quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Rainhas negras da África desbancam Barbies na Nigéria


R7/GA



Com a economia da Nigéria em ascensão e mais crianças negras do que em

 qualquer outro lugar do mundo, Taofick Okoya ficou perplexo ao descobrir, 
anos atrás, que não podia encontrar uma boneca negra para a sobrinha.
O empreendedor, hoje com 43 anos, notou que havia um nicho de mercado, 

com pouca concorrência, ocupado por multinacionais como a Mattel, fabricante
 da famosa Barbie. Diante disso, ele resolveu criar seu próprio negócio.
 Encomendou as peças na China, montou-as na própria Nigéria e acrescentou
um toque local — trajes típicos desta região da África.
Sete anos depois, Okoya vende entre 6.000 e 9.000 unidades mensais das

 linhas "Rainhas da África" e "Princesas Naija", e calcula dominar de 10% a 15% 
de um mercado ainda pequeno, mas que cresce aceleradamente.
Eu gosto", disse Ifunanya Odiah, de cinco anos, que mal continha o entusiasmo

 ao ver uma boneca fabricada por Okoya em um shopping center de Lagos.
“Ela é negra, igual a mim.”
Embora muitas multinacionais estejam explorando os mercados africanos, 

a experiência de Okoya indica que, pelo menos em algumas áreas, há espaço 
para que empresas locais aproveitem o conhecimento nativo de modo a atender
 uma classe média cada vez maior e mais sofisticada.
Ninguém duvida do potencial econômico da Nigéria. O economista Jim O'Neill,

 criador da sigla Brics, reunindo grandes nações em desenvolvimento
 (Brasil, Rússia, Índia, China e posteriormente África do Sul), popularizou
 recentemente outra sigla, Mint, alusiva a uma nova onda de 
emergentes: México, Indonésia, Nigéria e Turquia.
Com cerca de 170 milhões de habitantes, a Nigéria é disparadamente a

 mais populosa nação africana. E, com um crescimento em torno de 7% ao ano,
 aspira ultrapassar a África do Sul como maior economia do continente.
Várias multinacionais já estão há anos instaladas na Nigéria. A fabricante de 

bebidas Diageo, por exemplo, vende mais cerveja Guinness na Nigéria do que
 na Irlanda, país de origem da marca. A rede sul-africana de supermercados 
Shoprite já tem sete lojas na Nigéria e planeja abrir centenas de outras.
No setor de brinquedos, o espaço para crescimento também é evidente. 

Entre 2006 e 2011, esse mercado teve um aumento de 1% ao 
ano nos países em desenvolvimento, enquanto nas nações emergentes 
a cifra foi de 13%. No caso específico da Nigéria, a mentalidade consumista
 ainda engatinha, e isso representa uma oportunidade para os empreendedores.
A Mattel há décadas vende bonecas negras, mas uma porta-voz disse que sua

 presença na África Subsaariana é "muito limitada" e que a empresa 
"não tem neste momento planos de expansão nesta área para compartilhar".
As companhias estrangeiras, de fato, têm boas razões para verem a Nigéria 

com cautela. Apesar da expressiva taxa de natalidade, dois terços das crianças
 nigerianas nascem em famílias sem condições de consumirem brinquedos.
 As multinacionais também citam a má infraestrutura e a corrupção das 
autoridades portuárias como motivos para evitar o país.
As bonecas de Okoya custam a partir de 1.300 nairas, podendo chegar a 3.500

 nairas (22 dólares) no caso de uma edição especial das "Rainhas". 
A margem de lucro do empresário é de cerca de um terço, e, além das vendas
 internas, ele cada vez mais exporta para os EUA e a Europa.
Okoya agora planeja lançar bonecas alusivas a outros grupos étnicos africanos,

 e negocia com a rede sul-africana Game, subsidiária do Wal-Mart, para colocar 
seu produto em 70 lojas do continente.
Como as Barbies, as bonecas de Okoya são esbeltas, um padrão de beleza 

ocidental que é abominado pela maioria dos africanos adultos. Okoya disse 
que seus primeiros protótipos eram mais "cheinhos", mas que as crianças
 rejeitaram. Ele, no entanto, ainda espera mudar isso.
“ Por enquanto, precisamos nos esconder atrás da boneca ‘normal'. 

Quando tivermos construído a marca, poderemos fazer bonecas com corpos maiores.”

Divulgação
Fonte: midiamax

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