quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Pianista Muhal Richard Abrams é destaque do festival Jazz na Fábrica

CARLOS CALADO

Jazz acústico, eletrificado, experimental, étnico, instrumental ou vocal. Diversas vertentes desse gênero musical, que usa a improvisação como método de criação, estão representadas na 5ª edição do festival Jazz na Fábrica, que acontece no Sesc Pompeia, em São Paulo, até o dia 30.

Um dos maiores festivais do estilo musical no país, o evento não restringe seu elenco a norte-americanos, como o baixista Gary Peacock, o pianista Laurent de Wilde ou a cantora Marlena Shaw. 

Também revela a globalização dessa música ao programar jazzistas de vários países: da banda inglesa Soft Machine ao trio do pianista israelense Shai Maestro; da cantora cubana Daymé Arocena à brasileira Tania Maria, que vive na Europa.


O pianista Muhal Richard Abrams, 83, um dos destaques do festival Jazz na Fábrica, no Sesc Pompeia
Divulgação
O pianista Muhal Richard Abrams, 83, um dos destaques do festival Jazz na Fábrica, no Sesc Pompeia

Depois de trazer cultuados músicos do jazz de vanguarda, como Anthony Braxton, Roscoe Mitchell e Wadada Leo Smith, neste ano o Jazz na Fábrica introduz outros expoentes dessa vertente: o quarteto do baixista nova-iorquino William Parker e o veterano pianista e compositor Muhal Richard Abrams, que toca pela primeira vez no país, nesta quinta-feira (13).

"Vai ser um concerto de piano solo", diz Abrams, 84, à Folha, por telefone, ressaltando que o repertório de suas apresentações será escolhido de maneira aleatória.

"Vou tocar o que tiver vontade, no momento em que me sentar ao piano", afirma o compositor norte-americano, que criou com colegas de Chicago, em 1965, a lendária AACM (Associação pelo Avanço dos Músicos Criativos).

EXPERIMENTAL NÃO

Abrams batizou de Experimental Band um coletivo de músicos jovens que serviu de prelúdio ao projeto da AACM, ainda no início dos anos 1960. Hoje, curiosamente, ele rejeita o termo "experimental" para se referir à música que produziu ao lado de parceiros como Leroy Jenkins, Malachi Favors e os já citados Braxton, Mitchell e Smith.

"Nós fazíamos música original, com a qual nos expressávamos. Fazíamos música autoral", afirma o americano.

Para Abrams, as experiências daquele coletivo buscavam, essencialmente, explorar novas técnicas de composição musical.

Talvez por isso, quando se pede a ele que avalie o legado da AACM, fundada 50 anos atrás, Abrams sugere que não há tanto a comemorar. "Não tenho nada especial a dizer sobre esse legado. Cada dia conduz ao próximo dia. O trabalho que você faz num dia vai se manifestar no dia seguinte. É isso", diz.

Pintor eventual, Abrams vê uma relação entre a música e as artes plásticas.
"Algumas pessoas sentem que precisam se expressar por mais de um meio artístico. Como músico e pintor, eu sinto que é tudo a mesma coisa, é tudo expressão pessoal. Uma arte inspira a outra", conclui o compositor. 

MUHAL RICHARD ABRAMS
QUANDO: QUI. (13) E SEX. (14), ÀS 21H
ONDE: SESC POMPEIA, R. CLÉLIA, 93, TEL. (11) 3871-7700
QUANTO: DE R$ 15 A R$ 50
CLASSIFICAÇÃO: 12 ANOS

Fonte: folhauol

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