sexta-feira, 29 de maio de 2015

Especialista americano investiga escravatura na Ilha de Moçambique



Raízes moçambicanas
O diretor do Museu Nacional Smithsonian da História e Cultura Afro-americana, Lonnie Bunch, visita, a partir de  28/05, a Ilha de Moçambique. Bunch pretende escalar o ponto de origem do navio de escravos São José, que viajava da Ilha de Moçambique para o Brasil, quando naufragou ao largo da costa da cidade do Cabo em 1794.
Esta histórica viagem trará à luz do dia importantes atividades de desenvolvimento da pesquisa arqueológica subaquática, preservação e gestão do patrimônio cultural diretamente relacionada com a mais ampla história do comércio de escravos, seu papel e impacto em Moçambique, sendo a Ilha de Moçambique um dos principais pontos de referência.
O Smithsonian pretende também trazer uma equipe americana de até nove pessoas da televisão CBS, a fim de captarem o evento para o programa americano popular noticioso de “60 Minutes”, a ser feito em conjunto com dirigentes, pesquisadores e líderes comunitários moçambicanos sobre a importância da preservação do patrimônio cultural.
Fonte: http://opais.sapo.mz/

#Estranhos Narrativa sobre relações intensas é mote de filme baiano

Montagem, roteiro e direção aliados a competentes atuações são os destaques de Estranhos, filme baiano de Paulo Alcântara, produção de Simone Lima e Carla Guimarães. Personagens que de estranhos não tem nada. E se deixam reconhecer através de tipos bem baianos, pontualmente, baianos de Salvador. Uma Salvador mais próxima de quem vive nessa cidade de contrastes sociais, com uma condução diferente daquela narrada pelo consagrado Ó pai, Ó(2007).

Estranho 1
Ambientado em diferentes regiões da capital baiana, como o Subúrbio Ferroviário, a Estação da Lapa e a Vila Brandão, logo se vê nas imagens aéreas que iniciam o filme -, que o enredo principal gira em torno de cinco relações intensas. Talvez seja esse o motivo do nome Estranhos. Tendo como ponto de partida a paixão platônica do sonhador Luiz (Jackson Costa) por Flor (Mariana Muniz), uma ex-prostituta casada com o violento Valmir (Caco Monteiro). Os núcleos vão se cruzando entre coincidências e relações intensas. Uma dessas relações é a transformação de Tonho, vivido pelo ator Ângelo Flávio, em objeto de desejo de Geraldão (Nelito Reis),o seu parceiro de crimes. E o vínculo entre Antônio Fagundes (Heduen Muniz) e Neusinha (Larissa Libório), duas crianças descobrindo o primeiro amor, alunos da solitária Amparo (Cyria Coentro), uma professora alcoólatra que perdeu a guarda das filhas para o marido e se vê dividida entre a paixão de dois homens.
A narrativa é rápida, porém nos primeiros minutos do longa algumas histórias se prolongaram muito. Os movimentos do uso de câmera na mão causam aflição com a constante trepidação, mas o ângulo bem próximo do rosto dos atores facilita perceber as expressões aflitivas nas situações de tensão constante que os personagens se encontram. Além de engraçado, o texto é humano porque fala sobre pessoas enfrentando dificuldades e buscando uma vida mais feliz.
A direção de Alcântara transportou os atores para performances mais leves e naturais, diferente do modelo mais teatral comum no cinema baiano. E caras ainda pouco conhecidas dão relevo a essa construção. É o caso de personagens de Ângelo Flávio, Tonho, que prende a atenção pela consciência realista e pé no chão nas situações difíceis que a vida de bandido impõe. Em contraponto ao apaixonado Antônio Fagundes (Heduen Muniz) que se entrega ao amor, ignorando as regras impostas pela idade e pela família. Atuações aliadas ao afinado roteiro, com sacadas que conseguem surpreender e render boas risadas.  Quem for assistir ao filme ainda vai encontrar as contribuições especiais de Tânia Toko, Luiz Pepeu, Jussara Matias, Joilson Oliveira e grande elenco.
por Fabiana Guia, da Redação do Correio Nagô

Em sua última semana de mandato, presidente da Nigéria aprova lei que proíbe a mutilação genital feminina

LONDON - MARCH 3:  Salimata Knight, a survivor from Genital Mutilation is seen on March 3, 2004 in London. The Female Genital Mutilation Act which came into force today will close a loophole in the previous law preventing people taking young girls abroad to carry out female genital mutilation. The Act reinforces existing legislation, criminalizing the offence in the UK by increasing the maximum penalty from five to 14 years' imprisonment. (Photo by Graeme Robertson/Getty Images)


Em sua última semana na presidência da Nigéria, Goodluck Jonathan assinou uma lei que criminaliza a mutilação genital feminina.

