segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Seminário - África Contemporânea na UnB


Acontecerá entre os dias 22 e 24 de setembro de 2015, a partir das 14 horas, 
o "Seminário de Relações Internacionais da África no século XXI"
 e "Seminário das Quatro Décadas das Independências de Angola,
 Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe", 
a serem realizados no Auditório do Instituto de Relações Internacionais 



Maiores informações: http://irel.unb.br/2015/08/26/africa-contemporanea-na-unb/da Universidade de Brasília (UnB) - Campus Universitário Darcy Ribeiro - Asa Norte.

31 de agosto - Eventos históricos


 Realizada a I Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância. Durban/África do Sul (2001).

Dia da Independência de Trinidad e Tobago - 1962
Fonte: FCP

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Conto africano - Porque o camaleão muda de cor

Há muitas e muitas luas, a lebre e o camaleão eram amigos inseparáveis.
Naquele tempo, o interior da África era percorrido a pé por longas caravanas. Todos carregavam pacotes e cestos à cabeça, repletos de cera e borracha, que trocavam por panos nas vendas dos comerciantes brancos nas vilas situadas junto ao mar.
A lebre e o camaleão, tão logo ouviam o cântico e o alarido dos carregadores, se arrumavam rapidamente para seguir atrás dos homens.
Os dois gostavam de fazer negócios também e, com suas pequenas trouxas, marchavam na retaguarda das alegres comitivas. Os carregadores traziam guizos e campainhas presos aos tornozelos, fazendo uma barulheira infernal, que servia para afugentar as feras selvagens do caminho.
A lebre, sempre apressada, fazia tudo correndo. Assim que chegava à loja do homem branco, trocava rapidinho sua cera por tecidos multicolores e dizia para o camaleão:
– Já estou indo - e sumia pela mata afora.
O camaleão, muito calmo, respondia:
– Não tenho pressa- e regressava lentamente para a imensa floresta por causa das suas correrias insensatas.
É por essa razão que a apressadinha anda até hoje vestida com um pano cinzento, sujo e desbotado.
O lento e responsável camaleão juntou muitos tecidos das mais variadas tonalidades, e é por isso que ele pode trocar de cor a toda hora.

Fonte: http://docenciaonlinesaberespedagogicos.blogspot.com.br/

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Vida de Abdias Nascimento é tema de audiência pública em Brasília

“Grandes Vultos: O Legado Vivo de Abdias Nascimento” estará na pauta do Senado Federal nesta segunda-feira (24/08), às 9h, com a participação do dramaturgo nigeriano Wole Soyinka, primeiro africano a receber o Nobel de Literatura. Entre as presenças confirmadas, o secretário executivo da Seppir, Giovanni Harvey


21-08-2015 - Abdias NascimentoO livro Grandes Vultos: O Legado Vivo de Abdias Nascimento” é tema de audiência pública que será realizada nesta segunda-feira (24/08), às 9h, no Senado Federal, em Brasília. Com transmissão ao vivo pela TV Senado, o evento terá a presença do dramaturgo nigeriano Wole Soyinka, primeiro africano a receber o Nobel de Literatura.
Além de Soyinka, estarão presentes o secretário executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Giovanni Harvey; Anani Dzidzienyo, professor da Brown University (EUA), pioneiro estudioso africano das relações raciais no Brasil; e representantes da Fundação Cultural Palmares e do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Compõem a lista de participantes membros do Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras, Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Violência contra Jovens Negros e Pobres, Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Iniciativa legislativa popular pela criação do Fundo da Igualdade Racial, Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes(Educafro), e Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Escrito pela viúva de Abdias, Elisa Larkin Nascimento, “Grandes Vultos” será lançado na quarta-feira (26/08), no Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro – RJ. A autora realizou o trabalho com base nos registros do acervo dele, que integra o registro Memória do Mundo da Unesco (Mow), patrimônio documental da humanidade. Com a obra, ela também dá continuidade a seu empenho pelo ensino da história e cultura de matriz africana.
Serviço
- Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal
Dia: 24 de agosto (segunda-feira)
Horário: 9h
Local: Plenário nº2, Ala Senador Nilo Coelho, Anexo II, Senado Federal, Brasília
- Lançamento da Biografia no CCJF/RJ
Dia: 26 de agosto (quarta-feira)
Horário: 18h às 21h
Local: Av. Rio Branco, 241, Cinelândia, Rio de Janeiro – RJ
Fonte: http://www.portaldaigualdade.gov.br/

Povos de Moçambique

Cultura Moçambicana

Tentaremos aqui dar-lhe a conhecer os povos de Moçambique, que são incluídos no grande grupo dos Bantu.

Os povos que habitam atualmente Moçambique são incluídos no grande grupo dos Bantu, que povoa quase toda a África a Sul do Sahara. Dentro deste grupo há muitas sub-divisões, ou etnias. Vejamos algumas noções elementares das principais etnias de Moçambique, divididas, segundo muitos autores, em mais de oitenta sub-grupos.

