"Quando pegas em um ato ou uma fala racista, as
pessoas dizem que foram mal interpretadas e que
não esperavam tal repercussão, pois até então se
sentiam seguras, escondidas atrás de sua
branquitude. E aqui uso o conceito de branquitude de
Ruth Frankenburg, como sendo “um lugar estrutural
de onde o sujeito branco vê aos outros e a si mesmo,
uma posição de poder não nomeada, vivenciada em
uma geografia social de raça como um lugar
confortável e do qual se pode atribuir ao outro aquilo
que não atribui a si mesmo”. Ana Maria Gonçalves.
http://blogueirasnegras.org/
branquitude-esta-nua/
Ana Maria Gonçalves nasceu em 1970, na cidade Ibiá-MG. Publicitária por formação, residiu em São Paulo por treze anos até se cansar do ritmo intenso da cidade e da profissão. Em
viagem à Bahia, encantou-se com a Ilha de Itaparica, onde fixou residência por cinco anos e descobriu sua veia de ficcionista, passando a se dedicar integralmente à literatura. Atualmente,
reside em New Orleans, no estado americano da Louisiana.
Em 2002, estreou como escritora com a publicação de Ao lado e à margem do que sentes por mim – “livro terno, íntimo, vivido e escrito em Itaparica”, segundo o depoimento de Millor Fernandes. O livro teve circulação restrita, apesar da primorosa edição artesanal. Mas é em 2006 que a autora se torna
conhecida no meio literário com o lançamento de Um defeito de cor, épico de 952 páginas.
O romance narra a trajetória de Kehinde, uma escrava nascida no Benin (atual Daomé), desde o instante em que é capturada, aos 8 anos, até seu retorno à África como mulher livre, porém sem o filho, vendido como escravo pelo próprio pai a fim de saldar uma dívida de jogo. O texto dialoga com o modelo pósmoderno da metaficção historiográfica e traz para a narrativa parte da trajetória de vida do poeta Luís Gama, também ele vendido como escravo, embora nascido livre. Um defeito de cor conquistou o importante o Prêmio Casa de Las Américas de 2007 como melhor romance de literatura brasileira.
Ana Maria Gonçalves vem participando de inúmeros eventos literários no Brasil e no exterior. Atualmente, prepara seu novo romance, que aborda o universo das Minas Gerais no tempo da colônia.
Fonte: Literafro/UFMG
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