Lino Guedes ---------------------------------------------------------------------- Poeta paulista, nascido em Socorro em 1906. Morreu em 1951. Autor de Canto do Cisne Negro, Ressurreição Negra, Urucungo, Negro Preto Cor da Noite, Sorrisos do Cativeiro, etc. A PRIMEIRA PALAVRA Mas que revolução vai, por todo esse povo bravo! o negrinho envés de pai ou mesmo mãe, disse - "ai" como qualquer outro escravo. Solano Trindade ---------------------------------------------------------------------- Poeta pernambucano, filho de um sapateiro, nascido em 1908. Emigrou para São Paulo. Foi operário e colaborou na imprensa. Trabalhou no cinema e manteve um grupo teatral folclórico por vários anos. Escreveu Poemas de uma Vida Simples e Cantares do Meu Povo O CANTO DA LIBERDADE Ouço um novo canto, Que sai da boca, de todas as raças, Com infinidade de ritmos... Canto que faz dançar, Todos os corpos, De formas, E coloridos diferentes... Canto que faz vibrar, Todas as almas, De crenças, E idealismos desiguais... Š o canto da liberdade, Que está penetrando, Em todos os ouvidos... Abelardo Rodrigues ---------------------------------------------------------------------- Paulista. Nasceu em Monte Azul Paulista em 1952. Operário de fábrica, bancário, jornalista. Vive a maior parte de sua vida entre sua cidade natal, São José dos Campos e São Paulo. Autor de Memória da Noite, São José dos Campos (SP), 1978. ESPERANÇAS Respiro esta fumaça de novas idéias com meus pés meus dentes de desejos minhas garras de sonhos Quero transpassar as barreiras alvacentas de velhas datas enovelar-me entre espirais de um novo amanhecer buscando jazidas de esperanças em jazigos libertos uma cunha nos contra-fortes dos homens já saudosos de velhos tempos A dor reumática do poeta: ferir ossos com palavras revolver monturos mesquinhos de sangue enrijecendo as juntas vencer tormentas aquosas no vazio da realidade canto-angústia maior de sua mente. Eduardo de Oliveira ---------------------------------------------------------------------- Paulista. Nascido em 1926. Professor, conferencista, político. Autor de Banzo, 1965; Gestas Líricas da Negritude, 1967; Evangelho da Solidão, 1970 BANZO (Ao meu irmão Patrice Lumumba) Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Trago em meu corpo a marca das chibatas como rubros degraus feitos de carne pelos quais as carretas do progresso iam buscar as brenhas do futuro. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Eu vi nascer mil civilizações erguidas pelos meus potentes braços; mil chicotes abriram na minh'alma um deserto de dor e de descrença anunciando as tragédias de Lumumba. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Do fundo das senzalas de outros tempos se levanta o clamor dos meus avós que tiveram seus sonhos esmagados sob o peso de cangas e libambos amando, ao longe, o sol das liberdades. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Eu sinto a mesma angústia, o mesmo banzo que encheram, tristes, os mares de outros séculos, por isto é que ainda escuto o som do jongo que fazia dançar os mil mocambos... e que ainda hoje percutem nestas plagas. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Balouça sobre mim, sinistro pêndulo que marca as incertezas do futuro enquanto que me atiram nas enxergas aqueles que ainda ontem exploravam o suor, o sangue nosso e a nossa força. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Eu vi nascer mil civilizações erguidas pelos meus potentes braços; mil chicotes abriram na minh'alma um deserto de dor e de descrença anunciando as tragédias de Lumumba. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Do fundo das senzalas de outros tempos se levanta o clamor dos meus avós que tiveram seus sonhos esmagados sob o peso de cangas e libambos amando, ao longe, o sol das liberdades. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Eu sinto a mesma angústia, o mesmo banzo que encheram, tristes, os mares de outros séculos, por isto é que ainda escuto o som do jongo que fazia dançar os mil mocambos... e que ainda hoje percutem nestas plagas. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Balouça sobre mim, sinistro pêndulo que marca as incertezas do futuro enquanto que me atiram nas enxergas aqueles que ainda ontem exploravam o suor, o sangue nosso e a nossa força. Eu sei, eu sei que sou um pedaço d'África pendurado na noite do meu povo. Fonte: http://www.brasileitalia.info/forum/topic.asp?TOPIC_ID=4015 |
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Pequena antologia de poetas afro-brasileiros
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