Divulgação/Centro de Memória de Jundiaí
Criados como locais de resistência, espaços prestavam serviços de apoio à comunidade afrodescendente como auxílio funerário, de saúde e arrecadação de fundos para garantir alforrias
26/05/2014
Da Redação
Foi aprovado, durante reunião do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), na segunda-feira passada (19), a abertura do processo de tombamento de três clubes negros no Estado de São Paulo.
Considerados locais de resistência ao preconceito e espaço de lazer e interação entre negros no final do século XIX, o Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio, de São Carlos, a Sociedade Beneficente 13 de Maio, de Piracicaba, e o Clube Beneficente Cultural e Recreativo 28 de Setembro, de Jundiaí, são elementos importantes para a história social e cultural da formação da sociedade paulista.
Além de serem pontos de entretenimento, já que os negros da época eram impedidos de entrar nos locais convencionais de lazer, os clubes prestavam serviços de apoio à comunidade afrodescendente como auxílio funerário, de saúde e arrecadação de fundos para garantir alforrias.
Ana Lúcia Lanna, presidente do Conselho, elogiou o relatório que pediu o tombamento. “É preciso romper com a ideia de que apenas monumentos podem ser tombados e reconhecer também as práticas sociais, culturais e políticas".
Já o professor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados (MS) e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Márcio Mucedula Aguiar, colheu relatos sobre o Flor de Maio e reforçou que o local "é patrimônio que mostra a resistência, poucos anos após a abolição, ao preconceito e a luta por direitos".
No parecer que defende o tombamento, aprovado por unanimidade, Heitor Frúgoli Júnior, do Departamento de Antropologia da USP, afirma que o processo "auxilia potencialmente" os clubes e pode atrair "gerações mais jovens nas lutas coletivas afrodescendentes pela expansão de seus direitos na realidade contemporânea".
Um dos mais antigos clubes negros do país, o 28 de Setembro, é um dos poucos em SP que, apesar de ter perdido muitos sócios, ainda consegue manter as atividades e as portas abertas.
"Não é fácil, perdemos muitos sócios nos últimos anos, mas seguimos em frente com bailes para a terceira idade e eventos para a comunidade black. Até hoje, conseguimos reunir os negros, mas o clube é aberto a todos", conta o presidente Edval Francisco Honório.
Com informações da Folha de S. Paulo
Com informações da Folha de S. Paulo
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