A Norte do Zambeze
A partir do Rovuma, e da costa para o interior, situam-se quatro etnias que ofereceram grande resistência à penetração colonial:

Os Suahilis 
ocupam, antes do mais, as feitorias costeiras entre Quionga e Quelimane, se bem que encontremos igualmente pequenas colônias muito mais a Sul. A sua importância na história de Moçambique deve-se, antes de mais nada, à sua religião (Islamismo militante), às suas funções comerciais (no essencial o tráfico de escravos) e às suas alianças internacionais. Os Xeques Suahilis, navegantes e negreiros, têm em Moçambique um papel ambíguo - destruidores dos seus vizinhos africanos mas, igualmente, seus protetores perante a pressão portuguesa. Como sultões de Angoche, estiveram entre os mais determinados adversários da conquista.

Os Macuas-Lomués 
constituem a mais numerosa etnia de Moçambique (3.000.000 em 1970), mas também a menos conhecida, a mais dividida e, provavelmente, a mais dificil de avaliar no plano da resistência. Inúmeros regulados, parcialmente Islamizados (principalmente os Macuas costeiros), deram simultaneamente aos Suahilis e aos Portugueses, escravos, mercenários e inimigos. Esses agricultores sem estados mostraram ser inimigos difíceis para os que queriam forçá-los. O termo “Macua” tinha frequentemente um certo significado de desprezo. Com efeito na linguagem corrente, M’ Makhuwa significa aquele que é selvagem, aquele que come ratos, aquele que anda nú. M’ Makhwa significa também aquele que vem do interior do país.

Os Macondes
No seu planalto a Sul do Rovuma, são a própria imagem da recusa da colonização. Esses guerreiros intransigentes (foi no seu território que a conquista terminou), numericamente reduzidos (175.000 em 1970) são, na realidade, agricultores alérgicos a toda e qualquer forma de autoridade e de influência estrangeira.

Os Ajauas
(entre 100 a 200 mil em 1970), a Oeste do Lugenda, são principalmente agricultores e artífices que os lucros do tráfico de escravos transformaram num verdadeiro flagelo para os seus vizinhos de Oeste e do Sul. Estavam em contacto comercial com os Suahilis e adotaram o Islão mais ou menos autêntico. Os regulados Ajauas viriam a ser dos mais hostis à influência da administração portuguesa e, depois, da Companhia do Niassa.

Estas quatro etnias do Norte têm poucas coisas em comum para além de terem oferecido a mais multiforme e mais longa resistência à colonização portuguesa em Moçambique.

Além destas quatro etnias, o Norte de Moçambique tem ainda:
um ramo do grupo Marave, a leste do lago Niassa - os Nhanjas

alguns núcleos de Angonis, ou melhor, de Angunizados, sem real significado demográfico.

O Eixo Zambeziano

Se descermos até ao Eixo Zambeziano, entraremos num verdadeiro arco-íris étnico a cuja decomposição vamos proceder de modo sumário.

Do mar para o interior, deparamos com aqueles que os etnógrafos, na falta de melhor, designam pelo nome genérico de Complexo Zambeziano ou, de maneira mais restritiva, de Povos do Baixo Zambeze (900.000 em 1970). Compreendem, sobre um fundo Marave, a Norte, e Chona, a Sul, numerosos e variados contributos (Macuas-Lomués, Suahilis, Portugueses, Indianos, etc.) e formam um conjunto mais ou menos mesclado. Encontramos aqui também os Sena e os Chuabo.

Além deste complexo, notamos, a Norte de Tete, os Maraves orientais (200.000 em 1970) e os Angonis (30.000 em 1970) na fronteira do Malawi.

A Sul do Zambeze

Os Chonas 


(765.000 em 1970) são os herdeiros de povos que edificaram reinos importantes, como o Estado dos Muenemutapa, e com os quais os Portugueses entraram em contato muito cedo (século XVI). Esses agricultores sofreram muito, no início do século XIX, com as invasões dos Angonis. O Reino do Barué, reconstituído efêmera e tardiamente, procurou catalizar toda a resistência a Sul do Zambeze, mas falhou. Os outros estados Chonas desempenharam, nos séculos XIX e XX, um papel pouco importante. Foram, durante mais de duas gerações, tributários de um estado secundário muito importante e interessante, nascido da expansão Angune: Gaza.

Os Angonis
Os verdadeiros Angonis são, em Gaza, em pequeno número, mas o seu poderio e os recursos humanos do seu estado (900.000 a 1.000.000) foram suficientes par manter a independência de fato até 1895. Gaza, estado multinacional (Chonas no Norte, Tsongas no Sul e Angunizados no Sul), seria o núcleo da resistência do Barué.

Os Tsongas 
(1.850.000) ocupam o Sul de Moçambique. São agricultores e pastores que sofreram de modo desigual a influência dos seus senhores ou vizinhos Angonis e dos Portugueses. Aqui, o fator determinante parece ter sido a atração da África do Sul, para onde a emigração temporária em massa, há mais de um século, tivera consequências nas mentalidades, no nível de vida, na cultura, etc., mais intensas que em qualquer outro ponto de Moçambique.

