Maria Julia Coutinho é a garota do tempo do “Bom dia Brasil”
RIO — Nos tempos em que era repórter de rua da Globo, em São Paulo, Maria Julia Coutinho não costumava usar vestidos.
— Porque ficava mais difícil para pular cercas se fosse preciso — conta, aos risos, a jornalista.
Mas quando assumiu, em outubro, o posto de moça do tempo do “Bom dia Brasil”, para cobrir a licença maternidade da então titular Eliana Marques, ela passou a abusar da peça e das cores fortes. E se destacou por conta da elegância e da leveza.
— A figurinista Maria Saldanha percebeu um ponto forte no meu corpo, os meus braços mais torneados, e perguntou se eu topava seguir essa linha. Adorei. E a cor é a minha marca, tenho pele negra. Mas não dá para exagerar — pondera.
A paulistana, de 35 anos, conta que os tais braços torneados são herança de família.
— Meu pai também tem os braços assim. Faço ioga há quatro anos. Mas comecei a praticar pilates agora. Meu marido (o publicitário Agostinho Paulo Moura) me pôs medo dizendo que ioga não daria conta do braço para sempre — brinca.
Os holofotes também se voltaram para o fato de Maria Julia ser a primeira garota do tempo negra do país, identificação que a incomoda.
— Acho muito chato, não vejo a hora de isso acabar. É importante para a minha raça, mostra que a gente está caminhando, mas só reforça o quão longo é esse caminho. Será bacana quando houver tantos negros no posto que não seja preciso destacar, torço para que essa realidade mude — enfatiza.
A jornalista ainda faz questão de desfazer o mito de que a sua atual ocupação se resume apenas em ter um rostinho bonito para dar informações climáticas aos telespectadores:
— Acordo às 2h30, para chegar às 3h45 na emissora. Pesquiso na internet os lugares onde choveu muito e converso com os meteorologistas que ficam na redação. Eles fazem a leitura das cartas meteorológicas, que são técnicas, e eu escrevo o meu texto traduzindo o que me falam. Além disso, ainda sento para conversar com o editor de imagens. A garota do tempo é, na verdade, editora e apresentadora. As pessoas não sabem que eu não sou uma bonequinha.
Fonte: Geledes
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