quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Livro conta histórias tradicionais de povos africanos para crianças

Quando se formou em jornalismo na Escola de Comunicação e Artes da USP, Silvana Salerno decidiu sair pelo mundo com uma mochila —sem prazo para voltar. Comprou então, com o marido, uma passagem só de ida para Dacar, capital do Senegal, no oeste da África.

Lá passou dois meses. "A gente mergulhou nessa cultura pelas mãos dos nativos. Conhecemos um rapaz que virou nosso guia, comemos em lugares populares, nos hospedamos em hotéis populares", conta ela. Depois, seguiram para Casablanca, no Marrocos, alugaram um carro e passearam por toda a costa do país, que fica no norte do continente.

Dessa experiência surgiu a paixão pela África que a fez começar a escrever o livro que lança no fim do mês, "Contos do Rio, da Selva e da Savana" (editora Girassol), voltado para crianças de "mais ou menos" 9 a 12 anos.

"Já tinha escrito livros sobre cultura popular, e a África sempre esteve no meu coração", conta. Ela diz que algumas das histórias que compõem a obra partiram da viagem, mas boa parte veio de uma intensa pesquisa que a autora fez em Paris, "onde sempre costumo ir".

Fuçando as livrarias africanas e consultando as bibliotecas públicas da capital francesa, Salerno trouxe na bagagem 35 livros, com histórias da tradição oral de países que serviram de fonte de escravos para o Brasil. Os contos vêm do Senegal, do Mali, do Benin e do Congo, entre outros.

"Daí fui peneirando, peneirando, porque essas histórias muitas vezes são concisas, podem ser contadas em três parágrafos e só", diz. As que ficaram foram aquelas que a autora julgou ter alguma mensagem, mas sem moralismos.

Assim é "A Estratégia de Ximba", que conta como um rapaz magro, sem aparência de valente, conseguiu derrotar o temível crocodilo Nguenia.

Nenhum dos homens da aldeia, nem o mais poderoso guerreiro, havia conseguido matar o bicho, que dominava os outros animais. Mas, usando a astúcia, o angolano Ximba conseguiu jogar o crocodilo contra seus "súditos". Estes, percebendo que Nguenia estava prestes a atacá-los, se juntam e acabam por matá-lo.

"Quando eu li essa história em uma escola, surgiu toda uma discussão", conta a autora. "Disseram de cara que o crocodilo se deu mal porque se isolou dos outros bichos, que um líder não pode se isolar."

É esse tipo de mensagem, diz, que quer comunicar aos jovens leitores. "E não uso uma linguagem infantilizada, não. Claro que é simplificada, mas não estou escrevendo para bebezinhos."

Fonte: Folhauol

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