Os Chopes 
são hábeis agricultores que tiveram, já tarde, de sofrer as campanhas de exterminação dos Angonis e Angonizados de Gaza. A sua resistência aos Portugueses de Inhambane está, porém, bem atestada, mas foi anárquica. Mais tarde, forneceriam, nas mesmas condições que os Tsongas, o essencial dos trabalhadores migrantes para a África do Sul.

Os Bitongas
por vezes classificados entre os Chopes, nunca cessaram de estar sob a alçada dos Portugueses. Os Chopes e os Bitongas eram avaliados, conjuntamente, em 450.000 em 1970.
Este quadro esboçado em linhas gerais, revela pois, dez grupos etno-linguísticos distintos e mais um décimo-primeiro (o dos povos do Baixo Zambeze) que representa simplesmente, uma conveniência dos especialistas.

Este quadro completa-se com a simples menção de uma décima segunda componente do povo Moçambicano: os Asiáticos, ou mais precisamente os Indianos. Alguns dos representantes e descendentes destes Indianos desempenharam um importante papel na história da conquista da Zambézia. Durante muito tempo, encontramo-los em todas as feitorias e também no mato, ao passo que o povoamento português era ainda essencialmente urbano (excetuando os oficiais-administradores).

Fonte: http://www.malhanga.com/

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Stevie Wonder-For Once In my Life(25th Anniversary Hall of Fame)

Poesia africana - Mario Pinto de Andrade

Resultado de imagem para mario pinto de andrade

MARIO PINTO DE ANDRADE
(1928-1990)

21 de agosto de 1928 nasceu em Ngolungo Alto (Angola). 
- 1929/1947: Estudos primário e secundário em Angola. 
- 1948: Viaja para Portugal; matricula-se no curso de Filologia Clássica da Faculdade de Letras de Lisboa. 
- 1949/52: Juntamente com Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Francisco José Tenreiro e Alda Espírito Santo, na Casa dos Estudantes do Império, no Clube Marítimo e no Centro de Estudos Africanos promove atividades culturais visando à redescoberta de África. 
- 1953: Com Francisco José Tenreiro organiza o Caderno de Poesia Negra de Expressão Portuguesa. 
- 1954: Vai viver em Paris. 
- 1955: Redator da revista Présence Africaine, é também o responsável pela organização do I Congresso de Escritores e Artistas Negros; acabará por se formar em Sociologia, na Sorbonne.
 - 1960: Com a prisão de Agostinho Neto pela PIDE, Mário assume a presidência do recém fundado MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (MPLA); Mário como presidente e Viriato da Cruz como secretário-geral transferem a direção do MPLA de Luanda para Conakry. 
- 1961: Após a independência do Congo Belga, Mário e Viriato transferem a direção do MPLA para Leopoldville. 
- 1962: Mário entrega a presidência do MPLA a Agostinho Neto, que acabara de fugir de Portugal.
 - 1965/67: Mário coordena a Conferência das Organizações Nacionalistas das Colônias Portuguesas (CONCP).
 - 1973: É mandado pelo Comitê de Coordenação Político-Militar do MPLA, para organizar os textos políticos de Amílcar Cabral. 
- 1974: Mário, com o seu irmão Joaquim funda a “Revolta Activa”, corrente que se opõe à liderança de Agostinho Neto no MPLA, exigindo a democratização do regime; os dois irmãos Pinto de Andrade e outros militantes são muito perseguidos e têm que abandonar Angola.
 - 1976/8: Após a independência de Angola, Mário exila-se na Guiné-Bissau e ocupa o cargo de coordenador-geral do Conselho Nacional de Cultura. 
- 1978/80: Mário é o Ministro da Informação e Cultura da Guiné-Bissau. 
- 1980: Golpe de “Nino” Vieira na Guiné; Mário desloca-se para Cabo Verde. 
- Anos 80: Mário colabora na “História Geral da África” - 1990: A 26 de Agosto Mário falece em Londres.





CANÇÃO DE SALABU

Nosso filho caçula
Mandaram-no pra S. Tomé
Não tinha documentos
Aiué!

Nosso filho chorou
Mamã enlouqueceu
Aiué!

Mandaram-no pra S. Tomé
Nosso filho partiu
Partiu no porão deles
Aiué!

Mandaram-no pra S. Tomé
Cortaram-lhe os cabelos
Não puderam amarrá-lo
Aiué!

Mandaram-no pra S. Tomé
Nosso filho está a pensar
Na sua terra, na sua casa
Mandaram-no trabalhar
Estão a mirá-lo, a mirá-lo
—Mamã, ele há-de voltar
Ah! A nossa sorte há-de virar
Aiué!

Mandaram-no pra S. Tomé
Nosso filho não voltou
A morte levou-o
Aiué!

Fonte: www.antoniomiranda.com.b

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ser negro e viajar é encarnar a dimensão completa do 'outsider'

As diferentes iniciativas englobadas nos Estados Unidos sob o guarda-chuva do "movimento de viagem negra" tocam em um ponto chave da experiência de vida dos negros dentro e fora dos seus lugares de origem: a chamada "dupla consciência", conceito desenvolvido pelo fundamental William Du Bois (1868-1963), historiador e autor negro norte-americano.

