PROFISSIONAIS da Comunicação Social e artistas moçambicanos enalteceram recentemente, em Maputo, o trabalho desenvolvido pelo Gabinete da Primeira-dama da República, Maria da Luz Guebuza, que dentre outros feitos despertou o espírito de solidariedade e responsabilidade social entre os moçambicanos.
Como resultado da entrega da Primeira-dama à causas sociais, muitas crianças órfãs, cujos seus pais foram vítimas de sida e de outras doenças, mulheres mães solteiras carentes e outros grupos vulneráveis receberam apoios que melhoraram as suas vidas.
Segundo jornalistas, Maria da Luz Guebuza envolveu-se, profundamente, na luta contra o cancro da mama, do útero e da próstata, males que continuam a ceifar vidas, não só em Moçambique, como noutras partes do mundo.
O cancro do colo do útero é causado por um vírus denominado Papiloma Humano (HPV), que se propaga através de relações sexuais desprotegidas e não só. A infecção por HPV é muito comum e ocorre na sua maioria em mulheres sexualmente activas.
Dados da organização mundial de saúde indicam que o cancro da mama é o mais vulgar no mundo e em África são diagnosticados 92.600 novos casos anualmente, com 50 mil mortes. Isto equivale a dizer que, em cada 100 mulheres africanas com o cancro da mama, 54 morrem por esta doença, em resultado do diagnóstico tardio.
Os mesmos dados apontam ainda que, a nível global, o cancro do colo do útero é o segundo mais comum nas mulheres e cerca de 85 em cada 100 novos casos e 88 em cada 100 mortes por esta doença, ocorrem em países em vias de desenvolvimento, como Moçambique.
Sobre a situação no nosso país, dados oficiais dão conta que só no Hospital Central de Maputo são registados anualmente cerca de 200 casos do cancro do colo uterino. Já a nível da cidade de Maputo, no geral, de Janeiro a Setembro de 2012 foram rastreadas 3450 mulheres, das quais 270 acusaram positivo para o cancro do colo do útero e destas 204 foram tratadas nos próprios centros de saúde e 66 foram referidas para os hospitais por apresentarem lesões mais graves. Assim, 99.7 por cento de casos do cancro do colo uterino estão directamente relacionados com uma infecção prévia pelo HPV e a progressão para cancro do colo uterino leva 10 a 20 anos.
O trabalho deve ser continuado
Isaura Afonso, da Rádio Moçambique, considerou que o trabalho de Maria da Luz Guebuza foi extremamente importante para a saúde da mulher e da criança. “a Primeira- dama deu enfoque à questão da saúde da mulher e da criança. Mas também sensibilizou os pais para valorizarem a educação da rapariga”.
A jornalista reconhece que a esposa do Presidente da República, através do seu gabinete, primou pela ajuda aos mais necessitados, desdobrando-se em acções que resgatam o valor da criança, da mulher e do idoso na sociedade.
Para Isaura Afonso, este trabalho deve ser continuado pela próxima Primeira-dama. “Acho que a próxima Primeira-dama deve procurar explorar mais áreas que não foram atingidas pela cessante, como o combate à malária, uma doença vulgarmente conhecida e tratável, mas que continua a ceifar vidas do que o HIV e SIDA”, disse salientando que se se reforçar as mensagens para esta área pode mudar o comportamento da sociedade e evitar-se mortes por malária.
OLHAR PARA POBREZA URBANA
Antónia dos Santos, da Televisão de Moçambique, também reconheceu o papel preponderante desenvolvido pela Primeira-dama durante os 10 anos de governação do seu marido, para o despertar da consciência do cidadão sobre a importância da solidariedade e da vigilância e o combate das doenças que ainda ceifam vidas de mulheres e crianças. Mas também enaltece o facto de ter resgatado o papel educador da pessoa da terceira idade.
“Ela deixa um grande legado, sobretudo no trabalho com as crianças e com todas as camadas desfavorecidas. Há muitos idosos, crianças e famílias pobres que levantaram a sua auto-estima graças ao trabalho do Gabinete da Primeira-dama”, disse adiantando que a actividade dela trouxe maior visibilidade internacional ao país.
A jornalista apontou a realização da conferência internacional sobre cancro do colo do útero, da mama e da próstata, em 2013 em Maputo, como um trabalho quetrouxe uma grande visibilidade de Moçambique na área de combate a estes males.
