, foi editado pela José Olympio poucos meses depois.

No entanto, pairam dúvidas sobre o consentimento de Lee com a nova edição: ela, em idade avançada, só teria se manifestado sobre a publicação em carta divulgada por meio de sua representante. 
Fonte: Folhauol

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Carolina


As páginas aqui publicadas são o início da biografia da escritora
Carolina Maria de Jesus (1914-77), que será lançada como novela gráfica
pela editora Veneta, em maio. “Carolina”, que tem pesquisa e argumento
 de Sirlene Barbosa e roteiro e desenhos de João Pinheiro, está sendo desenvolvido
 com apoio do Proac. Saiba mais sobre o projeto em carolinaemhq.tumblr.com.






Fonte: http://arte.folha.uol.com.br/

1990: Libertação de Nelson Mandela




No dia 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela foi libertado. O líder do Congresso Nacional Africano (ANC) passara 28 anos na prisão pelo seu engajamento contra o apartheid.

Todos reconheceram que a África do Sul estava diante de uma virada histórica, quando o então chefe de governo Frederik Willem de Klerk anunciou, em 2 de fevereiro de 1990, a libertação de Nelson Mandela. Símbolo da luta da população negra contra o racismo, ele se tornara, ao longo dos 28 anos que passou na cadeia, o prisioneiro mais famoso do mundo.

Nelson Rolihlahla Dalibhunga Mandela nasceu a 18 de julho de 1918. Seu pai era chefe da tribo Thembu, do povo xhosa. Nelson Mandela começou a estudar Direito na universidade para negros de Fort Hare, mas foi expulso por liderar uma greve estudantil. Em Joanesburgo, estagiou num escritório de advocacia e fez um curso de Direito por correspondência. Em 1942, graduou-se pela Universidade de Pretória.

Mandela ingressa no ANC

Já nos tempos de estudante, Mandela era engajado politicamente e ingressou cedo no Congresso Nacional Africano (ANC). A associação se empenhava em reivindicar direitos e melhorar a qualidade de vida da maioria negra oprimida pelos brancos na África do Sul – a princípio, através de contatos com lideranças políticas e cartas com pedidos de apoio; mais tarde, organizando greves e manifestações.

Em 1952, Mandela abriu o primeiro escritório de advocacia para negros de Joanesburgo, uma ousadia tremenda, num país em que o regime diminuía a cada dia os direitos da população de cor. A situação política interna escalou de tal maneira que, em 1960, a polícia abriu fogo contra os que participavam de uma grande manifestação em Shaperville. Saldo da violência: 69 mortos e centenas de feridos. O governo decretou estado de exceção e mandou prender vários militantes, entre os quais Nelson Mandela.

De prisão em prisão

O ANC e outros partidos e associações que criticavam o regime foram proibidos. Em dezembro de 1961, Mandela ajudou a criar a ala militante Lança da Nação, tornando-se o primeiro comandante da organização clandestina especializada em sabotagens. Em 1962, saiu escondido do país para pedir apoio, principalmente financeiro, à sua causa.

Ao retornar à África do Sul, ainda no mesmo ano, foi preso e condenado a cinco anos de prisão por participar da organização de protestos. Em outubro de 1963, Mandela e outros sete réus foram condenados à prisão perpétua, acusados de terem organizado 150 atos de sabotagem. Até 1981, ele esteve na temida prisão de Robben Island, perto da Cidade do Cabo. Mais tarde foi transferido para o presídio de alta segurança de Pollsmoor.

Depois de se tratar de uma tuberculose durante algumas semanas numa clínica, Mandela passou a viver numa casa, no pátio de outra prisão perto da Cidade do Cabo. Nos 28 anos em que ficou preso, a resistência dos negros sul-africanos contra o apartheid foi se tornando cada vez mais violenta. A comunidade internacional também aumentou a pressão contra o governo sul-africano através de sanções e boicotes.
Início das reformas na África do Sul

Ao assumir o governo em 1989, Frederik de Klerk reconheceu que reformas eram inevitáveis, para que o país não submergisse na guerra civil e no caos. Em fevereiro de 1990, cancelou a interdição do ANC, revogou algumas leis racistas e libertou Nelson Mandela. Os anos seguintes ainda foram bastante confusos, com a minoria branca tentando manter a supremacia, semeando a discórdia entre os grupos negros.