De acordo com o All Africa, a lei traz esperança de que os nigerianos “comecem a aceitar que práticas culturais e religiosas também devem se sujeitar aos direitos humanos“.
A medida já havia sido aprovada pelo senado do país em maio. Além da mutilação genital, a lei também proíbe o abandono de dependentes – mulher, filhos e outros – sem condições de sustento.

Estima-se que cerca de 25% das mulheres entre 15 e 49 anos tenham sido submetidas à prática no país. No entanto, por se tratar do país mais populoso do continente, os números absolutos da Nigéria estão entre os mais altos do planeta.

De acordo com o International Business Times, especialistas afirmam que a lei pode impactar a criação de outros dispositivos legais em outras 26 nações africanas, onde a prática ainda ocorre.

Ainda segundo analistas ouvidos pelo IBT, a aprovação da lei nos últimos dias de mandato de Jonathan não é uma coincidência: enquanto ele não vai precisar encarar seu eleitorado, pois deixa o poder nesta sexta-feira (29), Muhammadu Buhari, que assume a presidência após uma eleição histórica, já pega o assunto, que envolve delicadas questões religiosas e culturais, “encaminhado”.

Segundo o Guardian, há 13 anos ativistas e grupos de defesa dos direitos humanos pressionavam o governo para que aprovasse uma lei que proíba a prática.
Cabe agora, ao país, conciliar a lei com práticas que façam com que os casos de mutilação genital sejam, de fato, reduzidos. “O fim da violência contra mulheres e meninas demanda investimentos, não apenas leis escritas em livros”, escreveu Stella Mukasa no jornal britânico.

Considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma violação dos direitos humanos , esta prática consiste em remover – parcial ou totalmente – os genitais femininos, com a intenção de impedir que a mulher sinta prazer sexual. Não há nenhuma justificativa médica para esse tipo de intervenção, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

De acordo com dados divulgados pela Unicef em fevereiro, há cerca de 130 milhões de mulheres e meninas vítimas da prática vivas atualmente.
Geralmente a operação é feita de forma rudimentar, sem anestesia e em condições de higiene “catastróficas”, de acordo com a Desert Flower Foundation. Facas, tesouras, lâminas e até cacos de vidro podem ser usados nos procedimentos, geralmente feitos até os 15 anos da vítima.

Dados da Unicef mostram que a prática se alastra principalmente na Somália e na Guiné, onde 98% e 97% da população feminina foi mutilada, respectivamente. Caso a prática não seja inibida, 30 milhões de mulheres podem sofrer mutilação genital na próxima década.
Unicef, no entanto, afirma que a situação está melhorando, ainda que em um ritmo muito abaixo do ideal. A chance de uma menina ser cortada hoje em dia é um terço menor do que era há 30 anos.

OMS afirma que a mutilação causa sérios riscos como hemorragia, tétano, infertilidade e a necessidade de outras cirurgias para reparar o estrago.


Fonte: - Geledés

quinta-feira, 28 de maio de 2015

“Serendipidades”, A força histórica na construção literária de Ana Maria Gonçalves

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Ana Maria Gonçalves (Foto: Brenda Lígia)
Serendipidade: A faculdade ou o ato de descobrir coisas agradáveis por acaso. “Serendipidades!” é o nome que Ana Maria Gonçalves escolheu para o prólogo de seu segundo romance. Nesse texto de abertura, a autora conta que foi em um desses momentos em que se busca uma coisa para acabar encontrando outra ainda mais interessante que surgiu o embrião de Um defeito de cor.

