NORIMITSU ONISHI
DO "NEW YORK TIMES"
07/05/2014 02h00
Em Alexandra, subúrbio pobre e de maioria negra na periferia de Johannesburgo, os cartazes incentivando os eleitores a conduzir o Congresso Nacional Africano de volta ao poder na eleição de hoje remetem diretamente ao passado glorioso do país.
"Faça isso por Madiba", diz um cartaz, aludindo ao apelido de Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul, morto em 2013.
Os cartazes evitam mencionar o atual presidente, Jacob Zuma, 72, envolto em escândalos, que busca mais um mandato de cinco anos.
Cinco meses após a morte de Mandela, o partido está contando com ele e outros antigos heróis para se manter no poder. É provável que a tática funcione.
A previsão é que o CNA tenha vitória avassaladora na quinta eleição realizada no país desde o fim do apartheid, em 1994.
Mas Zuma, cuja popularidade sofre com a alta taxa de desemprego (26%) e o baixo crescimento econômico (previsão de 2,3% para este ano), deve ter redução no apoio.
Há ainda escândalos como o desvio de US$ 23 milhões de dinheiro público para reformas em sua casa.
Mulher com camiseta de Mandela vota em seção eleitoral em Nyanga, na periferia da Cidade do Cabo
Nos últimos meses, jovens saquearam lojas, queimaram pneus e atiraram pedras na periferia de Johannesburgo e Pretória, pedindo melhores serviços públicos.
Veteranos dissidentes do partido estão incentivando os eleitores a inutilizar suas cédulas de voto.
O Combatentes pela Liberdade Econômica, partido novo comandado pelo ex-líder da ala jovem do CNA, pede a nacionalização de minas e bancos sem pagamento de indenização e atrai jovens insatisfeitos com o status quo.
A mensagem deles –que o partido que libertou a África do Sul hoje é comandado por uma classe corrupta que não elevou o padrão de vida da população negra comum– encontra eco em Alexandra.
Mesmo assim, a ausência de uma alternativa clara para a maioria negra e a lealdade duradoura dos eleitores mais velhos às figuras que os libertaram conferem ao CNA vantagem nas pesquisas.
"As pessoas que vão votar são nossos avós, nossos pais, porque têm longa relação com o CNA", afirma Tshidiso Nonyane, 25, que votou no partido no passado, mas não se cadastrou para esta eleição. Universitário formado em marketing, Nonyane está trabalhando num McDonald's. "Os jovens não vão votar porque não faz sentido."
A Aliança Democrática, o principal partido oposicionista, tradicionalmente associado aos sul-africanos brancos, começou a atrair negros da classe média e a fazer campanha em periferias como Alexandra com o slogan "juntos por empregos".
Na última eleição, em 2009, o CNA teve 65,9% dos votos, ante 16,6% da Aliança. Neste ano, a expectativa é que o apoio ao partido governista possa diminuir para menos de 60%, o que representaria uma derrota política para o presidente Zuma.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/05/1450456-impacientes-sul-africanos-votam-hoje.shtml
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