Matias Indjic
Lupita Nyong'o, que interpreta pirata no novo "Star Wars", assistia à saga durante a infância no Quênia
Era uma sessão especial para fãs de "Star Wars". A Disney fechou uma sala de cinema do Antara Fashion Mall, um shopping metido a besta na Cidade do México, e chamou duas centenas de admiradores para assistirem a dez minutos inéditos de "O Despertar da Força", início da nova trilogia da saga criada por George Lucas. Depois, acompanharam uma conversa com a produtora Kathleen Kennedy e dois dos seus atores, Oscar Isaac, 36, e Lupita Nyong'o, 32.
Boa parte do evento, no entanto, foi de gritaria de fãs de todas as idades: "I love you, Lupita!", "Te amo, Lupita!".
"Isso nunca aconteceu com '12 Anos de Escravidão'", brinca a vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em sua estreia em um longa-metragem, há dois anos. "Estou vivendo em um mundo diferente agora, preciso me ajustar rapidamente. 'Star Wars' é um fenômeno cultural maior que a vida, maior que qualquer um de nós. Um filme que passa de geração para geração."
Nascida na Cidade do México, em 1983, Lupita foi batizada em homenagem à Santa María Guadalupe, a "mãe Lupita", beata de Jalisco. Na época, seu pai, o queniano Peter Anyang' Nyong'o, era professor de ciências políticas na universidade local. Embora tenha se mudado para o Quênia ainda criança, Lupita fala espanhol quase fluentemente.
Desde que segurou a estatueta dourada pelo papel de uma escrava barbarizada em uma fazenda no sul dos EUA, a atriz pouco fez: uma ponta em "Sem Escalas", filme de ação com Liam Neeson, e a peça off-Broadway "Eclipsed".
Agora, está prestes a saltar para outro nível de fama com a estreia de "Star Wars: Episódio 7 - O Despertar da Força". "Não sei se estou confortável com essa atenção toda. Aliás, não sei se alguém consegue ficar confortável, mas estou me divertindo. É fascinante o nível de entusiasmo gerado por 'Star Wars'", conta ela à Serafina, um dia depois do encontro com os fãs em sua cidade natal.
CAPTURA DE PERFORMANCE
A atriz aparece de forma discreta na aventura espacial dirigida por J.J. Abrams. Ela interpreta Maz Kanata, uma pirata intergaláctica milenar que terá um papel importante na busca por Luke Skywalker (Mark Hamill).
A atriz aparece de forma discreta na aventura espacial dirigida por J.J. Abrams. Ela interpreta Maz Kanata, uma pirata intergaláctica milenar que terá um papel importante na busca por Luke Skywalker (Mark Hamill).
Nas telas, estará escondida sob terabytes de maquiagem digital: sua personagem é inteiramente criada por efeitos de computação gráfica baseados em "captura de performance", técnica na qual a intérprete tem a face e o corpo cobertos por pontos que reproduzem sua atuação. "Encontro esses pontos de captura até hoje nas minhas roupas." "[O diretor] J.J. me explicou um pouco sobre a personagem, mas fiquei interessada mesmo na tecnologia."
Muitos questionaram como uma atriz iniciante e em ascensão decidiu se esconder por trás de uma máscara virtual, mas Lupita diz que não se arrepende da decisão. "Atores que admiro, como Benedict Cumberbatch e Zoe Saldana, passaram por essa experiência", conta ela, referindo-se a intérpretes de "O Hobbit" e "Avatar", respectivamente. "Depois de '12 Anos de Escravidão', da exposição positiva e da onda de prêmios, queria fazer algo que passasse longe daquilo tudo."
Apesar de mostrar à reportagem o boneco de um soldado imperial guardado na sua bolsa, a atriz revela que só começou a ser mais nerd ao ganhar o papel na nova trilogia. "Nasci no mesmo ano em que 'O Retorno de Jedi' foi lançado, então o mundo em que cresci já estava acostumado a 'Star Wars'. Mas não estava ciente do fanatismo em torno dos filmes", conta ela, que aprendeu a gostar da série ao assisti-la na TV durante a infância no Quênia. "Tenho certeza de que em algum momento da minha vida brinquei de ser a princesa Leia."
Pergunto da importância de ter um herói negro (John Boyega no papel de Finn) e uma heroína mulher (Daisy Ridley, intérprete de Rey) como protagonistas de um filme do tamanho de "Star Wars", e ela defende a saga ferozmente. "Ei, a princesa Leia era protagonista. E Rey é a continuação do legado de Leia, que quebrou tabus naquela época e mudou a maneira de como muita gente via o mundo", rebate.
Eleita a mais bela do mundo em 2014 pela revista "People", ela fecha 2015 como uma pirata alienígena. "Hoje, mulheres interpretam funções relevantes e não são reconhecidas apenas pelo corpo."
POR RODRIGO SALEM
DA CIDADE DO MÉXICO
DA CIDADE DO MÉXICO
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/serafina/2016/01
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