Em uma livraria, enquanto procurava por guias de turismo sobre Cuba, caiu por acaso um livro aberto em sua mão: Bahia de todos os santos – guia de ruas e mistérios, escrito por Jorge Amado. Na página aberta, um convite: “Não tenhas, moça, um minuto de indecisão, atende ao chamado, e vem. A Bahia te espera para sua festa cotidiana”. No mesmo convite, Jorge Amado incitava a leitora a pesquisar e contar a história dos Malês, africanos hauçás, muçulmanos escravizados, conhecidos no Brasil como mestres, sábios e professores e responsáveis por uma das grandes revoltas contra a escravidão, ocorrida em 1835, em Salvador – uma parte da história do Brasil que Ana Maria desconhecia.

Ela teve certeza de que Jorge Amado estava falando com ela e aceitou o convite. Mudou de vida e de emprego e foi viver na Bahia, se reinventar como pesquisadora e escritora. 

Pesquisou sobre a revolta dos Malês e descobriu que muitos intelectuais já vinham tomando esse assunto como objeto de estudo, o que desconstruiu sua ideia inicial, de escrever sobre algo inédito e pouco estudado. Daí veio outra mudança de trajeto. Enquanto vivia na Ilha de Itaparica e escrevia seu primeiro romance, mais uma vez por acaso (e também por sagacidade – mais um momento de serendipidade), Ana Maria encontrou, em uma pilha de papéis de rascunho que algumas crianças usavam para desenhar, centenas de documentos manuscritos que relatavam momentos e personagens esquecidos pela história oficial. Ela foi capaz de enxergar nesses papéis algo especial e assim nasceu a ideia de escrever sua obra-prima.
Baseado em diversas histórias reais e ancorado em fontes primárias de pesquisa, Um defeito de cor, o segundo livro de Ana Maria, é um romance de 950 páginas que arrepia do começo ao fim. Personagens reais e fictícios convivem na obra para contar a saga da população africana e afrodescendente no Brasil na voz de uma mulher negra. Inspirada em Luísa Mahin, possivelmente mãe do abolicionista Luiz Gama (uma personagem real, mas sobre a qual há pouca história documentada), Kehinde, a personagem principal e narradora do livro, representa o protagonismo de todas as mulheres negras ao longo da nossa história.

Como narra a escritora, Kehinde veio para o Brasil menina, nascida no reino de Daomé. Foi escravizada, foi mulher livre, foi empreendedora, mãe, ativista e muito mais. Viveu na Bahia, no Rio de Janeiro e São Paulo. Voltou à Africa para descobrir conexões ainda mais profundas entre o Brasil o continente. Afrodescendência, identidade, negritude, diáspora, miscigenação, migração forçada, trabalho escravo, resistência cultural, luta, violência, alegria, sofrimento, política, maternidade, gênero, religiosidade, abolicionismo, feminismo. Tudo isso e muito mais faz parte dessa narrativa impressionante construída por Ana Maria Gonçalves, que acredita que os cinco anos de pesquisa, escrita e reescrita de Um defeito de cor fizeram mais por sua própria identidade do que seus 35 anos vividos até então.
Veja ao vivo – Participação da artista no “Festival Afreaka Encontros de Brasil e África Contemporânea”

Mesa de encerramento: Manifestações contemporâneas e ativismos literários
Com Paulina Chiziane (Moçambique) e Ana Maria Gonçalves
Quando: Dia 27/06
Horário: 13h00
Preço: GRATUITO (Com retirada de ingresso no local uma hora antes do evento)
Onde: Biblioteca Mário de Andrade
Rua da Consolação, 94, Centro – São Paulo
Saiba mais: http://www.afreaka.com.br/festivalafreaka/


Leia a matéria completa em: “Serendipidades”, A força histórica na construção literária de Ana Maria Gonçalves - Geledés http://www.geledes.org.br/serendipidades-a-forca-historica-na-construcao-literaria-de-ana-maria-goncalves/#ixzz3bRQNHVmK 
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‘A moça do tempo’

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Maria Júlia Coutinho é agora um nome nacional e já sabemos que ela prefere ser chamada de “Maju”. Sua presença vem contribuindo para descontrair o ambiente do “Jornal Nacional” na hora da previsão do tempo, de acordo com as “novas” estratégias de reconquista da audiência perdida. E o faz com segurança, numa televisão que impõe severas restrições à participação de pessoas negras.


Elas têm presença garantida na construção de cenários e ambientes, pedreiros, pintores, marceneiros, eletricistas, ou manicures e costureiras, iluminadores, etc. Quando o cenário está pronto e o programa começa, as pessoas de pele escura devem recolher-se. Mas nunca o fazem totalmente, sempre podemos vê-las aqui e ali ou pressentir sua presença.

