sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Crítica: Vida de Nelson Mandela já é roteiro pronto para filme

FÁBIO ZANINI
EDITOR DE "MUNDO"
Retratar uma vida como a de Nelson Mandela é ao mesmo tempo muito fácil e muito difícil. "Mandela", baseado na autobiografia do líder morto em dezembro, não sai ileso do desafio que é condensar a intensa vida de Mandela em pouco mais de duas horas.
Embora haja preocupação com o didatismo, o espectador pode ficar perdido em meio à rapidez com que os eventos são mostrados.
A facilidade está no fato de que, muitas vezes, a vida de Mandela é um roteiro pronto, e licenças tão comuns a cinebiografias são dispensáveis.
Keith Bernstein/Associated Press
Idris Elba (à esq.) no papel de Nelson Mandela no filme sobre a vida do líder sul-africano
Idris Elba (à esq.) no papel de Nelson Mandela no filme sobre a vida do líder sul-africano
Basta seguir à risca os fatos, como na cena em que Mandela está se defendendo no processo em que acabaria condenado à prisão perpétua.
O ator Idris Elba (Mandela) diz que a democracia racial "é um ideal que espero atingir em vida, mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer". A frase emociona e é um slogan que qualquer criança sul-africana recita de cor.
Entre os muitos méritos do filme estão o retrato pouco conhecido de Mandela jovem, advogado e amante do boxe que se envolve aos poucos na luta contra o apartheid. A rotina na prisão é recriada à perfeição: as noites de solidão, a camaradagem com os companheiros presos e o trabalho numa pedreira.
Também se desfaz o mito de que era pacifista, ao serem retratados atentados comandados por ele. Estão lá ainda pecados do ser humano Mandela, infiel e agressivo contra a primeira mulher, Evelyn.
Há inconsistências históricas, a mais séria a invisibilidade de Oliver Tambo, o líder do movimento no exílio e segunda pessoa mais importante na luta contra o apartheid.
Também não é verdade que Mandela foi preso simultaneamente a seus colegas, mas um ano antes. E a decisão de não condená-lo à morte não veio de um juiz generoso, mas de intensa pressão internacional.
Nada que enfraqueça o filme. Embora superficial em alguns momentos, é bem executado, tem ótimas atuações e dá panorama bastante bom sobre a trajetória do ícone.
MANDELA
DIREÇÃO Justin Chadwick
ESTREIA NO BRASIL 14/2
AVALIAÇÃO bom
Fonte: folhauol

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