terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A resistência do projeto "Faça Amor, Não Faça Chapinha"

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Já no ensino médio aprendemos que o gene do cabelo cacheado é predominante ao liso. O professor passa horas nos explicando que quem tem cabelo encaracolado e crespo é Aa ou AA, enquanto liso é aa. A teoria parece ser difícil de entender, então as meninas do projeto “Faça Amor, Não Faça Chapinha” foram para a prática e começaram a desenhar o esboço do que se tornaria não só uma interação entre ‘pessoas cacheadas’, mas também um manifesto à favor da resistência dos cachos.

faça amor1 A resistência do projeto Faça Amor, Não Faça Chapinha

Letícia Carvalho, de 17 anos foi a responsável pelo desenho que hoje é símbolo e logomarca do projeto. Em 2013, inspirada pela fanpage ‘Faça Amor, Não Faça Barba’, Letícia fez seu primeiro rascunho, tirou uma foto e compartilhou com seus amigos. No momento inicial, ela não esperava que aquela imagem faria tanto sucesso. “Tirei uma foto bem feiosa na webcam e postei no meu facebook com a legenda que hoje dá nome ao projeto e, para minha surpresa, a imagem rendeu muito. Uma das pessoas que viu a imagem, a Amanda Bomfim, pediu para criar uma página com a frase e a chamei para me ajudar”, conta Letícia. No início, quatro garotas ficaram à frente do projeto: Letícia, Nathália Ferreira, Amanda, Nathália Hera e Rayana Soares.
Entre camisetas, bottons, bolsas e desenhos, as meninas conquistaram a atenção e carinho de pessoas de todo o Brasil, que passaram a enviar as próprias fotos, algumas vezes acompanhadas de uma experiência de vida contando as dificuldades e os prazeres de revelar a cabeleira ondulada.

faca amor2 A resistência do projeto Faça Amor, Não Faça Chapinha
Atualmente são mais de 100 mil seguidores no facebook, mais de 3 mil histórias relatadas e dois encontros oficiais, que em 2015 a promessa é de que mais sejam realizados. Nos encontros, são feitas rodas de conversa e gincanas para deixar todos mais à vontade e também usando como temas as brincadeiras de “mau gosto” e preconceitos são divididos para que, juntas, ela possam se unir e encarar o dia a dia com mais tranquilidade. “Esses momentos são muito importantes, porque tem muitas pessoas que, por não conseguirem responder e encarar os preconceituosos, acabam sofrendo ainda mais. Na infância, as crianças escutam muito que o cabelo delas é ruim, é ‘fuá’, e elas acabam tomando isso como verdade. Quando crescem, têm vergonha do próprio cabelo e passam por muitos processos para alisar. É para isso que os encontros servem, para que possamos externar nossas experiências e compartilhá-las entre nós”, diz Letícia.
faça amor5 A resistência do projeto Faça Amor, Não Faça Chapinha
Com o sucesso da página, as meninas passaram a enviar seus produtos para diversos estados, entre eles São Paulo e Minas, os que mais compraram depois dos pernambucanos. E entre entradas e saídas, hoje elas são 5: Amanda, Letícia e Nathália, presentes desde o início, e Alice do Monte e Katarina Mendes.
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Vencendo o preconceito, enaltecendo o orgulho de ter cabelos crespos e cacheados, partilhando ideias e vivências, um pequeno grupo de meninas mostrou a todos que a representatividade dos cabelos precisa ser mostrada para que tabus e outros tipos de preconceito sejam quebrados, encorajando a liberdade dos cachos. Essa luta é uma luta diária, mas que não pode ser feita sozinha, então… faça amor, não faça chapinha!
Para conferir a fanpage do projeto no facebook, acesse: Faça Amor, Não Faça Chapinha
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Fonte: Folhauol
9/12/2014Geledés Instituto da Mulher Negra


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