Lembrem-se de Machado de Assis, descoberto a semana passada numa foto que documentou a missa campal em comemoração ao treze de maio. Recordemos uma cena de seu romance “Quincas Borba” (cap. 51), publicado em 1892.

O almoço já está servido, as personagens se dirigem à mesa e não vimos nada, sabemos que Sofia “apenas tomou um caldo”. Depois do almoço, Sofia, pensativa, ouve o rumor de pratos, o andar das escravas, e perdendo-se “em reflexões multiplicadas”, aborrecida e irritada por causa de episódio da véspera e da conversa com Palha, seu marido, vê, enquanto contempla a paisagem no jardim, “um pobre preto velho, que em frente à casa dela, trepava com dificuldade um pedaço de morro. As cautelas do preto buliam-lhe com os nervos”.

Acrescente-se que o narrador nos informou que a personagem tinha “ficado só”, após o almoço. O que não conta absolutamente para reduzir a solidão de Sofia é o fato de que a casa está cheia de escravos/as, os pretos estão em todo lugar e espalham-se pela paisagem.

Mas nós os veremos pelas frestas da narrativa, pelo resultado de atividades domésticas que garantem o conforto, a alimentação, etc.. Há indícios e registros dessa presença em todo o texto. Vejam também como a presença negra envolve os sentidos da personagem (paladar, audição, visão), e se faz presente nas associações simbólicas. Diante do assédio de Rubião, Palha, que lhe deve muito dinheiro, recomenda cautela a Sofia. A trajetória do casal de arrivistas e as cautelas necessárias de sua escalada social se materializam na paisagem através do esforço do preto velho.

Os mecanismos da narrativa no Brasil estabeleceram assim os fundamentos de uma apreensão refinada do país quase invisível habitado por negros.

Os jornalistas quando levantam da bancada principal do Jornal Nacional para interrogar Maria Júlia sobre as condições do tempo cruzam uma fronteira social. Como a interação com os negros se dá sempre de cima para baixo, pesa no diálogo inusitado o tom adocicado e paternalista. Acho que a história de “ela prefere ser chamada de Maju” entra também por aí.


Na entrevista que fez com a apresentadora Maria Júlia Coutinho (FSP 16.05.2015, C8 Ilustrada), Lígia Mesquita, que assina a coluna “Outro Canal”, lhe fez a seguinte pergunta: “Você é uma das poucas jornalistas negras no ar. É importante estar no principal telejornal do país para isso mudar?”.
Maria Júlia respondeu que uma andorinha só não faz verão e que o fardo é difícil de suportar: “não pode demorar tanto tempo pra ter outra Glória Maria, outro Heraldo Pereira”.

As pessoas, como se sabe, estão intimamente vinculadas a um conjunto de experiências de que são o resultado. O conjunto, extraordinariamente rico e diversificado, da experiência de africanos e seus descendentes no Brasil não interessa aos meios de comunicação (como não interessa aos políticos, etc.). Decorre daí, como bem disse Stuart Hall, esta presença pouca e dispersa, esta visibilidade controlada e regulada.

A demora a que se refere Maria Júlia ( Glória, Heraldo e ela mesma) é a expressão de uma regulação, movimentos demarcados por uma estratégia bem sucedida.

Edson Lopes Cardoso.
Jornalista e Doutor em educação pela Universidade de São Paulo.


Leia a matéria completa em: 'A moça do tempo' - Geledés http://www.geledes.org.br/a-moca-do-tempo/#ixzz3bROgLqDS 
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terça-feira, 26 de maio de 2015

Solidão - Mia Couto

Aproximo-me da noite 
o silêncio abre os seus panos escuros 
e as coisas escorrem 
por óleo frio e espesso 

Esta deveria ser a hora 
em que me recolheria 
como um poente 
no bater do teu peito 
mas a solidão 
entra pelos meus vidros 
e nas suas enlutadas mãos 
solto o meu delírio 

É então que surges 
com teus passos de menina 
os teus sonhos arrumados 
como duas tranças nas tuas costas 
guiando-me por corredores infinitos 
e regressando aos espelhos 
onde a vida te encarou 

Mas os ruídos da noite 
trazem a sua esponja silenciosa 
e sem luz e sem tinta 
o meu sonho resigna 

Longe 
os homens afundam-se 
com o caju que fermenta 
e a onda da madrugada 
demora-se de encontro 
às rochas do tempo 

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas" 

Personalidades Negras – Dandara


Guerreira do período colonial do Brasil, Dandara foi esposa de Zumbi, líder daquele que foi o maior quilombo das Américas: o Quilombo dos Palmares. Com ele, Dandara teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton. Valente, ela foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa da quilombo.
Não há registros do local onde nasceu, tampouco da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança. Ela foi uma das provas reais de que a mulher não é um sexo frágil. Além dos serviços domésticos, plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca, caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges femininas do exército negro palmarino.
Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando o que estava em jogo era a segurança do quilombo e a eliminação do inimigo. Ela defendia que a paz em troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português, seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Suicidou-se depois de presa, em seis de fevereiro de 1694, para não voltar na condição de escravizada.
Fonte: FCP

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Dia de África: celebrar conquistas e refletir sobre desafios

Avaliação é do secretário-geral da ONU, em mensagem sobre a data; Ban Ki-moon destacou coragem e determinação necessárias no combate ao ébola.
Foto: ONU/B Wolff
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A cada ano, o Dia de África é uma oportunidade de celebrar as conquistas do continente e refletir sobre seus desafios.
A avaliação está em mensagem do secretário-geral da ONU sobre a data, a destacar a coragem e determinação necessárias para combater o surto de ébola.
Ébola
Ban Ki-moon também pediu compromisso para acabar com a violência a mulheres e empoderá-las.
Segundo Ban, a "história dominante do ano foi a crise do ébola na África Ocidental", a causar pelo menos "11 mil mortes e ameaçar ganhos políticos, sociais e econômicos".
O chefe da ONU disse ser preciso agora intensificar esforços para chegar e permanecer em zero caso, recuperar os danos causados e fortalecer resiliência social e institucional em todo o continente.
Para ajudar a mobilizar apoio para esta tarefa, Ban vai reunir uma conferência internacional sobre o tema na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, em Julho.
Economia
De forma geral, a economia do continente cresceu cerca de 4% em 2014, a criar um dos maiores períodos de expansão econômica ininterrupta na história da África.
O secretário-geral mencionou que, como resultado, um número crescente de africanos entrou na classe média a cada ano.
Ele disse ainda que "com o investimento em educação, saúde e infraestrutura a crescer, as perspectivas para grande parte da África são brilhantes".
Segundo Ban, o desafio é propagar estes benefícios de foram mais ampla e profunda, particularmente para mulheres e meninas.
Mulheres
Dar poder às mulheres vai ajudar a construir sociedades mais iguais e prósperas, disse Ban.
Ele elogiou o compromisso da União Africana com a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.
O chefe da ONU pediu à comunidade internacional que faça mais para pôr fim à violência a mulheres e meninas e fortalecer seus papeis em todos os campos, incluindo a construção da paz.
Conflitos
Apesar do declínio no número de combates, em geral, muitos africanos ainda passam por exepriências de confitos violentos. Meninas e mulheres são alvos frequentes de violência sexual e abusos.
Segundo Ban,  "conflitos surgem onde pessoas sofrem de má governação, violações de direitos humanos, exclusão e pobreza".
O chefe da ONU elogiou a visão africana de criar, até 2063, um continente pacífico e próspero onde haja democracia, direitos humanos e Estado de direito.
Ban reafirmou o compromisso da ONU "em trabalhar com a União Africana, as comunidades económicas regionais e os países do continente e seus cidadãos para fazer desta visão uma realidade".
Fonte: radio onu

41 anos de celebração da libertação de África: 25 de maio, o Dia de África!