Deriva em estar intrinsecamente atenta não só a si mesma, mas também (às vezes, principalmente) ao olhar e à reação do outro. Como mulher negra que viaja muitas vezes sozinha, já fui "confundida" com uma prostituta em um café de Amsterdã, por turistas alemães que –prevendo um festim supostamente assegurado –se aproximaram em grupo e entre risos, me convidando para sair.

Já fui olhada com cara feia por carecas no metrô de Londres. Apontada por crianças curiosas em Buenos Aires. Tratada com genuína simpatia em Cochin (sudoeste da Índia), onde a pergunta mais comum era de qual lugar da África eu vinha –algo como ser a "vizinha da casa ao lado" para eles.

E, mesmo morando há 10 anos no Uruguai, ainda causo curiosidade nos pontos turísticos, apesar de o país ter uma população negra culturalmente vibrante.
Quem sai sente. Ser negro e viajar pelo mundo é encarnar a dimensão completa do "outsider". Da espera pelo avião à fila do restaurante. É ser um termômetro das tensões raciais dos lugares por onde passa, de como cada sociedade lida com o que considera "o outro", a "diferença".

opção dos norte-americanos negros de viajar em grupos não é casual. Tem muito a ver com a noção de segurança e autoproteção. De se organizarem para estar menos sujeitos a atos de racismo que podem variar de coisas "bobas", como descortesias, a violências explícitas.

Nunca senti medo de viajar por ser negra, mas é compreensível que muita gente sinta. E, ao viajar em bloco, ser "o elemento surpresa" pelo menos fica mais divertido. 

Denise Mota
Fonte: Folhauol

Projetos reúnem negros para viajar pelo mundo e quebrar paradigmas

Ilustração de Junião

Salvador é a pérola brasileira de um novo tipo de turismo em ascensão nos Estados Unidos. Chamado de Black Travel Movement (movimento de viagem negra, em tradução livre), ele tem como objetivo fazer com que negros e latinos sejam vistos como parte das pessoas que estão viajando a lazer, e não apenas a serviço.

No ano que vem, a capital baiana será visitada pelo menos dez vezes por dois dos grupos mais representativos desse segmento: o Nomadness Travel Tribe (algo como "tribo de viagem nômade-louca") e o Travel Noire.
A ideia vem embalada por números: 17% dos negros norte-americanos fazem pelo menos uma viagem internacional por ano e gastam US$ 48 bilhões em seus passeios dentro do país. As cifras são do instituto Mandala, especializado em turismo.

No final de 2013, outra pesquisa, do Instituto Nielsen e da National Newspaper Publishing Association, indicou que os negros dos EUA (13% da população do país, o equivalente a 43 milhões de consumidores) costumam usar mais a internet que outros grupos na hora de planejar suas viagens. A Nielsen estima o poder de compra desse grupo em US$ 1 trilhão.

No Brasil, em que 53,1% da população se autodefine como negra ou parda, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio de 2013, iniciativas como essas começarão "naturalmente a acontecer", na opinião do fundador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo.

"Acho que é muito importante o turismo entre culturas de mesmas origens, afro-atlânticas. Por que o negro hoje viaja no Brasil? Por uma questão econômica, de uma classe média que está se formando", disse ele à Folha.
EXPERIÊNCIA

Além do fator étnico como principal elemento, outra característica das comunidades negras de viagem é valorizar experiências humanas e o desejo de se distanciar do típico turismo ávido de selfies.

A tendência fomenta de blogs a livros, passando por séries no YouTube e plataformas on-line para compartilhamento de informações sobre reservas, dicas de turismo, relatos de experiências ou fotos.

SALVADOR E RIO
Tanto a Nomadness Travel Tribe como a Travel Noire têm o Brasil no mapa, e Salvador é o destino preferido no ano que vem. Só a Travel Noire, por exemplo, vai visitar a Bahia oito vezes em 2016.

"Lá há muito para mostrar e vamos estar com gente do local para conhecer a arquitetura, a música, para tentar mergulhar mais fundo nessa cultura. Além disso, o objetivo é poder mostrar Salvador aos norte-americanos de um modo diferente, como algo do estilo 'olha só, aqui há pessoas exatamente como você'", diz Zim Ugochukwu.

O Rio também está na lista. No próximo Réveillon, os integrantes da Nomadness Travel Tribe estarão de branco pulando as ondas do mar carioca. Uma semana depois, desembarcam na capital baiana, que está no itinerário da plataforma duas vezes no ano que vem.

"Eu fui ao Rio consciente da opressão financeira que existe e da dificuldade que os brasileiros negros têm para avançar em suas carreiras, em educação e em oportunidades em geral. Quando cheguei à cidade, confirmei essa noção. Conheci muitos cariocas negros que estavam trabalhando para mudar essa situação, e me senti conectada com eles", conta Kali Blocker, organizadora das viagens ao Brasil da Nomadness Travel Tribe.

Os roteiros das duas comunidades incluem aulas de surf, percussão, capoeira e samba.
Visitas a feiras locais para compra de alimentos frescos e preparação de pratos típicos –que os viajantes aprenderão a cozinhar–, estadia em residências, mergulhos, viagens a ilhas próximas de Salvador, passeios pelo Pelourinho e participação em eventos como o Farol Folia.

"Esse é um movimento global. Nossa missão é uma mistura de derrubar a ideia de que viajar é só para a elite e criar oportunidades para nossos membros. Chegamos a um patamar de igualdade quando o recém-formado e o milionário se encontram na mesma viagem. Tenho visto essas experiências nos últimos anos", diz Evita Robinson, da Nomadness.
*
NOMADNESS TRAVEL TRIBE
Plataforma on-line para compartilhamento de oportunidades de viagem e organização de pacotes; próximos destinos são Tailândia, África do Sul, Tanzânia e Índia, além do Brasil

TRAVEL NOIRE
Plataforma on-line que reúne posts de colaboradores em várias partes do mundo e oferece pacotes com no máximo 14 pessoas; em 2016, levará grupos à Itália, África do Sul e Indonésia, além do Brasil
I'M BLACK AND I TRAVEL
Premiado blog de um agente de viagens, com relatos, dicas, conselhos e notícias da indústria do turismo. Há até uma lista com dicas de destinos para turismo negro nos Estados Unidos
SOUL SOCIETY
O blog tem o objetivo de "aliviar o medo e a frustração de viajar", e oferece entrevistas com personalidades da cena negra dos EUA e posts gastronômicos, sua especialidade. A página foi criada em 2012
JETSETSARAH
Espirituoso guia de compras e estilo pelo mundo. "Se você não comprar algo nas suas viagens, como vai se lembrar depois de para onde foi?", escreve a autora, que também compartilha suas experiências de viagem
BLACK ADVENTURISTAS
Site de que compartilha fotos de turismo em diferentes países do mundo, para "inspirar mulheres negras" porque "toda aventura vale a pena"
CAMPING IN COLOR
Com visual mais simples que os demais, traz um casal que acampa há 30 anos pelos Estados Unidos e transmite sua experiência, a partir "de uma perspectiva afro-americana"
UGOGURL
Espécie de consultoria on-line sobre "viagens afro-americanas", sobretudo para mulheres. Oferece também um livro com 52 histórias de viagens para diferentes países, como Rússia e México
MAIS ugogurl.com 

Fonte: folhauol

Websérie adapta livro de José de Alencar para os dias atuais; conheça 'Dona Moça'

Oscar Wilde certa vez disse que a arte imita a vida. E a websérie "Dona Moça", com seus dez episódios que, juntos, não somam nem uma hora de duração, faz isso bebendo da fonte de um dos maiores clássicos da literatura brasileira: "Senhora", de José de Alencar.
Divulgação
Livro retrata momento de transformação da sociedade brasileira, em que os valores patriarcais são deixados de lado
Livro retrata momento de transformação da sociedade brasileira, em que os valores patriarcais são deixados de lado

Inspirada no modelo de vlog corporativo exibido em outra websérie de sucesso, a norte-americana "Emma Approved", "Dona Moça" se destaca pelo conteúdo descontraído e pela adaptação da história - originalmente publicada em 1875 - para a sociedade contemporânea. A realização fica por conta da Adorbs Produções, criada em 2014 com o intuito de desenvolver conteúdo original para a internet.

A história de José de Alencar narra o casamento entre Aurélia, moça pobre que se torna herdeira de grande fortuna, e Fernando Seixas, que frequenta os altos círculos da corte, mas é incapaz de sustentar sua vida luxuosa. Tudo muda quando Aurélia é trocada por uma moça com um dote maior que o seu e, após uma reviravolta, torna-se a herdeira de seu avô. Ela decide atrair Fernando de volta para si, anonimamente, por uma quantia três vezes maior, iniciando um jogo de intrigas.

Na websérie, a trama envolvendo o dote de casamento recebeu contornos mais atuais. Aurélia é uma moça que viveu uma vida difícil, mas se tornou a promoter mais requisitada da alta sociedade paulista. Por uma manobra do destino, ela contrata seu ex-namorado - que a trocou por uma socialite - como assistente.

Transformar a relação entre Aurélia e Fernando em um contrato de prestação de serviços foi apenas um dos fatores levados em conta durante o processo de adaptação. De acordo com Larissa Siriani, uma das responsáveis pelo roteiro e produção de "Dona Moça", a intenção é ser fiel à história original, sem abrir mão da liberdade criativa.

"Pensamos sempre em como aqueles personagens se envolveriam se vivessem no nosso período histórico, ou em como poderíamos adaptar uma cena específica para que ela tivesse o mesmo peso da original, sem desconsiderar a mudança de época", explica.
Adaptar o romance de José de Alencar parece uma tarefa complicada. Afinal, muita coisa mudou desde 1875. Porém, "Senhora" destoa dessa imagem por ser um romance moderno. "As ideias por trás de 'Senhora' já são por si muito à frente do seu tempo, e acho que isso colabora na hora de adaptar", ressalta Siriani.

