sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Entrevista - Marcelo Panguana


Entrevista sobre o lançamento do livro: Conversas do fim do mundo.

Marcelo Panguana


Como se pode explicar um fim? Como ele é ou como será? O que dizer perante o mundo que se acaba? Qual será o tempo final?

Todas estas questões que podem incomodar o leitor (como a nós incomodam), levam-nos a este, no mínimo, satírico título do escritor moçambicano Marcelo Panguana, “Conversas do Fim do Mundo”, que foi apresentado em público cerca de dois anos atrás, no Instituto Camões – Centro Cultural Português em Maputo.

Realmente, perante o fim, não se tem nenhum argumento, se não o próprio fim que se instala, afinal, Marcelo Panguana, autor de outras reflexivas obras como, “As Vozes que Falam Verdade” (1987), “A Balada dos Deuses” (1991), “O chão das coisas” (2003) e “Como um Louco ao Fim da Tarde” (2010), é aquele que não se cansa de falar o que vê, vive e sente.

É como dizia Francisco Noa, crítico literário, “na literatura moçambicana o que há de melhor são contistas e são contos que não se precisa inventar”. Panguana, é esse escritor que não inventa, usa os “chãos” que tem para contar várias histórias com o devido cuidado de se perder no texto, típico de jornalista que é Marcelo Panguana, embora se ocultando.

Em “Conversas do Fim do Mundo” não encontrará-se um “eu” novo deste escritor, no entanto, há nessa obra, a novidade dos próprios assuntos retratados, desta vez, em jeito de críticas de obras literárias moçambicanas, reflexão filosóficas, análise de assuntos existenciais e, como não podia faltar, tendo em conta o estilo característico das suas abordagens, interrogações do país que vive e de onde é.

“Estou a cumprir as minhas obrigações como escritor e como cidadão. Vou falar do país, das coisas que vejo no quotidiano e outros textos que fui produzindo ao longo dos últimos tempos, na sua maioria já publicados em jornais e revistas e alguns inéditos”.

A olhar pelas declarações do autor, tidas em exclusivo pela Literatas, “Conversas do Fim do Mundo” será o prenúncio dos nossos dias no olhar da lucidez de um literato.

“A Literatura  não pode ser tida apenas como uma forma de proporcionar lazer, mais do que isso, a Literatura é uma forma de intervir.”



O fato deste livro estar a adiantar-se para o “fim” não implica o fim da carreira de Marcelo Panguana aos 61 de idade. “um escritor não morre”, disse o escritor.

Fonte: revistaliteratas

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