africa 2Chefes de Estado africanos se reuniram na cidade de Adis Abeba, na Etiópia, em 25 de maio de 1963, para enfrentar a subordinação que o continente vinha sofrendo há tempos. A tal subordinação chamou-se colonialismo, neocolonialismo ou partilha da África, que até à data da reunião ainda sofriam de apropriação forçada das suas riquezas humanas e naturais.
Na ocasião, fundou-se a Organização da Unidade Africana (OUA), sendo conhecida hoje como União Africana. A ONU, em 1972 reconheceu a importância desse encontro e instituiu o dia 25 de maio como o Dia de África, que simboliza a luta dos povos do continente africano pela sua independência.
Para assinalar a data, o Cine-ONU, promovido pelo Centro Regional de Informação das Nações Unidas, em parceria com a Plataforma Portuguesa das ONGD, organizou a exibição de dois filmes com a temática África.
Em Lisboa, foi exibido ontem no auditório da CPLP, o filme “Sweet Dreams, produzido e realizado por Lisa Fruchtman e Rob Fruchtman. O filme fala-nos de Ingoma Nshya, um grupo composto e aberto a mulheres de ambos os lados do conflito. Para estas mulheres, o grupo tem sido um lugar para começar a viver novamente, para construir novos relacionamentos e curar as feridas do passado. Persiste, no entanto, a luta para sustentar suas famílias. A projeção foi seguida de um debate.
No Porto, foi exibido ontem o documentário “Mulheres Africanas – A Rede Invisível”, de Carlos Nascimbeni, no dia 24 de Maio pelas 18h30, na Sala de Reuniões da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O filme apresenta a trajetória das lutas e conquistas históricas de mulheres africanas em diferentes países do continente.
Esta sessão será antecedida por duas conferências da responsabilidade do CEAUP, também com temáticas sobre a África.
Fonte: radioonu

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Políticas afirmativas e forças armadas nos EUA

sionei ricardo leao   É instigante a propósito da discussão sobre políticas afirmativas, assunto que entrou na agenda política brasileira,  trajetórias das Forças Armadas norte-americanas que foram as primeiras instituições a encerrar com a segregação racial naquele país.
por Sionei Ricardo Leão* enviado para o Portal Geledés  

No caso norte-americano a II Guerra Mundial foi um divisor histórico e social. Prestes a iniciar o conflito, líderes dos movimentos negros daquele país discutiram se incentivariam ou não o alistamento dos jovens da comunidade para irem lutar na Europa. Na visão desses ativistas, o tratamento recebido pelos afro-americanos nas Forças Armadas, apesar das contribuições nos conflitos anteriores permanecia desfavorável. A conclusão a que chegaram esses representantes foi adotar a estratégia baseada numa dupla ação.

Eles decidiram apoiar o ingresso dos jovens nas instituições militares com vistas a alcançar dois objetivos: combater o nazismo na Europa, articulada com a tática de lutar contra o racismo nos Estados Unidos da América.[1]

Milhares de afro-americanos foram enviados aos vários teatros de guerra em que se desdobrou o conflito. Dos vários corpos organizados o que mais se destacou foi 99th Squadron, Tuskegee Airmen. Ativado em março de 1941, os treinamentos começaram oficialmente em 19 de julho, as instruções de vôo em 25 de agosto, do mesmo ano, em território norte-americano. Contou inicialmente com 33 pilotos e 27 aeronaves.

Afro-americanos haviam ocupado várias funções nas Forças Armadas durante os conflitos em que o País se envolveu, mas na condição de pilotos militares era a primeira vez. A ideia de criar a Tuskegee Air Force Flying School foi defendida pela National for the Advancement of Colored People (NAACP), entidade norte-americana de combate ao racismo, que vislumbrou na ação um mecanismo de luta contra a segregação nas organizações militares norte-americanas.
No total, 278 homens afro-americanos receberam treinamentos para atuar no 99th Squadron. Os tuskegees foram incluídos no 33rd Group, em Fardjouna, na África do Norte, em 1943. No mês de junho, passaram a integrar a 324th Fighter Group, com o papel de escoltar bombardeiros ao longo da costa da Sicília.

No ano seguinte, participaram da Operação Strangle destinada a deter tropas alemãs que pudessem ameaçar posições conquistadas pelos aliados. Durante a invasão da Normandia, deram apoios aos esquadrões convencionais em 31 operações. O 99th Squadron também tomou parte da conquista de Cassino, em 17 de maio, posição tomada aos alemães.

