Por Larissa Santiago para as Blogueiras Negras
Morando no Recife há tanto tempo, eu ouço histórias de personagens incríveis tão bem contadas que ouso recontá-las vez por outra; eu as vivi ou ouvi com a curiosidade de uma filha que quer entrar no universo da mãe, do pai, da família…
Morando no Recife há tanto tempo, eu ouço histórias de personagens incríveis tão bem contadas que ouso recontá-las vez por outra; eu as vivi ou ouvi com a curiosidade de uma filha que quer entrar no universo da mãe, do pai, da família…
Inaldete em Essas Mulheres – Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Professora Inaldete é conhecida pelo Recife como a contadora de histórias, a mulher sábia das oficinas no Núcleo Afro, a pesquisadora de maracatu e das mulheres de maracatu. Foi conversando com um colega na Rua da Moeda que descobri que ela além de ser tudo isso é também a fundadora do Movimento Negro no Recife (junto com Silvio Ferreira e outros mais). Atuando no Movimento Feminista desde 1979, é também é responsável pela articulação de ações entre mulheres de seis comunidades negras do interior de Pernambuco, remanescentes de antigos quilombos.
Nascida em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, Inaldete Pinheiro de Andrade é formada em Enfermagem pela UFPE e tem mestrado em Serviço Social e Administração Hospitalar pela mesma universidade. E usando seu conhecimento na área de saúde, ela fez parte do GT Saúde da População Negra da Prefeitura do Recife e da Comissão do Programa de Anemia Falciforme da Secretaria Estadual de Saúde.
“Na mitologia angolana existe uma aranha chamada Ananse. Ela tece a história do mundo. Quando ela sai da sua teia, ela puxa o fio e vai contando histórias.”
“Na mitologia angolana existe uma aranha chamada Ananse. Ela tece a história do mundo. Quando ela sai da sua teia, ela puxa o fio e vai contando histórias.”
Professora Inaldete é aquela que tece: dona de uma vasta literatura, é filiada à União Brasileira de Escritores (UBE) e seus livros e publicações dão ênfase na difusão da riqueza da cultura negra em Pernambuco, fazendo análises sobre Racismo e Negritude além de alguns especialmente direcionados às crianças.
Carismática e Militante foi protagonista na defesa da inclusão da disciplina História da África e da Cultura Afro-pernambucana, primeiro no currículo da rede de ensino municipal do Recife, depois na grade da rede pública estadual. Os esforços na Câmara Municipal do Recife e na Casa de Joaquim Nabuco, em legislaturas passadas, não vingaram. Contudo, tal mobilização não foi em vão, pois anos depois Inaldete testemunhou a defesa incansável da proposição por parte do então deputado federal Humberto Costa no Congresso Federal. A aprovação e sanção de lei federal neste sentido ocorreu oito anos depois, em 9 de janeiro de 2003, com o número 10.639, tornando obrigatório o ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira nos três níveis de escolaridade.
Para nosso orgulho, Inaldete Pinheiro de Andrade, é detentora do título de Cidadã Recifense (2011), recebendo a Medalha Zumbi dos Palmares pela sua contribuição com a história e memória do povo negro pernambucano. Há quatro décadas ela vem fazendo ecoar da capital pernambucana o vigor de sua militância e do povo negro.
Alguns de seus livros: “Cinco cantigas para se contar” (1989), “Pai Adão era Nagô” (1989), editado pelo Centro de Cultura Luiz Freire, “Racismo e anti-racismo na literatura infanto-juvenil” (2001), pela Etnia Produção Editorial, “A Calunga e o Maracatu” (2007), editado pela Secretaria de Cultura da Prefeitura do Recife, e “Baobás de Ipojuca” (2008), pelas Edições Bagaço, são exemplo de sua preocupação com a educação em cultura afro-brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário