Muitos lugares são bonitos, outros, espetaculares, exóticos.
Uns poucos são necessários. Em geral, lugares que contam a história, talvez até de maneira muito crua, explícita, mas que existem para isso, para que algo importante não seja esquecido. Nem sempre são destinos óbvios. Se é fácil ir a Berlim e topar com o que restou do muro, não é fácil estar no Japão e tomar a decisão de ir a Hiroshima. O país convulsionava há coisa de três décadas. Seu líder mais conhecido, Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013), preso desde 1964 em Robben Island, a 40 minutos de barco da Cidade do Cabo, tinha o nome gritado nas ruas de Soweto e em passeatas e shows de rock pelo mundo. "Free Mandela", pedido simples e direto, colocava em xeque toda a ordem política e social em curso no país, baseada na segregação racial. Institucionalizado em 1948, o apartheid só acabaria em 1994, quando Mandela, aos 75 anos, votou pela primeira vez, assim como a maioria absoluta dos sul-africanos, e se elegeu presidente. Um ano após a morte do maior ídolo, a ser lembrada no próximo dia 5 de dezembro, a África do Sul se esforça para recontar a trajetória de Madiba, o nome de sua tribo que virou apelido. Expediente legítimo para aumentar as receitas com turismo, claro, mas também uma forma de não permitir que o país e os visitantes esqueçam da brutalidade e do absurdo do regime racista. Esforço que, em um primeiro momento, soa redundante. Estátuas de tamanhos variados, painéis, fotos, grafites e até propaganda política tornam impossível esquecer Mandela nas ruas sul-africanas. Fenômeno que o próprio, avesso ao culto da personalidade, segundo biógrafos, certamente condenaria. Logo, porém, seguir os passos de Mandela e da própria história da África do Sul se tornam um exercício. Entender a razão de Johannesburgo ser dividida em subúrbios, e os subúrbios em condomínios, é um dos primeiros. Explica a maluquice que foi o apartheid, explica por que o primeiro ato de desobediência civil capitaneado por Mandela foi fazer as pessoas não entrarem nos ônibus que levavam ao trabalho. Antes que alguém grite, a África do Sul também é bonita, espetacular, exótica... Fonte: Folhauol |
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
África do Sul reconta trajetória de Nelson Mandela, morto há um ano
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