O desempenho dos tuskegges motivou o general Mark Clark, comandante do 5º Exército, norte-americano, a pedir o apoio deles para proteger suas tropas. Da mesma forma, agiu o general Cannon, comandante da 12ª Força Aérea. Ao final, o 99th Squadron estabeleceu o recorde de realizar centenas de missões sem ter perdido qualquer avião bombardeiro que estivesse protegendo.
Um ano antes de encerrar-se o conflito, O Senador McCloy, assistente da Secretaria da Guerra, foi incumbindo de coordenar a comissão de estudos sobre o desempenho dos tuskegees. As discussões aconteceram em sigilo, uma vez que havia o temor da reação e pressão da comunidade negra.
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Tuskeeges Airmen, primeiros afro-americanos a se tornarem pilotos militares nos EUA.
Os depoimentos dos membros propunham uma suposta inferioridade dos pilotos negros em comparação com desempenho dos brancos. Pontos de vistas apoiados em estudos de caráter antropológicos com vieses racistas. Com isso a intenção era a de manter a segregação na Força Aérea. Veio em defesa dos tuskegees o coronel Parrish, comandante da Tuskegee Air Force Flying School. Ele evocou as garantias constitucionais a que faziam direito os afro-americanos. Por fim, contestou a inferioridade dos pilotos negros, sugerindo que a participação deles fosse de 10% do efetivo da Força Aérea. O general Alan Gillem, por sua vez, afirmou que a integração racial era a melhor escolha para o país, esses argumentos deram suporte a continuidade a ação dos tuskegees.

Além dos tuskegees, afro-americanos participaram da II Guerra Mundial em outras corporações. Na Marinha, houve o caso do USS Mason, que esteve em atividade no Atlântico Norte. Entre os marines, atuaram cerca de 19 mil jovens, treinados no campo Montford Point, em Lejeune, na Carolina do Norte, alistados a partir de 1941, depois da publicação da Ordem Executiva n.º 8802, assinada pelo presidente Franklin Delano Roosevelt.

Na logística, papel importante coube aos The Red Ball que atuaram em comboio, transportando suprimentos. Em média deslocavam entre 700 e 750 toneladas por dia, durante as operações na França e na Bélgica, calculou o general Bradley[2]. O esforço desses comboios foi decisivo, por exemplo, para a mobilidade dos carros de combate, sob o comando do general Patton.

Em razão dessas participações exitosas, os EUA encerraram com a segregação nas Forças Armadas seis anos antes do caso Brown v. Board of Education, portanto em 1948. De acordo com o professor Michael Higginbotham, da Universidade de Baltimore, o sistema militar dos EUA é uma das instituições mais radicalmente diversificadas do país. “Mais do que a maioria de nossas escolas, corporações, fundações ou serviços civis”.[3]

Essa participação não se restringe, analisou Higginbotham, somente aos escalões mais baixos das forças – 5% dos oficiais das Forças Armadas dos EUA são afro-americanos. O percentual sobe a 20%, quando o cálculo inclui as praças e sub-oficiais, o que significa que proporcionalmente, a presença desse segmento nas instituições militares superou proporcionalmente o quantitativo populacional, uma vez que os negros naquele País somam 12% de toda a população, de acordo com as estatísticas oficiais.
Crispus Attucks, herói afro-americano na Guerra de Independência
Crispus Attucks, herói afro-americano na Guerra de Independência

Historicamente, afro-americanos haviam atuado em todos os confrontos bélicos os EUA se envolveram, com destaque para a Guerra de Secessão. Há também presenças na I Guerra Mundial, Guerra da Coréia e Guerra do Vietnã.

No plano individual ganharam relevo as atuações de pessoas como Crispus Atucks, durante a Guerra da Independência; a família O. Davis, que teve membros na experiência dos Tuskegges (homens do ar), durante a II Guerra Mundial e o mais conhecido o general Colin Powel.

Colin Powel, ex-comandante do Pentágono
Colin Powel, ex-comandante do Pentágono
Powel foi o comandante das Forças Armadas norte-americanas durante a operação Tempestade no Deserto, que reuniu efetivos europeus e norte-americanos para lutar contra as os contingentes militares de Sadam Hussein, no Kwait e no Iraque, em 1991.

Para Michael Higginbotham, Colin Powel serve de exemplo para se demonstrar as possibilidades do sistema de políticas afirmativas norte-americano. “Powel beneficiou-se no Exército da reserva de cotas, o fato de ele ter conseguido alcançar os mais altos degraus da hierarquia militar aponta que essa iniciativa dá resultados positivos”.[4]

Algumas corporações cujas fileiras contiveram maioritária ou totalmente afro-americanos ganharam reputação ao longo da história norte-americana, como o 54th Massachusetts Volunteer Infantry (Guerra de Secessão); as 9th e 10th U.S Cavalary (também conhecidos como os soldados bufalos); o 99th Squadron Tuskegee Airmen (II Guerra); o USS Mason (II Guerra), o Montford Point (II Guerra) e o The Red Ball Truck (II Guerra).