NILSEN SILVA
da Livraria da Folha

Para continuar lendo acesse: http://www1.folha.uol.com.br/

'O Último Cine Drive-In' comove sem chantagear espectador'


Na primeira cena, um rapaz tenta invadir um hospital de Brasília, alegando que precisa visitar a mãe, e é expulso pelos funcionários. Em seguida, ele vaga pela cidade; acaba acordando num cinema drive-in e perguntando pelo Almeida. Pouco depois, Almeida dá ao rapaz o quarto que era da projecionista, para revolta da moça.

Até então o espectador desconhece quais são as intrigantes relações que mantêm entre si esses personagens. Aliás, mesmo quando passar a conhecê-las não as dominará inteiramente, pois "O Último Cine Drive-in" foge inteiramente aos padrões esclerosados da narrativa comercial cinematográfica.

Cena do filme 'O Último Cine Drive-in'
Cena do filme 'O Último Cine Drive-in'
Divulgação

Não foge por uma espécie de dandismo intelectual. A história, seus personagens, seu modo de contar estão intimamente ligados. Antes mesmo de perguntar quem são esses personagens, nos indagamos de onde eles vêm, tão tênues parecem os elos e as afinidades entre eles.
O filme prosseguirá assim: por um lado, a saúde da mãe piora; por outro, o cinema agoniza, vazio noite após noite; por fim, os conflitos entre Almeida e o rapaz irrompem mais claros.

Começamos aos poucos a saber o que se passa, mas de maneira sempre lacunar. Os silêncios são eloquentes. Os diálogos, desencontrados. Não por descuido do roteiro: nas conversas, não raro, quando alguém pergunta alguma coisa, o interlocutor responde outra.

Saberemos também quem são os protagonistas. O rapaz, por exemplo, chama-se Marlombrando. Ninguém tem um tal nome por acaso. É preciso que os pais tenham uma relação forte com cinema.

CINE PARADISO

Saberemos também que o filme tem dois temas conexos: a morte da mãe (presumível, pois está muito doente) e a morte do cinema (também presumível, pois o drive-in vive às moscas). Ou seja, a morte. Sim, é um tema do filme, e ninguém estranhará, aqui, certa proximidade com o tom nostálgico do italiano "Cinema Paradiso" (1988).

No entanto, o parafuso ainda tem algumas voltas a dar. Pois no outro polo está Paula, a projecionista: grávida.
Não se sabe de quem, aliás. Então, o filme joga na alternância da vida e da morte, na alegria da perpetuação (da espécie, mas também do cinema), na angústia da transitoriedade.

Mas também, além disso ou junto com isso, toda a produção converge para um instante, para a importância do instante capaz de eternizar o transitório.
É quando "O Último Cine Drive-in" consegue em definitivo comover o seu espectador sem em nenhum momento chantageá-lo.

A chegada de Iberê Carvalho ao longa-metragem, após curtas premiados como "Procura-se" e "Para Pedir Perdão", não só é um acontecimento a saudar.

É também uma demonstração de que o cinema brasileiro, depois de muito tatear, mostra aqui e ali (quer dizer, dispersos, diversos, ao contrário do que houve, digamos, no tempo do cinema novo) sinais de uma vitalidade e de uma capacidade de criar formas, de interpretar o mundo e seu momento por vezes mais que animadores.

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O ÚLTIMO CINE DRIVE-IN 
DIREÇÃO: IBERÊ CARVALHO
ELENCO: OTHON BASTOS, BRENO NINA E FERNANDA ROCHA
PRODUÇÃO: BRASIL, 2014
CLASSIFICAÇÃO: 12 ANOS
QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (20)

Fonte: Folhauol

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Personalidades Negras – João Cândido



Militar brasileiro, João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, nasceu em 24 de junho de 1880 em Encruzilhada, Rio Grande do Sul, numa família de ex-escravizados. Entrou para a Marinha do Brasil aos 14 anos, onde presenciou penalidades a chibatadas sobre seus companheiros, apesar de este tipo de castigo ter sido abolido em 1890.
No ano de 1910, liderada por João Cândido, a tripulação da embarcação Minas Gerais se revoltou contra seu comandante, que castigara um dos homens da tripulação com 25 chibatadas. O marinheiro passou a reivindicar o fim dos maus-tratos psicológicos e das punições corporais, liderando assim a Revolta da Chibata.
Outras reivindicações do movimento foram o aumento de salário, a redução da jornada de trabalho e a anistia dos revoltosos. A principal conquista da rebelião foi o compromisso do governo da época de acabar com a chibata na Marinha. João Cândido foi expulso da corporação ainda em 1910, sob acusação de ter favorecido os rebeldes. Faleceu no Rio de Janeiro aos 89 anos.
Fonte: FCP

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Mia Couto - O assalto

"No meu tempo de menino tínhamos pena dos pobres. Eles cabiam naquele lugarzinho menor, carentes de tudo, mas sem perder humanidade. Os meus filhos, hoje, têm medo dos pobres. A pobreza converteu-se num lugar monstruoso. Queremos que os pobres fiquem longe, fronteirados no seu território."

