sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Nobel da Paz, Ramos-Horta cobra engajamento do Brasil com países lusófonos

Em palestra em São Paulo, o Prêmio Nobel da Paz timorense José Ramos-Horta exortou o Brasil a aumentar seu envolvimento com os demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Esse engajamento, defende Ramos-Horta, deveria incluir desde o financiamento das eleições na Guiné-Bissau, onde ele trabalha como representante especial da ONU, até a criação de uma TV nos moldes da Al Jazeera, do Qatar.
"Até hoje, não há um centavo no fundo do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para o financiamento das eleições", disse Ramos-Horta, 63, no ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento, que tem promoção da Folha. "O Brasil fará honra a seu status de membro da CPLP se financiar generosamente as eleições."
Ontem, Ramos-Horta teria encontros em Brasília sobre o tema, mas não deve receber boas notícias: procurado pela reportagem, o Itamaraty disse que o Brasil pretende apenas disponibilizar técnicos para acompanhar o processo.
Ex-presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta participa do evento Fronteiras do Pensamento, em São Paulo, anteontem (2)

Localizada no oeste africano, Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo --ocupa a 176ª posição entre 182 nações no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU e é muitas vezes classificada de "narcoestado".
Atualmente, essa ex-colônia portuguesa atravessa uma fase de transição política após o golpe militar de abril de 2012. As eleições, inicialmente marcadas para novembro, foram adiadas.
Ramos-Horta defendeu ainda que o Brasil crie uma televisão internacional semelhante à Al Jazeera, do Qatar, que ele vê como uma experiência bem-sucedida por conseguir projetar o país no exterior.
"Eu gostaria de ver uma televisão dinâmica da CPLP, não só em português, mas em várias línguas", afirmou. "O Brasil é que tem esse potencial e saber fazer televisão."
A CPLP reúne Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Ramos-Horta recebeu o Nobel da Paz em 1996, em reconhecimento ao trabalho em favor de uma solução pacífica da ocupação do Timor Leste pela Indonésia. O país formalizou a independência em 2002.
FABIANO MAISONNAVE/ Folhauol

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