As tropas sulistas comandadas pelo general Lee já estavam em combate contra as “yankees” do general Grant, quando o governador do Estado de Massachusetts decidiu, em 1862, organizar um regimento de infantaria, cujas praças seriam todos homens negros, a maioria deles cativos. A idéia foi de um afro-americano livre, na verdade ex-escravo, defensor da causa abolicionista, Frederick Douglass. Também alistaram-se homens do Tenesse e da Carolina do Sul.
Frederick Douglas, abolicionista, mentor do 54 Massachuetts
Frederick Douglas, abolicionista, mentor do 54 Massachuetts
Dois dos recrutas eram filhos do próprio abolicionista (N. Douglass e Charles Douglass). Os treinamentos iniciaram-se em 27 de novembro de 1862, no acampamento de Readville. A missão de comandar a unidade coube ao coronel Robert Gould Shaw – branco da mesma forma que todos os oficiais. As cartas que remeteu à mãe durante o período em que esteve à frente do 54th Massachusetts Volunteer Infantry estão arquivadas na Universidade de Harvard. Elas ajudaram na elaboração do filme Glorie (Tempo de Glória) que popularizou a história do regimento.

*Sionei Ricardo Leão é Jornalista

Notas
[1] Higginbotham, Michael. A military strike against racism. Jornal The Boston Globe, 25 de julho de 1998
[2] The History of Buffalo Soldier. hcompsci@fatherryan.org
[3] Higginbotham, Michael. A military strike against racism. Jornal The Boston Globe, 25 de julho de 1998
[4] Higginbotham, Michael. Justiça e discriminação racial. Rio de Janeiro, Plenário do Conselho Universitário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ): XVII Conferência Nacional dos Advogados, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 1 de setembro de 1999
Fonte: Geledès
21/5/2015Geledés Instituto da Mulher Negra


Leia a matéria completa em: Políticas afirmativas e forças armadas nos EUA - Geledés 
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Ativista cultural de Moçambique defende projeção da diversidade para o mundo

Diretora do grupo Mutubela Gogo, Manuela Soeiro quer tecnologias de informação mais aproveitadas; autoridades organizam reflexão sobre o Dia Mundial da Diversidade Cultural para Diálogo e Desenvolvimento.
Foto: Rádio ONU/Ouri Pota
Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.
Celebra-se neste dia 21 de maio o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e Desenvolvimento.
A data foi proclamada pela Assembleia Geral da ONU em 2002 na sequência da adoção da Declaração Universal da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, sobre o tema.
Debate
O Ministério da Cultura e Turismo de Moçambique promove um debate denominado "Tribuna Cultural", sob o tema "A contribuição da Cultura para o desenvolvimento do país nos últimos 40 anos".
A diretora artística do grupo teatral Mutubela Gogo, Manuela Soeiro, disse que os temas a serem apresentados são essenciais com a diversidade cultural vasta do país, daí a necessidade de sistematizar de projetá-la ao mundo.
"Agora começa haver necessidade de nós sistematizarmos as datas e isso faz parte de nossa agenda. Mostrar ao mundo aquilo que nós temos de facto aqui dentro do país e isso vai ser possível e está a acontecer. É uma questão de facto das entidades ligadas a isso não só divulgarem esse aspeto, é preciso de facto dar mais informação e nós, os artistas, devemos exigir, claro que temos que ser mais rápidos."
Contacto
Para a artista, com a aplicação das novas tecnologias de informação e comunicação na promoção da diversidade, o mundo deverá ter maior facilidade de contacto com a realidade nacional.
"Com a declaração da diversidade cultural para o desenvolvimento e ao diálogo, isso faz com que também comecem a ser utilizados computadores, Internet, todos esses meios, para acelerar o conhecimento nas pessoas. Portanto são coisas que estão a começar aparecer para o fácil acesso à informação."
Património
A Declaração Universal da Unesco sobre a Diversidade Cultural define a diversidade cultural como um património comum da humanidade.


O objetivo da data é cultivar a compreensão da riqueza e a  importância da diversidade cultural, assim como incentivar o respeito entre os indivíduos de diferentes realidades.
Fonte: radioonu

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