sexta-feira, 26 de setembro de 2014

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE Sonho de José Fret Lau Chong era ver São Tomé livre da exploração

Foi a violação dos direitos humanos perpetrada pelos colonos portugueses nas ilhas são-tomenses durante a exploração das roças de cacau e de café que levou José Fret Lau Chong a abraçar a luta pela independência.



José Fret Lau Chong é uma das memórias vivas da luta pela independência de São Tomé e Príncipe, conquistada a 12 julho de 1975. Era ainda um jovem quando se juntou aos nacionalistas são-tomenses que lutavam contra o poder colonial português. Diz que o fez para ver as ilhas livres da exploração.
No roteiro pela conquista da soberania nacional, Fret Lau Chong representou o Comité de Libertação de São Tomé e Príncipe (CLSTP) em várias frentes em Portugal, Alemanha e Marrocos.
Em entrevista à DW África, o antigo ministro da Informação, Justiça e Trabalho – cargo que ocupou entre 1975 e 1976 – negou, no entanto, que a implantação do regime do partido único no país após a independência tenha sido uma contradição.
DW África: Por que motivo ingressou no grupo dos nacionalistas que lutavam pela independência?
José Fret Lau Chong (JLC): Eu sou da geração que viveu o 3 de fevereiro de 1953 [massacre de Batepá]. Vi o sofrimento do nosso povo, das nossas mães, dos nossos pais e irmãs a serem humilhados na via pública, mulheres a serem apalpadas, outras esbofeteadas. Se refilassem seriam presas e imediatamente enviadas para Fernão Dias. Tudo isso criou em mim um sentimento de revolta. Eu sabia que para atingir o meu objetivo tinha que conquistar o saber para combater esse regime salazarista, que oprimia os nossos povos não apenas em São Tomé e Príncipe, como também em Angola, Moçambique, etc.
DW África: Por que é que optaram pela luta política em São Tomé e Príncipe e não apostaram na luta militar como nas outras colónias portuguesas (Angola, Guiné-Bissau e Moçambique)?
JLC: A luta militar era impossível. Primeiro, somos uma ilha isolada. O número da população e a consciência do nosso povo na altura [eram outros entraves]. E como é que se iria arranjar armas? Tinha que se pensar muito bem como isso deveria ser.
Mesmo Angola, que lutava clandestinamente, tinha o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em Luanda e Holden Roberto no Congo. Também eles tiveram que começar do exterior para o interior e arranjar bases mais próximas do país para lutar.
DW África: A constituição do Comité de Libertação de São Tomé e Príncipe (CLSTP) na Guiné Equatorial deveu-se a limitações financeiras ou à falta de coesão no seio do grupo de trabalho?
JLC: Não. O CLSTP já existia quando foram para a Guiné Equatorial. Em países como a Guiné Equatorial, a Nigéria e o Congo, e mesmo em Portugal, havia núcleos de são-tomenses. E nos lugares onde era possível fazer-se a mobilização sem cair nas garras do inimigo, fazia-se.
Na Guiné Equatorial tivemos apoio do primeiro Governo do antigo Presidente Francisco Macias. Era preciso organizar o grupo que ali vivia para que eles pudessem organizar a luta. Tinha que se fazer propaganda para que as pessoas entendessem qual era o objetivo da luta de libertação de São Tomé e Príncipe.
DW África: Quase todo o movimento de libertação pela independência de São Tomé e Príncipe deu-se no exílio. Não houve apoio suficiente nas ilhas?
JLC: Nós tínhamos colónias são-tomenses por toda a parte. Tinha-se que mobilizar, sobretudo naqueles lugares, para depois fazer com que a luta se desenvolvesse no interior do país. No Congo e na Guiné Equatorial tínhamos essa campanha, em Ponta Negra e em Calabar, por exemplo. Daqueles pontos conseguíamos mandar emissários para contactar a nossa gente aqui no interior.
DW África: Qual foi o apoio que tiveram dos países africanos independentes como o Gabão?
JLC: O Gabão desempenhou um papel importante na nossa luta de libertação nacional e somos muito agradecidos pelo que o Governo gabonês fez por nós. Quando o CLSTP ganhou estatuto internacional, quando foi reconhecido pela Organização da Unidade Africana (OUA), já tínhamos feito, em Malabo, a transformação do Comité de Libertação em Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP). Conseguimos então introduzir o MLSTP no Gabão, embora em São Tomé já estivesse como CLSTP. E depois com o MLSTP tudo estava ainda mais facilitado, de maneira que a partir daqui pudemos trabalhar.
   