Leia  o conto de Mia Couto
O assalto
Mia Couto


Uns desses dias fui assaltado. Foi num virar de esquina, num desses becos onde o escuro se aferrolha com chave preta. Nem decifrei o vulto: só vi, em rebrilho fugaz, a arma em sua mão. Já eu pensava fora do pensamento: eis-me! A pistola foi-me justaposta no peito, a mostrar-me que a morte é um cão que obedece antes mesmo de se lhe ter assobiado. 

Tudo se embrulhava em apuros e eu fazia contas à vida. O medo é uma faca que corta com o cabo e não com a lâmina. A gente empunha a faca e, quanto maior a força de pulso, mais nos cortamos. 

— Para trás!
Obedeci à ordem, tropeçando até me estancar de encontro à parede. O gelo endovenoso, o coração em cristal: eu estava na ante-câmara, à espera de um simples estalido. Cumpria os mandamentos do assaltante, tudo mecanicamente. E mais parvalhado que o cuco do relógio. O que fazer? Contra-atacar? Arriscar tudo e, assim sem mais nem nada, atirar a vida para trás das costas?
— Diga qualquer coisa.
— Qualquer coisa?
— Me conte quem é. Você quem é?
Medi as palavras. Quanto mais falasse e menos dissesse melhor seria. O maltrapilho estava ali para tirar os nabos e a púcara. Melhor receita seria o cauteloso silêncio. Temos medo do que não entendemos. Isso todos sabemos. Mas, no caso, o meu medo era pior: eu temia por entender. O serviço do terror é esse — tornar irracional aquilo que não podemos subjugar. 
— Vá falando.
— Falando?
— Sim, conte lá coisas. Depois, sou eu. A seguir é a minha vez.

Depois era a vez dele? Mas para fazer o quê? Certamente, para me executar a sangue esfriado, pistolando-me à queima-roupa. Naquele momento, vindo de não sei onde, circulou por ali um furtivo raio de luz, coisa pouca, mais para antever que para ver. O fulano baixou o rosto, e voltou a pistola em ameaça. 

— Você brinca e eu …
Não concluiu ameça. Uma tosse de gruta lhe tomou a voz. Baixou, numa fracção, a arma enquanto se desenvencilhava do catarro. Por momento, ele surgiu-me indefeso, tão frágil que seria deselegância minha me aproveitar do momento. Notei que tirava um lenço e se compunha, quase ignorando minha presença.

— Vá, vamos mais para lá. 

Eu recuei mais uns passos. O medo dera lugar à inquietação. Quem seria aquele meliante? Um desses que se tornam ladrões por motivo de fraqueza maior? Ou um que a vida empurrara para os descaminhos? Diga-se de passagem que, no momento, pouco me importavam as possíveis bondades do criminoso. Afinal, é do podre que a terra se alimenta. E em crise existencial, até o lobisomem duvida: será que existe o cão fora da meia-noite?

Fomos andando para os arredores de uma iluminação. Foi quando me apercebi que era um velho. Um mestiço, até sem má aparência. Mas era um da quarta idade, cabelo todo branco. Não parecia um pobre. Ou se fosse era desses pobres já fora de moda, desses de quando o mundo tinha a nossa idade. No meu tempo de menino tínhamos pena dos pobres. Eles cabiam naquele lugarzinho menor, carentes de tudo, mas sem perder humanidade. Os meus filhos, hoje, têm medo dos pobres. A pobreza converteu-se num lugar monstruoso. Queremos que os pobres fiquem longe, fronteirados no seu território. Mas este não era um miserável emergido desses infernos. Foi quando, cansado, perguntei:

— O que quer de mim?
— Eu quero conversar.
— Conversar?
— Sim, apenas isso, conversar. É que, agora, com esta minha idade, já ninguém me conversa. 

Então, isso? Simplesmente, um palavreado? Sim, era só esse o móbil do crime. O homem recorria ao assalto de arma de fogo para roubar instantes, uma frestinha de atenção. Se ninguém lhe dava a cortesia de um reparo ele obteria esse direito nem que fosse a tiro de pistola. Não podia era perder sua última humanidade — o direito de encontrar os outros, olhos em olhos, alma revelando-se em outro rosto. 

E me sentei, sem hora nem gasto. Ali no beco escuro lhe contei vida, em cores e mentiras. No fim, já quase ele adormecera em minhas histórias eu me despedi em requerimento: que, em próximo encontro, se dispensaria a pistola. De bom agrado, nos sentaríamos ambos num bom banco de jardim. Ao que o velho, pronto, ripostou:

— Não faça isso. Me deixe assaltar o senhor. Assim, me dá mais gosto.

E se converteu, assim: desde então, sou vítima de assalto, já sem sombra de medo. É assalto sem sobressalto. Me conformei, e é como quem leva a passear o cão que já faleceu. Afinal, no crime como no amor: a gente só sabe que encontra a pessoa certa depois de encontrarmos as que são certas para outros.

