sábado, 11 de janeiro de 2014

Poesia africana



ARMANDO GUEBUZA
Armando Emílio Guebuza (Murrupula, Nampula, 20 de Janeiro de 1943) é um político moçambicano, atual presidente de seu país. Seus poemas apareceram primeiro no Boletim da Frelimo, juntamente com outros prestigiosos poetas guerrilheiros.
Junta-se à FRELIMO em 1963, na então Lourenço Marques e abandona Moçambique em 1964 para estudar numa escola especial na Ucrânia, base de Perevalny. No Governo de Transição (1974-1975), Guebuza ocupa a pasta da Administração Interna, e no primeiro Governo do Moçambique independente a pasta de Ministro do Interior. Ocupou então vários importantes postos governamentais e em 1992 é nomeado chefe da delegação do governo na Comissão de Supervisão e Implementação do Acordo Geral de Paz para Moçambique.
Em 2002 é eleito secretário-geral da FRELIMO, cargo que o torna candidato do partido às eleições presidenciais de 2004, que vence. Em 2 de Fevereiro de 2005 Armando Guebuza torna-se o terceiro Presidente da República de Moçambique.
                               AS TUAS DORES

                   As tuas dores
                   mais as minhas dores
                   vão estrangular a opressão

                   Os teus olhos
                   mais os meus olhos
                   vão falando da revolta

                   A tua cicatriz
                   mais a minha cicatriz
                   vão lembrando o chicote

                   As minha mãos
                   mais as tuas mãos
                   vão pegando em armas

                   A minha força
                   mais a tua força
                   vão vencer o imperialismo

                   O meu sangue
                   mais o teu sangue
                   vão regar a Vitória.


                  SE ME PERGUNTARES
Se me perguntares
Quem sou eu
Cavada de bexiga de maldade
Com um sorriso sinistro
Nada te direi
Nada te direi
Mostrarte-ei as cicatrizes de séculos
Que sulcam as minhas costas negras
Olhar-te-ei com olhos de ódio
Vermelhos de sangue vertido durante séculos
Mostrar-te-ei minha palhota de capim
A cair sem reparação
Levar-te-ei às plantações
Onde sol a sol
Me encontro dobrado sobre o solo
Enquanto trabalho árduo
Mastiga meu tempo
Levar-te-ei aos campos cheios de gente
Onde gente respira miséria em toda a hora
Nada te direi
Mostrar-te-ei somente isto
E depois
Mostrar-te-ei os corpos do meu Povo
Tombados por metralhadoras traiçoeiras,
Palhotas queimadas por gente tua
Nada te direi
E saberá porque luto.

Moçambique, 1977


TEXTOS EN ESPAÑOL
Traducción de XOSÉ LOIS GARCÍA

                               TUS DOLORES

                   Tus dolores
y mis dolores
erradicarán la opresión

Tus ojos
y mis ojos
van hablando de la sublevación

Tu cicatriz
y mi cicatriz
van recordando el látigo

Mis manos
y tus manos
van agarrando las armas

Mi fuerza
y tu fuerza
vencerán el imperialismo

Mi sangre
y tu sangre
regarán la victoria.

        
 Poemas publicados originalmente en la revista HORA DE POESIA, n. 19-20, Barcelona, sin fecha. Ejemplar cedido para la Biblioteca Nacional de Brasilia por Aricy Cuvello, y la reproducción con la debida anuência del traductor.

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