sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A revolução escrava do Haiti


A Revolução
A 22 de Agosto de 1791, os escravos de Saint-Domingue erguem-se em revolta e a colónia francesa mergulha numa guerra civil.
O sinal foi dado por Dutty Boukman, um sacerdote de vodu e líder dos escravos “Maroon”, durante uma cerimónia religiosa em Bois Caïman na noite de 14 de Agosto. Dez dias depois, os escravos já tinham tomado o controlo de toda a Província do Norte, numa revolta escrava sem precedentes e muito violenta, que deixou aos colonos apenas o controlo de alguns campos fortificados isolados.
Os fazendeiros sempre temeram uma revolta e por isso estavam preparados e bem armados. Assim, retaliaram massacrando os prisioneiros negros trazidos pelos soldados.
Em poucas semanas, o número de escravos que se juntou à revolta ascendia já a aproximadamente 100 mil e em dois meses, com a escalada da violência, já tinham morto 2 mil colonos e destruído 180 plantações de açúcar e centenas de café.
Por 1792, os escravos controlavam um terço da ilha. O sucesso da rebelião de escravos levou o recém-eleita Assembleia Legislativa francesa a perceber que estava a enfrentar uma situação ameaçadora e que para proteger os seus interesses económicos teria de conceder direitos civis e políticos aos homens livres de cor nas colónias – veio a fazer isso em Março de 1792, uma decisão que chocou vários países da Europa e os EUA. Para além disso, enviaram 6 mil franceses para a ilha.
Entretanto, em 1793, a França declarou guerra à Grã-Bretanha. Nessa altura, os fazendeiros e proprietários de escravos de Saint-Domingue fizeram acordos com os britânicos para reforçar a soberania inglesa nas ilhas.
A Espanha, que controlava o resto da ilha de Hispaniola, acaba por também participar no conflito, lutando com a Grã-Bretanha contra a França, invadindo a ilha e juntando-se às forças dos escravos.
Em 1793 já só havia 3.500 soldados franceses na ilha. Para evitar o desastre militar, um comissário francês libertou os escravos na sua jurisdição.
A decisão foi confirmada e alargada pela Convenção Nacional, em 1794, quando formalmente se abole a escravidão e se concedem direitos civis e políticos a todos os homens negros nas colónias. Estima-se que a rebelião de escravos resultou na morte de 100.000 negros e 24.000 brancos.
Um dos comandantes negros com mais sucesso foi Toussaint L'Ouverture. Como Jean François e Biassou, ele inicialmente lutou pela coroa espanhola, mas após a invasão da ilha pelos britânicos, ele decidiu lutar pelo lado francês, com a condição de estes concordarem em libertar todos os escravos.
A 29 Agosto 1793, Sonthonax proclama o fim da escravatura.
Em 1801, L'Ouverture emitiu uma constituição para Saint-Domingue que previa a autonomia e o decretava governador vitalício.
Em retaliação, Napoleão Bonaparte envia para a ilha uma grande expedição militar francesa, liderada pelo seu cunhado Charles Leclerc, para restaurar a lei francesa e, sob instruções secretas, repor a escravatura.
Durante as lutas, alguns aliados de L'Ouverture, como Jean-Jacques Dessalines, desertaram para Leclerc.
Durante alguns meses, a ilha esteve tranquila sob o domínio de Napoleão, mas quando se torna evidente que este pretendia restabelecer a escravidão, Dessalines e Pétion mudam de lado e em Outubro de 1802, combatem contra os franceses. Enfrentaram um duro combate, primeiro contra Leclerc, depois contra o Visconde de Rochambeau.
Dessalines liderou a rebelião até a sua conclusão, quando as forças francesas foram finalmente derrotados em 1803. A última batalha aconteceu a 18 de Novembro e ficou conhecida como a “Batalha de Vertières”.
A 1 de Janeiro de 1804, Dessalines, o novo líder sob a Constituição ditatorial de 1801, declarara o Haiti uma república livre.
Haiti independente
O Haiti foi então a primeira nação independente da América Latina, a primeira nação independente pós-colonial do mundo a ser liderada por um negro e a única nação cuja independência foi obtida como parte de uma rebelião de escravos bem-sucedida.
O país chega à independência com muitos anos de guerra, com a agricultura devastada, o seu comércio formal inexistente e as pessoas sem educação e principalmente não qualificadas.
Em 1825, o Haiti concordou em fazer reparações a antigos donos de escravos franceses, na ordem dos 150 milhões de francos (reduzindo o montante em 1838 para 60 milhões de francos) em troca do reconhecimento da sua independência pela França e para se libertar da opressão francesa.
Esta indemnização causou a falência do tesouro haitiano, que hipotecou o seu futuro aos bancos franceses para pagar a primeira grande parcela, afectando assim e definitivamente a prosperidade do Haiti.
O fim da Revolução Haitiana em 1804 marcou o fim definitivo do colonialismo no Haiti mas o conflito social cultivado sob a escravatura continuou a afectar a população.
Depois da revolução, o poder foi tomado por uma elite “affranchi” (composta por escravos emancipados ou “pessoas de cor livres”, como eram chamados habitualmente) e pelo exército haitiano.
Só em 1834, a França reconhece formalmente o Haiti como uma nação independente e os Estados Unidos só em 1862.
Fonte: http://www.esquerda.net/dossier/revolu%C3%A7%C3%A3o-escrava-do-haiti

