Divulgadas esta semana, as imagens dos jovens negros, nus, espancandos e, um deles acorrentado pelo pescoço a um poste, e o outro amarrado com rosto virado para o chão sob o sol quente, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, chocam, doem na alma e indignam aqueles que acreditam na democracia, e nas lutas contra o racismo e por um mundo fraterno e solidário. Apesar de passados mais de 100 anos, as cenas dos jovens negros submetidos à crueldade exposta nos remetem aos trágicos tratamentos utilizados no Brasil escravocrata.
Em plena Democracia, nada pode autorizar ou justificar tamanha violência. A atuação destes "justiceiros" pode ser equiparada à formação de milícias, o que é intolerável e contra a lei. A violência não colabora com o estabelecimento da justiça.
Também é lamentável, perversa e perigosa a aprovação dada à ação destes "justiceiros" por uma parcela da população, seja na internet, nas redes sociais e até mesmo nos meios de comunicação tradicionais, como a televisão. É uma verdadeira irresponsabilidade sentenciar sem provas, reforçar preconceitos, legitimar a barbárie e incitar a violência. Mais do que a agressão física, o respaldo à desumanidade das agressões psicológicas e simbólicas que aqueles jovens sofreram nos causa profunda indignação.
A Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) da Secretaria-Geral da Presidência da República, bem como o conjunto do Governo Federal, reconhecem a violência como um problema grave no país – apontado pela pesquisa Agenda Juventude Brasil como a principal preocupação dos jovens brasileiros – e buscam prevenir a exposição da juventude à violência, com ações pela promoção da cidadania e qualidade de vida desses jovens, a exemplo do Plano Juventude Viva.
Dada a complexidade do problema, o fim da cultura e da prática de violência exigem esforços muito maiores do conjunto de todas as esferas de Governo, bem como do Poder Legislativo, do Sistema de Justiça, dos meios de comunicação, da sociedade civil em suas diversas organizações e de todas as pessoas. É dever de todos zelar pelos direitos humanos e processos legais que antecederão à condenação de qualquer suspeito. É primordial não recorrer as soluções "fáceis" e geradoras de mais violência.
Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República
Fonte: Geledes
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