Com a economia da Nigéria em ascensão e mais crianças negras do que em
qualquer outro lugar do mundo, Taofick Okoya ficou perplexo ao descobrir,
anos atrás, que não podia encontrar uma boneca negra para a sobrinha.
O empreendedor, hoje com 43 anos, notou que havia um nicho de mercado,
com pouca concorrência, ocupado por multinacionais como a Mattel, fabricante
da famosa Barbie. Diante disso, ele resolveu criar seu próprio negócio.
Encomendou as peças na China, montou-as na própria Nigéria e acrescentou
um toque local — trajes típicos desta região da África.
Sete anos depois, Okoya vende entre 6.000 e 9.000 unidades mensais das
linhas "Rainhas da África" e "Princesas Naija", e calcula dominar de 10% a 15%
de um mercado ainda pequeno, mas que cresce aceleradamente.
Eu gosto", disse Ifunanya Odiah, de cinco anos, que mal continha o entusiasmo
ao ver uma boneca fabricada por Okoya em um shopping center de Lagos.
“Ela é negra, igual a mim.”
Embora muitas multinacionais estejam explorando os mercados africanos,
a experiência de Okoya indica que, pelo menos em algumas áreas, há espaço
para que empresas locais aproveitem o conhecimento nativo de modo a atender
uma classe média cada vez maior e mais sofisticada.
Ninguém duvida do potencial econômico da Nigéria. O economista Jim O'Neill,
criador da sigla Brics, reunindo grandes nações em desenvolvimento
(Brasil, Rússia, Índia, China e posteriormente África do Sul), popularizou
recentemente outra sigla, Mint, alusiva a uma nova onda de
emergentes: México, Indonésia, Nigéria e Turquia.
Com cerca de 170 milhões de habitantes, a Nigéria é disparadamente a
mais populosa nação africana. E, com um crescimento em torno de 7% ao ano,
aspira ultrapassar a África do Sul como maior economia do continente.
Várias multinacionais já estão há anos instaladas na Nigéria. A fabricante de
bebidas Diageo, por exemplo, vende mais cerveja Guinness na Nigéria do que
na Irlanda, país de origem da marca. A rede sul-africana de supermercados
Shoprite já tem sete lojas na Nigéria e planeja abrir centenas de outras.
No setor de brinquedos, o espaço para crescimento também é evidente.
Entre 2006 e 2011, esse mercado teve um aumento de 1% ao
ano nos países em desenvolvimento, enquanto nas nações emergentes
a cifra foi de 13%. No caso específico da Nigéria, a mentalidade consumista
ainda engatinha, e isso representa uma oportunidade para os empreendedores.
A Mattel há décadas vende bonecas negras, mas uma porta-voz disse que sua
presença na África Subsaariana é "muito limitada" e que a empresa
"não tem neste momento planos de expansão nesta área para compartilhar".
As companhias estrangeiras, de fato, têm boas razões para verem a Nigéria
com cautela. Apesar da expressiva taxa de natalidade, dois terços das crianças
nigerianas nascem em famílias sem condições de consumirem brinquedos.
As multinacionais também citam a má infraestrutura e a corrupção das
autoridades portuárias como motivos para evitar o país.
As bonecas de Okoya custam a partir de 1.300 nairas, podendo chegar a 3.500
nairas (22 dólares) no caso de uma edição especial das "Rainhas".
A margem de lucro do empresário é de cerca de um terço, e, além das vendas
internas, ele cada vez mais exporta para os EUA e a Europa.
Okoya agora planeja lançar bonecas alusivas a outros grupos étnicos africanos,
e negocia com a rede sul-africana Game, subsidiária do Wal-Mart, para colocar
seu produto em 70 lojas do continente.
Como as Barbies, as bonecas de Okoya são esbeltas, um padrão de beleza
ocidental que é abominado pela maioria dos africanos adultos. Okoya disse
que seus primeiros protótipos eram mais "cheinhos", mas que as crianças
rejeitaram. Ele, no entanto, ainda espera mudar isso.
“ Por enquanto, precisamos nos esconder atrás da boneca ‘normal'.
Quando tivermos construído a marca, poderemos fazer bonecas com corpos maiores.”
Divulgação |
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Fonte: midiamax |
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