terça-feira, 19 de agosto de 2014

CANÇÃO NEGREIRA - José Craveirinha

JOSÉ CRAVEIRINHA (1922-2003)

Amo-te
com as raízes de uma canção negreira
na madrugada dos meus olhos pardos.

E derrotas de fome
nas minhas mãos de bronze
florescem languidamente na velha
e nervosa cadência marinheira
do cais donde os meus avós negros
embarcaram para hemisférios da escravidão.

Mas se as madrugadas
das minhas órbitas violentadas
despertam as raízes do tempo antigo ...
mulher de olhos fadados de amor verde-claro
ventre sedoso de veludo
lábios de mampsincha madura
e soluções de espasmo latejando no quarto
enche de beijos as sirenas do meu sangue
que meninos das mesmas raízes
e das mesmas dolorosas madrugadas
esperam a sua vez.


* fruto comestível de planta rasteira.

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/mocambique/jose_craveirinha.html

Aluno da Udesc de Joinville é considerado o melhor do país pela sétima vez -

Aluno da Udesc de Joinville é considerado o melhor do país pela sétima vez


Estudante recebeu o Certificado de Mérito Acadêmico, do Ministério das Relações Exteriores, que premia estrangeiros que se destacam


O estudante, Naloan Coutinho Sampa, 24 anos, do campus da Udesc em Joinville, recebeu pela sétima vez, o Certificado de Mérito Acadêmico, do Ministério das Relações Exteriores. O aluno apresentou as melhores notas do País entre os integrantes do Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G) do governo federal.
Natural da República de Guiné-Bissau, na costa ocidental da África, Naloan estuda em Joinville desde 2008 e deve concluir os estudos ainda neste ano.
Além do excelente rendimento em sala de aula, o aluno da décima fase do curso de engenharia civil já atuou como voluntário no projeto de extensão de coleta seletiva e desde o segundo semestre de 2010 participa como bolsista de pesquisa do CNPq, na área de materiais.
— Naloan é um exemplo a ser seguido, pelas dificuldades encontradas e pela perseverança em atingir os seus objetivos —, afirma a professora-chefe do departamento de engenharia civil, Sandra Denise Kruger Alves.
Filho de professora, Naloan tem mais 12 irmãos. Tímido, admite ter enfrentado dificuldades para se adaptar ao Brasil, mas aos poucos conquistou a admiração dos professores e companheiros de classe.
— Fiz muitos amigos aqui e hoje me sinto em casa —, conta Naloan.
A Bolsa Mérito do Ministério das Relações Exteriores repassa auxílio financeiro no valor de R$ 622 por seis meses para os alunos do PEC-G. Além de Naloan, há outros cinco alunos estrangeiros estudando na Udesc Joinville, vindos do Paraguai, Bolívia e Angola. Estes estudantes não concorrem com os candidatos ao vestibular, são selecionados pelo Ministério da Educação (MEC) e amparados pela norma que concede uma parcela de vagas aos estudantes de outros países conveniados.


Leia a matéria completa em: Aluno da Udesc de Joinville é considerado o melhor do país pela sétima vez - Portal Geledés 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Lenda do tambor africano

 Dizem na Guiné que a primeira viagem à Lua foi feita pelo Macaquinho de nariz branco. Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à Lua a fim de trazê-la para a Terra. Após tanto tentar subir, sem nenhum sucesso, um deles, dizem que o menor, teve a ideia de subirem uns por cima dos outros, até que um deles conseguiu chegar à Lua.

Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que ficou pendurado na Lua. Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir. A Lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho. O macaquinho foi ficando por lá, até que começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir à Lua que o deixasse voltar.

A Lua o amarrou ao tamborinho para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não tocasse antes de chegar à Terra e, assim que chegasse, tocasse bem forte para que ela cortasse o fio.

O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade do caminho, não resistiu e tocou o tamborinho. Ao ouvir o som do tambor a Lua pensou que o Macaquinho houvesse chegado à Terra e cortou a corda. O Macaquinho caiu e, antes de morrer, ainda pode dizer a uma moça que o encontrou, que aquilo que ele tinha era um tamborinho, que deveria ser entregue aos homens do seu país. A moça foi logo contar a todos sobre o ocorrido.

Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros sons de tambor.

Fonte/. http://baudashistoriasepoemas.blogspot.com.br/2010/06/contos-africanos.html

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Atriz Keke Palmer será a primeira Cinderela negra da Broadway


A atriz Keke Palmer será a primeira Cinderela negra da história da Broadway, a partir de 9 de setembro, quando se tornará protagonista do musical "Rodgers & Hammerstein's Cinderella".
"É algo que eu nem consigo acreditar que está acontecendo de verdade", disse Palmer. "Estou muito empolgada e nervosa ao mesmo tempo. Um monte de sentimentos simultâneos."

Aos 21 anos, ela será mais uma a vestir os sapatinhos de cristal, numa linha de atrizes que começou com Laura Osnes e já passou até por Carly Rae Jepsen, a cantora do hit "Call Me Maybe".

Chris Pizzello - 1º.fev.2013/Associated Press
A atriz americana Keke Palmer em premiação em Los Angeles, em 2013
A atriz americana Keke Palmer em premiação em Los Angeles, em 2013

Atualmente, quem faz a Cinderela no musical é Paige Faure. No entanto, a peça começará a rodar os Estados Unidos em breve —por isso, Palmer foi convocada para substituir Faure na Broadway.

É a primeira vez que a atriz subirá aos palcos. Ela é conhecida por ter feito os filmes "Prova de Fogo" (2006) e "Um Salão do Barulho 2" (2004), além da série "Masters of Sex", do canal americano Showtime.

"Ela atua de maneira linda, ela dança, ela canta. É uma jovem formidável", afirmou o produtor Robyn Goodman, produtor vencedor do Tony, o Oscar do teatro americano. "Eu acho que ela será adorável."

"Nós sempre escalamos as melhores pessoas para os papéis", afirmou Goodman quando questionado sobre a escolha de uma Cinderela negra.

"Às vezes, elas são negras, às vezes elas são latinas, às vezes são asiáticas. É maravilhoso quando dá certo e finalmente achamos nossa Cinderela."

Recentemente, o ator Norm Lewis se tornou o primeiro negro a fazer o papel de Fantasma da Ópera no musical da Broadway de mesmo nome.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/08/1495722-atriz-keke-palmer-sera-a-primeira-cinderela-negra-da-broadway.shtml

Vem aí na Globo: mais uma série para colocar as negras em seu devido lugar

O elenco da nova série
A Rede Globo vai lançar mais um produto para reforçar os estereótipos que associam os negros à pobreza. Escrita por Miguel Falabella e prevista para estrear em setembro, a série “Sexo & as Negas” será uma versão de “Sex & the City” ambientada no bairro de Cordovil, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
No lugar das mulheres profissionalmente bem sucedidas da série original, a versão brasileira terá uma camareira, uma cozinheira, uma operária e uma costureira.
O título de gosto duvidoso entrega um detalhe: as quatro protagonistas são negras. A série vai seguir a tendência cristalizada na mídia brasileira de associar a população negra à pobreza, à favela, ao samba etc.
Não vejo problemas na ideia de Falabella ambientar a história em um “subúrbio”, assim como caráter não se mede pela profissão exercida. O que me incomoda é a insistência em estereotipar a população negra, principalmente do sexo feminino, ignorando que há negras de classe média, com nível universitário e ocupando posições de destaque.
Negras que consomem cosméticos badalados, compram automóveis, casa própria e até os tais sapatos Manolo Blahnik, objeto de desejo de Carrie Bradshaw, a personagem principal de “Sex & The City”. Elas ainda são minoria em relação à população branca, mas numerosas o suficiente para merecer um tratamento mais igualitário dos meios de comunicação.
Embora sejam mais de 50% da população brasileira, negros e pardos são minoria entre os personagens da teledramaturgia e da publicidade. Tanto que estrangeiros menos informados, influenciados pelas telenovelas exportadas mundo afora, ficam surpresos quando descobrem que o Brasil é o segundo país mais negro do mundo.
Os escassos papéis com atores ou atrizes negros são destinados, em sua maioria, a personagens de menor importância na trama ou com uma condição social mais baixa. Na publicidade, então, parece que negros não consomem manteiga, cerveja, não compram automóveis, usam serviços bancários ou de telefonia.
A fala recente da filósofa e ativista americana Angela Davis resume o quadro: “Sempre assisto TV no Brasil para ver como o país se representa e a TV brasileira nunca permitiu que se pensasse que a população é majoritariamente negra”.
Pelo que os roteiristas da Globo estão produzindo, a opinião de Angela não será diferente na próxima vez em que ela visitar o Brasil e aproveitar para zapear a TV.
Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/