Até que, nas primeiras eleições democráticas em 1994, o ANC recebeu 60% dos votos e Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul, cargo que ocupou até 1999. Em 1993, ele e Frederik de Klerk receberam o Prêmio Nobel da Paz "por seu engajamento em prol da conciliação e por sua coragem e integridade".

Autora: Rachel Gessat
Fonte:http://www.dw.com/

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Moçambique: Marracuene recebe Gwaza Muthini hoje



No país
Hoje é dia de Gwaza Muthini. Dia de festa de canhu. Mais do que isso, é o dia em que Marra­cuene recorda a grande batalha que opôs os guerrilheiros nati­vos e as tropas portuguesas a 2 de Fevereiro de 1895.
Passam 121 anos após a tragédia, mas a história daquele acontecimento que marcou o princípio do fim do império de Gaza ainda está 
na memória de muitos moçambicanos. Por isso, sempre que o segundo mês do ano chega, Marracuene fica bas­tante movimentado. Pessoas de vários quadrantes participam na festa que inicia logo pela ma­nhã, com a habitual cerimônia “Kupalha”, os discursos oficiais e, a grande atração do dia, o Festival Marrabenta.
REGRESSO DO PROJETO
MABULO
Esta edição é abençoada. O festival é marcado com o regres­so dos Mabulo, o grupo do “ve­lho” Dilon Djindji.
É desde ano passado que o mítico projeto Mabulo deu os primeiros passos rumo ao seu merecido retorno. Uma das acões foi a inserção de novos membros: Sérgio Muiambo e Linda Arão ou melhor Lyshan­nie, fruto da última edição do Desafio Total. Ontem, o grupo fazia a última sessão de ensaios para a sua primeira aparição em público.
ELCIDIO BILA
fonte: http://opais.sapo.mz/index.php/cultura

Defendida políticas consentâneas para promoção do gènero em África

dd
FILOMENA DELGADO, MINISTRA DA FAMÍLIA E PROMOÇÃO DA MULHER

A ministra da Família e Promoção da Mulher, Filomena Delgado, defendeu em Addis Abeba (Etiópia), políticas públicas consentâneas susceptíveis de acelerar a elevação do gênero em África, privilegiando as jovens para que tenham acessos em pé de igualdade com os rapazes.

A governante advogou este princípio quando falava à imprensa angolana, após a sessão de encerramento da Cimeira da União Africana (UA), realizada sábado e domingo último na sede desta organização continente, cujo tema foi "2016: Ano africano dos direitos dos humanos, com uma atenção particular para os direitos das mulheres”.

Afirmou que durante a preparação do evento, nas reuniões dos ministros e dos técnicos viu-se a necessidade de se harmonizar a plataforma de Beijing à Agenda do Desenvolvimento Sustentável e todas outras normas que existem em relação a mulher, quer a nível do continente, quer mundial, para que haja uma só voz na implementação desses projetos.

No que concerne aos direitos civis e políticos da mulher no continente, Filomena Delgada admitiu que a questão do género ganha corpo, porém, reconheceu que em termos de direitos económico, social e cultural ainda há muito que fazer, dai a necessidade de se trabalhar nesta vertente.

Expressou a sua satisfação pelo facto da Comissão da UA ter consagrado o ano de 2016 à mulher, "porque é uma forma de se avaliar e exaltar os Estados que se empenham na implementação de políticas públicas viradas para a afirmação do género".

Relativamente ao quadro do género em Angola, a governante disse ser razoável, na medida em que só o Parlamento e a Magistratura absorvem 35 porcento de mulheres.

Todavia, manifestou-se preocupada com a situação social e económica das mulheres, devido às dificuldades que vão desde o acesso aos serviços básicos, formação e emprego.

Neste sentido, a ministra anunciou que o seu pelouro está a trabalhar na legislação e nos programas para que em Março deste ano seja aprovado o Plano de ações para a Mulher Rural referente ao ano de 2016.

Fonte: ANGOP/BA

Sahel continua a enfrentar forte pressão da mudança climática

Ocha explica que região é uma das que mais sofrem com os efeitos de padrões imprevisíveis do clima, em especial secas e degradação da terra; se não forem tratados os desafios, população continuará a sofrer ao longo de 2016.