Grupo de colonos portugueses em São Tomé e Príncipe
DW África: A proibição das emissões radiofónicas, a partir de Libreville, sobre os ideais da independência foi um primeiro entrave?
JLC: Nunca houve proibição de emissões. O CLSTP na altura era controlado pelo poder, mas aqui é que não deixava entrar as emissões, quer dizer, os portugueses. Quando criámos o MLSTP, as condições já eram um pouco diferentes. E até assinarmos o acordo com os portugueses emitimos sempre daqui.
DW África: Lembra-se de algum episódio curioso na luta pela independência? Por exemplo, a composição do Governo?
JLC: Depois de assinarmos o acordo em 26 de Novembro de 1974, em que Portugal reconhecia a nossa independência e que tinha já prazos fixados para a formação do Governo de transição e depois a proclamação da independência, é claro que já tínhamos, mais ou menos, a ideia e a figura de quem podia, nesta primeira fase, governar o país. Não se pode dizer que chegou o dia 12 de julho de 1975 e nós não sabíamos quem ia governar. Na altura era apenas um partido e normalmente são [escolhidas] figuras desse partido.
DW África: Residiu na Alemanha no período antes da independência. Como é que avalia o posicionamento das duas Alemanhas, Ocidental e Oriental, no processo da luta pela independência contra o movimento colonialista na África lusófona?
JLC: Foram dos países que muito ajudaram o regime de Salazar com armas e munições para Portugal fazer a sua guerra colonial. Porquê? Porque tinham interesses. Assim, não havia independência, esses países continuavam a ter bons negócios com Portugal e Portugal continuaria a viver do nosso trabalho, do nosso suor, das nossas lágrimas para o bem do seu povo. Eles estavam do lado do chamado bloco ocidental.
Nós, com o advento da OUA, com o nosso trabalho externo, começamos a ganhar simpatia depois de sermos reconhecidos pela OUA. Claro que tivemos apoio dos países que naquela altura já defendiam a independência dos povos das colónias. Lembre-se que a resolução das Nações Unidas de dezembro de 1970 declarava que os povos coloniais deveriam ter a sua autodeterminação e independência.

José Fret Lau Chong estudou engenharia na Alemanha
DW África: Quando residia na Alemanha, era responsável pela informação e propaganda do CLSTP. Como é que desempenhava essas funções?
JLC: Quando se criou a CLSTP, eu já estava fora de São Tomé. Eu parti em 1954, depois estive em Lisboa, de onde saí em 1959. Estive em França até finais de 1960. Depois consegui chegar à Alemanha e, nessa altura, tivemos informação que daí poderíamos ter bolsas para prosseguir os nossos estudos.
Criou-se, então, a União Geral dos Estudantes da África Negra sob Dominação Colonial Portuguesa(UGEAN). Eu representei São Tomé nessa reunião e fui eleito secretário-geral para dirigir por dois anos a organização. Isso dava-me oportunidade de poder fazer parte do MLSTP porque era reconhecido. E embora tivesse a tarefa fundamental da organização no seio estudantil, eu era um quadro considerado pelo CLSTP e informava sobre a nossa luta. Éramos membros de pleno direito.
DW África: Pelo desenrolar do processo o senhor acha o país na altura e os nacionalistas estavam preparados para assumir os destinos de são Tomé e Príncipe?
JLC: Se nós pensássemos assim, não haveria luta de libertação! Sabíamos que o nosso povo queria ser libertado depois do massacre de 1953 e que deviam recuperar as suas terras que foram roubadas pelos colonos.
Sabiam que eram exploradas indiretamente porque só faziam trabalho de empreitada. Nunca aceitaram trabalho forçado. Isso fazia com que transportassem os trabalhadores como gado, de Angola, de Moçambique e mais tarde de Cabo Verde, para aqui. Já havia uma série de condimentos para fazer ferver esta panela.
A nacionalização das roças foi "um gesto patriótico", defende José Lau Chong
DW África: Na retrospetiva diria que houve erros na nacional dos setores chaves da economia como as roças de cacau e café?
JLC: Lembro-me que mesmo depois da independência, quando as coisas começaram a andar mal, dizia-se que se nacionalizou e que não se devia nacionalizar, que o processo foi mal conduzido. Não. Nós estávamos convencidos que deveríamos recuperar aquilo que era nosso. Sabíamos que era vontade do povo e acreditávamos piamente que, mesmo sem ter aqueles quadros, nos podíamos tomar a rédea da nossa economia.
Este gesto de nacionalização foi um gesto patriótico. Naquela altura houve colonos, que ocupavam propriedades pequeninas, que as abandonaram com salários em atraso só para nos tramar, porque sabiam que íamos tomar as roças. O que se pode dizer é que talvez não tenhamos tido tempo suficiente para preparar. Naquela altura não tínhamos quadros são-tomenses formados.
DW África: Os movimentos pela independência lutaram pelo fim do regime não democrática de Portugal em Africa mas acabaram de instalar regimes monopartidários nos países libertados. Não é uma certa contradição?
Josó Lau Chong foi ministro da Informação, Justiça e Trabalho entre 1975 e 1976
JLC: Não, não é contradição. Depois de nos tornarmos independentes íamos fazer um regime igual ao de Oliveira Salazar? Para isso não valia a pena lutar. Acomodávamo-nos como os salazaristas.
DW África: Lutou-se contra o regime salazarista, mas houve também a instalação do partido único. Isto não é uma contradição para si?
JLC: Não é contradição porque naquela altura tinha que ser. Não havia outro partido. Houve um partido que se quis formar depois da nossa independência, chamado Frente Popular Livre. Eles próprios dissolveram-se e juntaram-se ao MLSTP. Alguns dos seus representantes fizeram um trabalho valioso para o país.
Depois disso, e se durante a primeira fase da nossa luta começou a haver determinadas tomadas de posição que talvez não fossem as mais corretas, mesmo para a marcha do país, é natural que houvesse gente esclarecida que não podia aceitar isso. Por isso é que se diz que afinal de contas se ia fazer o mesmo que os portugueses fizeram.
Fonte: http://www.dw.de/sonho-de-jos%C3%A9-fret-lau-chong-era-ver-s%C3%A3o-tom%C3%A9-livre-da-explora%C3%A7%C3%A3o/a-17940074

