‘Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil‘, organizado pelo Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense em parceria com o projeto da Unesco “Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade”, está disponível em PDF na página eletrônica da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).
O trabalho reúne cem lugares de memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e trocas de informações.
O inventário traz informações sobre os locais onde é possível lembrar a chegada dos africanos ou identificar as marcas de sua presença e intervenção, a partir de evidências documentais, escritas ou orais, da presença histórica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ação e no legado dos recém-chegados.
Os organizadores acreditam que o avanço da pesquisa histórica sobre o tráfico e a escravidão no Brasil permitiu a reunião das 100 indicações, mas têm certeza que o Inventário está longe de se esgotar.
“Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para novas e futuras ações (nos âmbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da pesquisa histórica, como no do ensino, educação patrimonial, divulgação e desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memória do Tráfico e História dos Africanos Escravizados no Brasil”, afirma o representante do Projeto Rota do Escravo, Milton Guran, que se reuniu com a ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial) no início deste mês de setembro.
Sobre a escravidão no Brasil, o inventário traz a seguinte explicação: ‘Escravizados em seu continente, entre os séculos XVI e XIX, muitas vezes em guerras internas entre os inúmeros reinos que existiam nas diversas regiões da África tocadas pelo tráfico, africanos de diferentes línguas e origens tornaram-se “escravos”, categoria jurídica de época, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando novos sentidos para suas referências africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo jurídico de época (escravo) quanto o adjetivo “escravizado”, que sublinha o caráter compulsório da instituição. Para referir às novas identidades africanas criadas nas Américas, respeitamos a diversidade de expressões utilizadas pelos especialistas consultados, refletindo diferentes cronologias, abordagens historiográficas e usos regionais’.
Leia mais:
“Agudás — de africanos no Brasil a ‘brasileiros’ na África”, do fotógrafo e antropólogo Milton Guran (Revista HCSM, v.7, n.2)
Como viviam e morriam os escravos no Brasil?Treze artigos inéditos do suplemento Saúde e Escravidão da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos revelam como viviam, adoeciam, eram curados ou morriam os escravos e libertos.
“Brasil é um país de colonização mais africana do que europeia” – Segundo Luiz Felipe de Alencastro, o país recebeu quantidade de africanos oito vezes maior que portugueses até 1850
Nota do blog:
Agradecemos a valiosa contribuição do leitor Andre Novellino Gouvêa, que chamou nossa atenção para a origem da imagem que ilustra esse post, replicado do site da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR. Aproveitamos para destacar que estamos abertos a contribuições de leitores que nos ajudem a aperfeiçoar nosso conteúdo. Segue abaixo mensagem do leitor:
“Prezados,
No artigo foi incluída uma foto, como se esta tivesse relação com o tráfico de escravos para o Brasil. Entretanto, esta foto na realidade foi tirada na África Oriental, depois que o tráfico de escravos já havia sido abolido no Brasil em 1850, e os escravos no navio seriam provavelmente destinados a serem vendidos em países árabes. Vocês podem ver a foto nesse arquivo digitalizado: clique aqui. Como se pode ver nesse arquivo, a foto é pertencente a esse álbum fotográfico: clique aqui. Tal álbum foi fotografado por um alemão na África Oriental entre as décadas de 1850 e 1890. Ou seja, nada tem a ver com tráfico de escravos para o Brasil, então faz pouco sentido incluir tal foto no artigo de vocês, como se ela fosse relacionada ao tráfico de escravos direcionado ao Brasil.
Cordialmente, Andre Novellino Gouvêa”
No artigo foi incluída uma foto, como se esta tivesse relação com o tráfico de escravos para o Brasil. Entretanto, esta foto na realidade foi tirada na África Oriental, depois que o tráfico de escravos já havia sido abolido no Brasil em 1850, e os escravos no navio seriam provavelmente destinados a serem vendidos em países árabes. Vocês podem ver a foto nesse arquivo digitalizado: clique aqui. Como se pode ver nesse arquivo, a foto é pertencente a esse álbum fotográfico: clique aqui. Tal álbum foi fotografado por um alemão na África Oriental entre as décadas de 1850 e 1890. Ou seja, nada tem a ver com tráfico de escravos para o Brasil, então faz pouco sentido incluir tal foto no artigo de vocês, como se ela fosse relacionada ao tráfico de escravos direcionado ao Brasil.
Cordialmente, Andre Novellino Gouvêa”
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