Campo de refugiados de Mbera, na Mauritânia, na região do Sahel. Foto: PMA/Justin Smith

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A região africana do Sahel continua a enfrentar extrema pobreza, rápido crescimento da população e efeitos da mudança climática. O Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, faz um alerta: se os desafios não forem tratados, as perspectivas para o Sahel são ruins e as pessoas mais vulneráveis irão continuar a sofrer.
Segundo o Ocha, a região é uma das que mais sofrem com os efeitos da mudança climática, devido a movimentações imprevisíveis do clima, que estão a gerar secas e degradação de terra cada vez mais frequentes.
Perspectivas
Boa parte da população depende da agricultura para sobreviver. Os choques ambientais geram insegurança alimentar, fome crónica e má nutrição.
Conflitos armados e violência em países do Sahel são outros factores a contribuir para a vulnerabilidade. O Ocha aponta também para a falta de empregos e desigualdades sociais, o que gera riscos de radicalização ou do recrutamento de jovens para o combate.
População
Um informe do Ocha cita futuros eventos extremos do clima que colocam Chade, Níger e Nigéria entre os países com nível "extremo de risco climático". Com economias fragilizadas e fraca governança, as condições da região só tendem a piorar.
O levantamento feito pelo Escritório mostra que 150 milhões de pessoas vivem no Sahel. Quatro entre cinco são dependentes da agricultura e uma entre seis enfrenta insegurança alimentar.
Água
A população da região cresce em média 3.5% por ano, a dobrar de tamanho a cada três décadas. Especialistas temem que não haverá alimentos suficientes e muito provavelmente a produção de cereais precisará dobrar até 2050.
A água já está escassa no Sahel, sendo um bem natural muito importante para a agricultura: 98% da produção depende da água da chuva. A quantidade de água disponível por habitante caiu 40% nos últimos 20 anos devido ao crescimento populacional e menores recursos.
Segundo o Ocha, a temperatura média na região poderá subir entre 3° e 6°Celsius até o fim do século. Há estudos que mostram que esse aumento poderá gerar até 25% de queda na produção de alimentos. Para o ano de 2016, o Escritório da ONU prevê que 24 milhões enfrentem insegurança alimentar.
Resolver a "tripla crise" do Sahel (humanitária, de governança e de segurança) precisa ser prioridade na avaliação do Ocha, que revela que 110 entidades de assistência humanitária estão a atuar em nove países da região.
Fonte: http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese

Novo modelo eleitoral é adotado na Somália

Secretário-geral saudou quota de 30% para mulheres e minorias no parlamento; Ban fala de caminho aberto para transição dentro do tempo previsto; modelo prevê Câmara Baixa de 275 membros e 54 integrantes da Câmara Alta.


Parlemento terá cota de 30% para a representantes femininas e minorias. Foto: Amisom

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque. 
O secretário-geral saudou a decisão do governo somali de criar um modelo do processo eleitoral que prevê duas câmaras parlamentares. Em nota, Ban Ki-moon destaca a “inclusão e a representação” como bases da medida.
O chefe da ONU disse que a decisão tomada esta quinta-feira abre caminho para uma transição dentro do tempo previsto ainda no período das atuais instituições.
Mulheres
Ban elogiou especialmente o compromisso de uma cota de 30%  para a representação feminina e de grupos minoritários, que incluem mulheres, na próxima legislatura.
O novo sistema foi anunciado ao Conselho de Segurança momentos após ter sido adotado, na voz do representante do secretário-geral no país.
Michael Keating disse que a Câmara Baixa será composta por 275 membros. A base será uma fórmula de partilha de poder entre vários clãs. Está também prevista uma Câmara Alta com 54 membros, que será representada por membros atuais e potenciais além de entidades da Puntlândia e da Somalilândia.
Progresso
Durante seis meses, as consultas para o modelo envolveram administrações regionais, parlamentares, anciãos tradicionais e a sociedade civil somalis.
Para Ban, trata-se de um sinal de progresso do país para a consolidação da paz e do Estado. Ban pediu apoio das partes envolvidas para um processo executado a tempo e num espírito de unidade e de compromisso nacional este ano.
A nota encerra com o chefe da ONU a reiterar que é urgente criar um roteiro político para o pleito de 2020 na Somália, além de se garantir a continuação do impulso dado pelo país na transição para a democracia.
Fonte: http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese

Mulheres Pretas

    Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme “Xica...