“Então acho que a próxima Primeira-dama deveria dar continuidade a estes projectos, mas também olhar para a questão da pobreza urbana, de cidadania porque muitas pessoas só sabem que têm direitos, mas pouco sabem sobre os seus deveres”.
INCENTIVOU PARTOS INSTITUCIONAIS
Para Margarida Dominguês, o enfoque da Primeira-dama, nesse caso, Isaura Nyusi não deve fugir muito daquilo que foram os trabalhos de Maria da Luz Guebuza, ela trabalhou muito com as comunidades, mulheres, crianças e homens. Sabemos que no nosso país as mulheres sofrem muito, são pessoas que precisam de apoio. Maria da Luz Guebuza nos mostrou que somos um povo só, que todos queremos o bem de um e do outro. Ela incentivou a que as mulheres tivessem parto nas maternidades.
A jornalista recordou que até altura em que Armando Guebuza ascendeu ao poder, muitas mulheres ainda davam parto em casa, algumas com ajuda das matronas, primeiro por questões tradicionais e segundo por causa das longas distâncias para se alcançar um centro de saúde ou uma maternidade.
Segundo Domingues, Maria da Luz Guebuza introduziu as casas de mãe espera, que permitem que a mulher que vive distante da maternidade possa aguardar o dia do parto nessas casas, sob cuidados de agentes de saúde, uma vez que são erguidas dentro do recinto hospitalar. “Ela incentivou a que as comunidades olhassem para crianças órfãs como resultado do HIV e SIDA como seus filhos e assim minimizou-se o sofrimento destes menores”, salientou acrescentando que com o apoio dos vizinhos estas crianças vão à escola.
DEIXA FASQUIA ALTA
Cândida Bila, actriz e encenadora considerou por sua vez que a Primeira-dama deixa uma fasquia extremamente alta, no que respeita à solidariedade ao próximo. Ela, adianta Cândida Bila, foi exemplo de uma Primeira-dama que serviu de espelho de todos os moçambicanos. Segundo a actriz, a futura Primeira-dama deverá abraçar todos os projectos iniciados por Maria da Luz Guebuza, principalmente no que respeita à criança, ao idoso, a mulher e com questões ligadas a Saúde. “Há questões que estavam marginalizadas pela sociedade, refiro-me ao cancro do útero, da mama e da próstata. A questão da pobreza, as visitas que ela realizou a diferentes cantos do país, permitindo convivência com as comunidades de diferentes extractos sociais”.
Por sua vez, Anita Macuacua, cantora disse que ninguém é perfeito, mas graças a Deus, o Gabinete da Primeira-dama fez muito trabalho, contribuindo desta maneira para o crescimento do nosso país.
Anita acredita que a próxima Primeira-dama vai olhar para todas as áreas que dizem respeito à mulher e criança, o que significa que continuará a priorizar a questão da saúde da mulher, da pobreza e da educação das crianças.
“Ela terá ainda que se debruçar sobre a situação das crianças da rua que em condições normais deviam estar com as suas famílias. Não sei como vai ser, mas devia recolhê-las para os orfanatos, refiro-me àquelas que não têm ninguém, mas para aquelas que têm famílias devia encontrar formas de incentivar essas famílias a acolhê-las”, disse acreditando que numa primeira fase esses dois pontos serão o principal foco do Gabinete da próxima Primeira-dama.
OLHAR O HOMEM COMO PARCEIRO
Para Gilberto Macuacua, do Programa Homem que é Homem, o Gabinete da Primeira- dama fez muito em prol das mulheres e crianças, mas acha que seria importante que a próxima Primeira-dama olhasse para o homem como parceiro.
Disse que mesmo quando se fala sobre a violência doméstica, olha-se mais para as vítimas e pouco trabalho é feito com os violadores. “Os homens é que são os principais perpetradores desta violência, dai a importância do seu envolvimento”.
O Gabinete dirigido pela Maria da Luz Guebuza trabalhou muito na questão da saúde da mulher, mas mais uma vez o homem é o principal responsável da maior parte dos problemas de saúde que afectam a mulher. “Estou a falar do planeamento familiar, pois quem decide sobre o número de filhos em casa é ele, a questão de partos na maternidade, quem decide se a mulher deve dar à luz na maternidade ou não é ele, quem decide se a menina deve ir à escola ou não é ele”, disse Macuacua adiantando que por estes e outros motivos o envolvimento do homem como parceiro é indispensável.
Joana Macie
Fonte: http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/pagina-da-mulher/28258-enaltecido-trabalho-da-1-dama
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