Mia Couto - Escritor moçambicano
Do livro Ficções 3 - Editora 7 letras

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Cinzas de Gabriel García Márquez ficarão em Cartagena, na Colômbia

As cinzas do Nobel de Literatura colombiano Gabriel García Márquez, que morreu em 2014 no México, serão levadas à cidade caribenha de Cartagena, onde permanecerão a partir de dezembro, informaram nesta terça-feira autoridades locais.

Em um comunicado, o governo de Bolívar (norte da Colômbia) anunciou que "as cinzas do escritor colombiano Gabriel García Márquez repousarão na cidade de Cartagena de Índias", capital do estado.

"A família de Gabriel García Márquez, sua esposa, Mercedes Barcha, e seus filhos, Rodrigo e Gonzalo, tomaram esta decisão, que foi acolhida com profunda emoção por este governo", acrescentou o texto.

Divulgação


O lugar onde, a partir de 12 de dezembro, repousarão as cinzas de García Márquez será o Claustro de La Merced, um antigo convento situado na zona histórica e murada da cidade, que atualmente funciona como sede da Universidade de Cartagena.

O local fica a poucas quadras da casa de García Márquez em Cartagena, cidade onde o escritor de obras como "Cem Anos de Solidão" começou a trabalhar como jornalista e que também é sede da FNPI (Fundaciíon Nuevo Periodismo Iberoamericano), criada pelo Nobel para promover a formação de jovens repórteres da região.

"A relação do escritor com Cartagena teve a característica de um permanente ir e vir, como assim o fazia Gabo. Aqui sempre esteve para visitar seus pais, seus irmãos e seus amigos", acrescentou o comunicado do governo, justificando a eleição da família sobre a morada final de García Márquez.

Segundo as autoridades, junto às cinzas chegará ao Claustro de La Merced um bronze da escultora britânica Kate Murray, "querida amiga" do escritor e o qual será doado pela família García Barcha.

As cinzas do escritor, falecido em 17 de abril de 2014 aos 87 anos, permanecem até agora no México, país no qual morreu e onde residia desde de seu exílio da Colômbia na década de 1980.

A família de García Márquez não se pronunciou até agora sobre a decisão de transportar as cinzas do escritor, um dos maiores expoentes do realismo mágico latino-americano e laureado em 1982 com o Prêmio Nobel de Literatura.

Fonte: Folhauol

Prisioneira judia se apaixona por oficial nazista em livro polêmico

"For Such a Time", romance de estreia da autora Kate Breslin, revoltou parte da comunidade literária americana ao ser indicado ao prestigiado prêmio anual Romance Writers of America.

De acordo com o jornal britânico "The Guardian", o livro recicla a história do Livro de Ester, parte do Antigo Testamento em que uma mulher judia se casa com o rei da Pérsia para evitar o genocídio de seu povo.

Na trama de Breslin, Stella Muller é uma das prisioneiras do campo de concentração nazista Theresienstadt, onde trabalha como secretária de seu oficial comandante, Aric von Schmidt, por quem se apaixona e converte ao cristianismo.

Kate Breslin, autora do livro 'For Such a Time'
Divulgação
Kate Breslin, autora do livro 'For Such a Time'
As indicações às categorias melhor livro de estreia e melhor livro inspirador geraram revolta. Sarah Wendell, fundadora do site literário "Smart Bitches, Trashy Books" escreveu aos diretores da premiação explicando sua indignação:
"Esse é um romance entre uma prisioneira judia e um oficial nazista responsável por um campo de concentração. Não vejo esse arranjo como um desequilíbrio de poder que possa ser redimido em uma narrativa romântica, tampouco acho a caracterização ou a ambientação remotamente românticas."

Ela menciona as vítimas do nazismo –"mais de seis milhões de judeus e 17 milhões de pessoas"– para criticar a redenção do herói de "For Such a Time".
"Os estereótipos, a linguagem e a tentativa de redimir um oficial da SS como um herói diminuem as atrocidades do Holocausto. A conversão da heroína no final reforça a ideia de que o caminho correto é o cristianismo, apaga a identidade judia e ecoa as conversões forçadas de muitos judeus antes, durante e após o Holocausto."

Wendell levou suas críticas à editora Bethany House, que publicou o livro. Ela ressaltou que obras semelhantes "não acontecem em um vácuo", sendo necessária a aprovação de mais de uma pessoa para suas publicações.

Em declaração à imprensa, a autora Kate Breslin afirmou que "For Such a Time" nasceu de uma "compaixão ao povo judaico" após a leitura do Livro de Ester.
"Minha intenção era escrever um livro que contasse uma história mais moderna sobre uma judia corajosa que, por meio da força e da fé em seu deus, usou sua situação para tentar salvar algumas de suas pessoas amadas –da maneira que Ester salvou as suas. Como a influência da rainha bíblica com o rei Xerxes, através de suas ações corajosas e de sacrifício, ela ajudou a despertar a consciência de um homem, levando-o a se juntar à tentativa de salvar o povo dela."

Kate Breslin disse sentir muito as ofensas que seu livro possa ter causado aos judeus, por quem tem "o maior amor e respeito".

Fonte: Folhauol

Mulheres Pretas

    Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme “Xica...