Relembre a trajetória política e pessoal do líder sul-africano, que faleceu a 5 de dezembro.
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
Nelson Mandela tornou-se presidente da África do Sul em 1994. O primeiro cidadão negro a ser eleito para o cargo máximo do país.
A chegada de Madiba, como era conhecido pelos amigos, ao poder, foi resultado de uma luta dramática contra a segregação racial, o apartheid, que o levou à prisão por 27 anos.
Advogado
Na cadeia, Mandela recebeu o número de prisioneiro: 46664. 18 dos 27 anos em que esteve preso, ele passou na Ilha de Robben, no litoral da Cidade do Cabo.
Advogado, formado em 1942, o jovem Nelson chegou às fileiras do partido do Congresso Nacional Africano, dois anos depois, à procura de mudanças para África do Sul.
Em 1948, o regime do apartheid foi introduzido no país. Além da segregação racial, o apartheid determinava quem podia votar, onde se devia viver e com quem se podia casar. O partido de Mandela decidiu responder à medida com uma resistência pacífica.
A luta, aliás, ajudou a elevar Mandela a um das vice-presidências do CNA ou ANC (na sigla em inglês). Em 1956, ele foi julgado por traição, mas inocentado cinco anos depois.
Nascido em 1918 como Rolihlahla Mandela, ele foi chamado de Nelson um pouco mais tarde, por um professor na escola.
Liderança
O pai de Mandela, Henry era conselheiro da família real Thembu, mas ele morreu quando Mandela era ainda menino. Deixando Nelson aos cuidados da família real. Os amigos dizem que Mandela foi educado, desde criança, para ser um líder.
E o jovem Mandela provou, logo cedo, que era dono de seu destino. Ao ser forçado pela família a se casar com uma mulher com quem não queria viver, ele fugiu da aldeia para construir seu próprio caminho.
Com a esposa que escolheu, em 1944, Evelyn Mase, Mandela teve quatro filhos. Mas aquele seria apenas o primeiro casamento na vida adulta de Madiba.
Por todo o período em que passou na prisão, ele esteve casado com Winnie Mandela, com quem teve mais dois filhos. As relações com seres humanos, aliás, sempre foram uma preocupação de Mandela. Ele se dedicava a tratar bem, valorizar seus interlocutores não só com a ajuda de uma carisma reconhecido internacionalmente, mas também com suas próprias convicções de que quando bem tratadas, as pessoas reagem melhor.
Respeito
Mais tarde, ao ser libertado da cadeia, em 11 de fevereiro de 1990, Mandela disse:
"Um guarda na prisão pode ser mais importante que o comissário da cadeia ou até mesmo o ministro da Justiça."
O guarda em questão, James Gregory disse que sempre foi tratado com respeito por Mandela e que o homem que viria a se tornar o primeiro presidente negro da África do Sul, tentava convencê-lo a lutar contra o apartheid.
Mas se por trás das grades, Mandela conseguia influenciar pessoas, nas ruas a tensão gerada pelo apartheid não diminuíra.
Massacre
Um dos casos mais sérios foi o massacre de 69 manifestantes negros desarmados contra o apartheid, em Sharpeville, em março de 1960. A partir daí, o governo proibiu o partido de Mandela, o ANC.
Com isso terminaria também a resistência pacífica. E o jovem Nelson tomou a liderança do movimento.
Entrevista fim da resistência
Nesta entrevista, Mandela diz que passou a ser treinado no exterior e se tornou comandante de uma movimento militar, abrigado pelo partido.
Não levaria muito tempo para que o governo tentasse capturar Mandela. Em 1964, ele é condenado à prisão perpétua em um tribunal de Pretória por "conspirar para derrubar o governo sul-africano pela violência."
Liberdade
As quase três décadas passadas na prisão por Mandela foram também tempo de pressão da comunidade internacional para que o governo sul-africano colocasse um fim ao regime de segregação.
Em 1990, Nelson Mandela foi finalmente libertado, e discursou para dezenas de milhares de pessoas em frente à Prefeitura da Cidade do Cabo.
Em 1991, ele se tornou líder do ANC, desta vez, um partido legal.
Nobel
Um ano antes de ganhar as eleições sul-africanas, Nelson Mandela recebeu um reconhecimento da comunidade internacional: o Prêmio Nobel da Paz, que foi dividido com o então presidente da África do Sul, Frederik de Klerk.
Em 1993, Mandela subiu ao pódio ao lado de de Klerk para receber a distinção, em Oslo, demonstrando ao mundo o início da reconciliação nacional que marcaria o princípio de uma nova era política na África do Sul.
Em 1996, Mandela se divorciou de Winnie quando ainda era presidente, o cargo que ocupou até 1999.
Fundação
Aos 80 anos, decidiu se casar novamente. Desta vez com Graça Machel, a viúva de um outro estadista, o ex-presidente de Moçambique, Samora Machel.
A retirada da vida pública ocorreu em 2004, exatamente 10 anos após ter sido eleito presidente da África do Sul.
O ex-presidente decidiu se dedicar à Fundação Nelson Mandela, onde lutou pelo combate ao HIV e por outros temas para o avanço da humanidade e do desenvolvimento. Em 2007, ele formou o chamado grupo de sábios, composto por ex-estadistas, para ajudar a resolver conflitos no mundo. Mandela teve ainda um papel direto na mediação de processos de paz na República Democrática do Congo e no Burundi.
Um legado que ultrapassa as fronteiras da África do Sul, do continente africano, para se espalhar pelo mundo.
Fonte: radioonu
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