quinta-feira, 27 de novembro de 2014

África do Sul reconta trajetória de Nelson Mandela, morto há um ano

Muitos lugares são bonitos, outros, espetaculares, exóticos.
Uns poucos são necessários. Em geral, lugares que contam a história,
talvez até de maneira muito crua, explícita, mas que existem para isso,
 para que algo importante não seja esquecido. Nem sempre são destinos óbvios.
 Se é fácil ir a Berlim e topar com o que restou do muro, não é fácil estar
 no Japão e tomar a decisão de ir a Hiroshima.
É evidente que a África do Sul entra nessa lista de lugares necessários.
O país convulsionava há coisa de três décadas. Seu líder mais conhecido,
 Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013), preso desde 1964 em
 Robben Island, a 40 minutos de barco da Cidade do Cabo,
tinha o nome gritado nas ruas de Soweto e em passeatas e
shows de rock pelo mundo.

"Free Mandela", pedido simples e direto, colocava em xeque
 toda a ordem política e social em curso no país, baseada na
 segregação racial.

Institucionalizado em 1948, o apartheid só acabaria em 1994,
quando Mandela, aos 75 anos, votou pela primeira vez,
 assim como a maioria absoluta dos sul-africanos, e se elegeu presidente.

Um ano após a morte do maior ídolo, a ser lembrada no próximo
dia 5 de dezembro, a África do Sul se esforça para recontar a
 trajetória de Madiba, o nome de sua tribo que virou apelido.
Expediente legítimo para aumentar as receitas com turismo,
claro, mas também uma forma de não permitir que o país e
os visitantes esqueçam da brutalidade e do absurdo do regime racista.

Esforço que, em um primeiro momento, soa redundante.
Estátuas de tamanhos variados, painéis, fotos, grafites e
até propaganda política tornam impossível esquecer Mandela
 nas ruas sul-africanas. Fenômeno que o próprio, avesso
ao culto da personalidade, segundo biógrafos, certamente condenaria.

Logo, porém, seguir os passos de Mandela e da própria história da
 África do Sul se tornam um exercício. Entender a razão de
Johannesburgo ser dividida em subúrbios, e os subúrbios em
condomínios, é um dos primeiros.

Explica a maluquice que foi o apartheid, explica por que o
primeiro ato de desobediência civil capitaneado por Mandela
 foi fazer as pessoas não entrarem nos ônibus que levavam ao trabalho.

Antes que alguém grite, a África do Sul também é bonita,
espetacular, exótica...

Fonte: Folhauol

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