Ondjaki lança livro sobre a imigração africana em Portugal

Um livro novo do escritor angolano Ondjaki é sempre um acontecimento e “Os Vivos, os Mortos e o Peixe Frito” não é excepção. Esta obra é dedicada à história dos imigrantes africanos em Portugal.
O escritor angolano, Ondjaki, acaba de lançar em Lisboa mais um título do conjunto da sua crescente produção literária. A obra, inspirada numa peça radiofónica, foi apresentada na terça-feira, 23 de setembro em Lisboa, por coincidência no dia do aniversário do autor, que disse à DW África, a propósito do título invulgar: “Bem, costuma-se dizer que para entender o título tem que se ler o livro. Mas eu acho que há aqui uma brincadeira com estas pessoas, que é um grupo de africanos, que se encontra em Lisboa”.
Acontece que neste preciso dia da narrativa, todos eles estão à procura de peixe frito e não encontram: “E o morto é um senhor que morreu e que anda de um lado para o outro por causa de um jogo de futebol”. Porque, explica Ondjaki, todas as histórias, incluindo a de uma gravidez indesejada, se passam numa determinada data: o dia em 2006, em que Portugal jogou contra Angola no Campeonato de Futebol do Mundo: “Então é aí que se mete á questão do futebol. Para além da questão da gravidez e do morto, eles estão todos ali a gerir aquela ansiedade do jogo”.
Migração com fronteiras
O novo livro de Ondjaki
O escritor angolano decidiu agora dar voz aos africanos que vivem e viveram em Portugal. Mais precisamente, trata-se de uma série de textos cheios de humor sobre a africanidade na Europa. Ou melhor, sobre o lado humano das personalidades que se sobrepõem às nacionalidades diz Ondjaki: “É sobre o encontro de todos estes imigrantes em Portugal. Eles conhecem-se, aliás, na firma onde eles estão para se legalizar. Num edifício que aqui no livro é chamado “Migração com Fronteiras”. Isto porque obviamente os países estão cheios de fronteiras para emigrantes: “ E o teatro justamente, sobrepõe-se a isso, o teatro é uma linguagem sem fronteiras”.
Do texto, Ondjaki destaca uma figura, que considera interessante: “É um jovem nascido em São Tomé, mas que já cresce na Mouraria (bairro popular de Lisboa), e que é aquele malandro que se desenrasca”. É também alguém com um português “muito específico”, que gosta de consultar o dicionário, diz o escritor, e “acaba por ser o fio condutor dessa história, esse jovem chamado JJ Mouraria”.
O papel dos imigrantes no mundo
Zeferino Coelho é o Editor de numerosos autores africanos de língua portuguesa
O texto em forma de teatro acaba por apelar à reflexão, pois o tema é universal, explica o Ondjaki: ”Isso acaba por levar em conta o papel dos imigrantes em todos os países, não só em Portugal. Angola tem imigrantes, Cabo Verde tem imigrantes, Moçambique tem imigrantes e Portugal também”. O livro realça pois que por detrás dos imigrantes, e por detrás dos papéis do imigrante, estão sempre pessoas: “Com os seus dramas, com as suas urgências e com os seus afetos”.
O que fascinou o editor Zeferino Coelho, da editora portuguesa Caminho/Leya, foi a forma como o escritor angolano aborda a temática da imigração: “Aquilo que me parece mais inovador é o facto de ser uma peça de teatro que põe em cena os problemas da comunidade africana aqui em Portugal”. E não se trata apenas de tematizar os problemas com as autoridades portuguesas, mas também os problemas entre si, e o choque entre esta variedade de culturas e as gerações diferentes: É um livro extremamente divertido e extremamente profundo”, conclui o editor. O público pode apreciar ambos no lançamento, pois a apresentação foi feita por atores africanos radicados em Portugal
O público acorreu numeroso ao lançamento em Lisboa
O lançamento em Angola quando possível
Segundo Ondjaki, “Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito” será depois lançado em Luanda, Angola, logo que possível: “Estou à espera que o livro seja impresso em Luanda, mas será. Acho que agora vai sair no Brasil, a seguir de Portugal, e depois então em Angola".
Autor de vários títulos, entre contos, poesia e romance, Ondjaki – cujo pseudónimo significa “guerreiro” em umbundu, uma das línguas nacionais de Angola, tornou-se uma presença regular no mundo literário de língua portuguesa e não só.
Fonte: http://www.dw.de/ondjaki-lan%C3%A7a-livro-sobre-a-imigra%C3%A7%C3%A3o-africana-em-portugal/a-17950220?maca=bra-newsletter_pt_africa_em_destaques-6779-html-newsletter