Itamaraty retirou do ar orientação de veto a viagens para países com Ebola

O Itamaraty retirou de seu Portal Consular, na noite desta quarta-feira (6), uma nota em que recomendava que brasileiros evitassem viagens não essenciais aos países afetados pelo vírus Ebola.

A mensagens, disponível no site desde essa terça (5), trazia uma orientação diferente daquela distribuída pelo Ministério da Saúde, que não estabeleceu, pelo menos até o momento, restrições para viagens aos países afetados (Serra Leoa, Libéria, Guiné e Nigéria), desde que observados determinados cuidados pessoais. A Saúde apenas recomenda que brasileiros evitem as áreas rurais diretamente atingidas pela doença.

A reportagem questionou o Ministério da Saúde, no início da noite desta quarta, sobre a disparidade de orientações. Duas horas depois, a Saúde respondeu que, após a consulta da Folha, as áreas técnicas dos dois ministérios conversaram e chegaram a uma posição comum: "Não há orientação neste momento para restrição de viagens, e as medidas sanitárias devem seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde e das autoridades locais".

"A OMS não recomenda restrições de viagens para os países que apresentam transmissão porque o risco de infecção para os viajantes é muito baixo, já que a transmissão de pessoa a pessoa só se dá com o contato direto com os fluidos corporais ou secreções de um paciente infectado. Além disso, a transmissão ocorre, principalmente, em vilas e povoados de áreas rurais", orienta uma nota técnica no site do Ministério da Saúde.

Após a resposta da Saúde, a reportagem procurou o Itamaraty, que confirmou a conversa entre as áreas técnicas. Segundo o Itamaraty, a nota seria retirada do ar para "harmonização" de entendimentos entre os órgãos do governo.

Até o momento, a nota não foi republicada.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/08/1496874-itamaraty-retirou-do-ar-orientacao-de-veto-a-viagens-para-paises-com-ebola.shtml

Depois da Flip - Contardo Calligaris

Passei o fim de semana em Paraty, na Flip. Fora o cuscuz de tapioca e o bolo de aipim, que são vendidos pelas ruas da cidade, o que não esquecerei da Flip deste ano?

1) O encontro com Francisco Lellis, que eu não via há quase 30 anos. Lellis, historiador e cozinheiro, lançou em Paraty, no Senac, um bonito livro de história da gastronomia, escrito com André Boccato, jornalista e também cozinheiro, "Os Banquetes do Imperador, Menus Colecionados por Dom Pedro 2º" (Senac).

Lellis foi meu primeiro (e único) professor de português, em Paris (onde ele continua morando). Ele me dava aulas particulares na época de minhas primeiras viagens ao Brasil, nos anos 1980, e me transmitiu um carinho pela língua portuguesa sem o qual nunca eu teria chegado a gostar da língua que hoje me parece minha.

2) No fim da Flip, um amigo me perguntou qual seria, ao meu ver, o livro mais duradouro desta safra.
Às vezes, o efêmero é tão importante quanto o duradouro (nas relações amorosas, a duração não é garantia de qualidade). Essa reserva feita, na safra deste ano, o livro que, ao meu ver, mais durará será "Longe da Árvore", de Andrew Solomon (Companhia das Letras), que é uma extraordinária reflexão sobre nossa capacidade (ou incapacidade) de aceitar que nossos filhos sejam diferentes de nós. Valorizamos a diferença, mas é difícil dizer o quanto toleramos que nossos rebentos não correspondam às nossas expectativas.

