1965 ou 2015?
O filme "Selma", que retrata as marchas comandadas por Martin Luther King (1929-1968), no Alabama, para assegurar o direito de voto dos negros, ganhou uma incômoda atualidade.
Ao chegar aos cinemas dos EUA, em novembro passado, as ruas ainda ferviam por conta dos protestos motivados pela série recente de assassinatos de cidadãos negros desarmados por parte da polícia.
As críticas, a maioria positivas, pegaram carona no grito das ruas e ressaltaram o quanto o país ainda tem de avançar para cumprir o "sonho" de King, e para afastar-se do nefasto bordão do então governador do Alabama, George Wallace, interpretado no filme por Tim Roth: "Segregação hoje! Segregação amanhã! Segregação para sempre!".
A bronca sobe de tom agora, quando as indicações para o Oscar menosprezaram a obra. O filme, que estreou nesta quinta-feira (5) no Brasil, concorre no próximo dia 22 em apenas duas categorias –melhor filme e melhor canção original.
O escritor e colunista do jornal "The New York Times" David Carr foi um dos que atacaram duramente a Academia "composta por 93% de brancos, 76% de homens e com uma média de idade de 63 anos".
Para Carr, a diretora negra Ava DuVernay deveria figurar entre os indicados. "Não há um negro entre os 20 indicados a melhor ator e coadjuvante. Indicações importam, e significariam muito no momento que estamos vivendo."
Mas barulho mesmo estão fazendo apoiadores de Lyndon B. Johnson (1908-1973). Segundo eles, o então presidente está representado de forma equivocada, e muito negativa, na obra.
Interpretado por Tom Wilkinson, o personagem surge como principal obstáculo na campanha levada adiante por Luther King.
"O filme, de fato, não é muito justo com relação a ele. Johnson amenizou as posições mais extremas e segregacionistas que existiam na política", diz o professor de cinema e história da Universidade de Michigan, Fernando Arenas.
AULA DE HISTÓRIA
Mark Updegrove, diretor da biblioteca de Johnson, e Joseph Califano, assistente do presidente, saíram a defender o ex-chefe e acusaram DuVernay de faltar com a verdade histórica.
Numa carta ao jornal "The New York Times", o jornalista Gay Talese, que cobriu os protestos em 1965 e é retratado no filme, respondeu a Updegrove e Califano, defendendo a leitura da diretora.
DuVernay admite que tomou liberdades, mas que seu filme não se propôs a ser um documentário ou uma aula de história.
"Entendo a defesa de uma liberdade poética no cinema. Porém, num filme como esse, que vai virar referência para explicar o movimento negro nos anos 1960, a cineasta deveria levar em conta que tem, sim, um compromisso com a história", diz Arenas.
Fonte: Folhauol
O filme "Selma", que retrata as marchas comandadas por Martin Luther King (1929-1968), no Alabama, para assegurar o direito de voto dos negros, ganhou uma incômoda atualidade.
Ao chegar aos cinemas dos EUA, em novembro passado, as ruas ainda ferviam por conta dos protestos motivados pela série recente de assassinatos de cidadãos negros desarmados por parte da polícia.
A bronca sobe de tom agora, quando as indicações para o Oscar menosprezaram a obra. O filme, que estreou nesta quinta-feira (5) no Brasil, concorre no próximo dia 22 em apenas duas categorias –melhor filme e melhor canção original.
O escritor e colunista do jornal "The New York Times" David Carr foi um dos que atacaram duramente a Academia "composta por 93% de brancos, 76% de homens e com uma média de idade de 63 anos".
Para Carr, a diretora negra Ava DuVernay deveria figurar entre os indicados. "Não há um negro entre os 20 indicados a melhor ator e coadjuvante. Indicações importam, e significariam muito no momento que estamos vivendo."
Mas barulho mesmo estão fazendo apoiadores de Lyndon B. Johnson (1908-1973). Segundo eles, o então presidente está representado de forma equivocada, e muito negativa, na obra.
Interpretado por Tom Wilkinson, o personagem surge como principal obstáculo na campanha levada adiante por Luther King.
"O filme, de fato, não é muito justo com relação a ele. Johnson amenizou as posições mais extremas e segregacionistas que existiam na política", diz o professor de cinema e história da Universidade de Michigan, Fernando Arenas.
AULA DE HISTÓRIA
Mark Updegrove, diretor da biblioteca de Johnson, e Joseph Califano, assistente do presidente, saíram a defender o ex-chefe e acusaram DuVernay de faltar com a verdade histórica.
Numa carta ao jornal "The New York Times", o jornalista Gay Talese, que cobriu os protestos em 1965 e é retratado no filme, respondeu a Updegrove e Califano, defendendo a leitura da diretora.
DuVernay admite que tomou liberdades, mas que seu filme não se propôs a ser um documentário ou uma aula de história.
"Entendo a defesa de uma liberdade poética no cinema. Porém, num filme como esse, que vai virar referência para explicar o movimento negro nos anos 1960, a cineasta deveria levar em conta que tem, sim, um compromisso com a história", diz Arenas.
Fonte: Folhauol
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