Na volta de Paraty, li a notícia de um casal australiano que recorreu a uma barriga de aluguel tailandesa; a mãe de aluguel teve gêmeos, um dos quais com síndrome de Down; o casal trouxe de volta para a Austrália só a menina, que era "normal" .

Fui para a Flip para um bate-papo na Casa Folha; o título previsto era: "Desejo, Obediência e Rebeldia". De fato, prevaleceu a vontade de conversar livremente. Um tema acabou sendo, justamente, a dificuldade em aceitar que os filhos sejam "seres sexuados" (mais "sexuados" do que a gente?).

Por que aceitamos, cada vez mais, que filhos e filhas tragam namoradas e namorados para casa, inclusive para dormir? Será que o pretexto da segurança é a única razão de nossa "permissividade"?

Há outra hipótese. Talvez a gente encoraje nossos adolescentes a viver paródias de casamentos como um jeito de conter e normalizar a vida sexual deles: vivam "casados" na casa dos pais, talvez, assim, vocês não sejam tentados por sexualidades furiosas e "animadas" além da conta. Enfim, para desenvolver o tema do bate-papo, eu tinha preparado algumas ideias. Menciono duas, para não perdê-las.

1) Desejar, hoje, parece ser sempre bom. E não desejar seria uma espécie de pecado mortal. Isso, talvez, porque a insatisfação crônica do desejo é o que temos de melhor contra a finitude da vida. Se eu parar de desejar (qualquer coisa —o que importa é que o desejo não se apague), o que me protegerá da morte? Em nome de que pedirei mais tempo de vida?
Meditar sobre a brevidade da vida e a proximidade da morte (exercício aconselhado até dois séculos atrás) saiu de moda. Claro, a brevidade da vida continua igual: evitamos apenas a meditação sobre ela.

2) O desejo está na rebeldia ou na obediência? Faz meio século que vivemos uma tremenda valorização da rebeldia. É como se, em nome do desejo, só fosse possível se rebelar; ou como se houvesse desejo só na transgressão —aliás, como se a transgressão fosse a prova de que ainda estamos desejando. Curiosamente, há muitos casos em que a obediência é uma condição necessária para realizar o desejo da gente.

Primeiro, é possível que alguém tenha o desejo de obedecer. Segundo, obedecer a um terceiro pode ser necessário para a gente realizar um desejo que, sem isso, a gente não se permitiria (a obediência, nesse caso, funciona como uma autorização e uma "desculpa").

A grande questão da psicologia social desde os anos 1950 pode ser resumida assim: quem pratica o horror em nome de uma regra, será que ele gosta de obedecer e está disposto a fazer qualquer coisa para satisfazer seu desejo de obedecer? Ou será que ele obedece à regra porque a regra é o pretexto que o autoriza a praticar o horror?

A questão se aplica a qualquer um que pratica o horror em nome de uma regra —do guarda de campo de concentração até o pequeno funcionário de uma repartição pública que maltrata a velhinha que está na fila desde as primeiras horas do dia.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2014/08/1496605-depois-da-flip.shtml

domingo, 3 de agosto de 2014

UNICEF tenta travar entrada do Ébola na Guiné Bissau


Surto de febre hemorrágica fora de controlo em três países vizinhos, onde fez
mais de 600 vítimas mortais em cinco meses. primeiro caso diagnosticado na
Nigéria




O vírus do Ébola matou mais de 660 pessoas em três países da África de Oeste, desde que foi diagnosticado o primeiro caso, em fevereiro.

O surto está mesmo fora de controle das autoridades sanitárias na Serra Leoa, na Libéria e na Guiné Conacri e recentemente foi detectado um liberiano infetado em Lagos, na Nigéria. Só nos últimos dias verificaram-se 45 novos casos.

A Guiné Conacri, que faz fronteira com a Guiné Bissau, é um dos países mais
atingido pela febre hemorrágica, inclusive na zona de fronteira, razão pela qual
a representação em Bissau de Fundo das Nações Unidas para a Infância está
envolvida numa mega campanha de prevenção e que passa por uma mudança
de atitudes e transformação social, que requer o apoio da Comunicação Social.

Fonte: http://www.rtp.pt/rdpafrica/?t=UNICEF-tenta-travar-entrada-do-Ebola-na-Guine-Bissau.rtp&article=3068&visual=6&tm=10&headline=16


Mulheres Pretas

    Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme “Xica...