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Cabo Verde vai receber fundos da União Europeia para energia renovável

Acordo será assinado durante Cimeira do Clima; países europeus apoiam iniciativa Energia Sustentável para Todos e comprometem-se com 3,3 mil milhões de euros para garantir serviço a 500 milhões de pessoas.
Bandeira de Cabo Verde
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A União Europeia e os Estados Unidos firmaram esta segunda-feira uma  cooperação com a iniciativa  da ONU "Energia Sustentável para Todos". A proposta é reduzir pela metade o total de 1,3 mil milhão de pessoas no mundo que não têm acesso a fontes de energia.
Outros 2,6 mil milhões dependem de madeira, carvão e outros combustíveis sólidos para cozinhar e aquecer suas casas. Durante a divulgação da parceria, em Nova Iorque, o comissário europeu para o desenvolvimento disse que os países do bloco vão investir inicialmente 3,3 mil milhões de euros.
Nações Africanas
Andris Piebalgs contou que a União Europeia quer ajudar países em desenvolvimento a fornecer energia para 500 milhões de pessoas até 2030.
O comissário anunciou ainda que Cabo Verde será um dos primeiros países do mundo a obter todos os seus serviços de energia por meio de fontes renováveis.
Uma declaração será assinada esta terça-feira entre União Europeia, Cabo Verde, Côte d'Ivoire, ou Costa do Marfim, Libéria, Togo e Ruanda durante a Cimeira do Clima da ONU.
Já o secretário-geral para a iniciativa Energia Sustentável para Todos, Kandeh Yumkella, citou um plano conjunto do Bank of America, do Banco Mundial e do Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil para levantar US$ 120 mil milhões em investimentos adicionais para o fim da pobreza energética.
Fonte: radioonu

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Cantoras africanas participam de diálogo de alto nível na ONU

Angélique Kidjo do Benin e Yvonne Chaka Chaka da África do Sul defenderam o direito das raparigas; artistas compareceram ao encontro com primeiras damas do continente na sede da ONU; evento tratou de saúde materno-infantil.


Angelique Kidjo. Foto: Rádio ONU

Primeiras-damas de diversos países africanos se reuniram na sedas das Nações Unidas para um diálogo de alto nível sobre saúde materna e de recém-nascidos.
As cantoras Angélique Kidjo, do Benin, e Yvonne ChakaChaka da África do Sul, participaram do encontro que teve como enfoque a saúde materno-infantil e das raparigas.
Adolescentes
Segundo a Organização das Primeiras-Damas Africanas contra HIV/Aids, Oafla, na sigla em inglês, e o Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, 22% do total da população da África são adolescentes. Isto representa cerca de 251 milhões de pessoas. Esta é a maior proporção de adolescentes do mundo.
Em comunicado, a associação e a agência afirmam que o continente precisa intensificar ações para abordar as necessidades destes jovens, em particular as raparigas, que seriam mais vulneráveis que os rapazes.
Em declaração no evento, a primeira-dama do Chade e presidente da Oafla, Hinda Deby Itno, pediu, em nome das primeiras-damas do continente, a mobilização de todos em prol da melhoria da saúde sexual e reprodutiva das raparigas em África.
Ela defendeu 18 anos como idade mínima para casamento de raparigas. A primeira-dama afirmou ainda que segundo estimativas de agências da ONU e do Banco Mundial, cerca de 500 mulheres morrem por dia na África de causas relacionadas à gravidez ou ao parto.
Moçambique 
Falando com a Rádio ONU, Angélique Kidjo, elogiou o encontro com as primeiras-damas do continente. A cantora, que é embaixadora da Boa Vontade  do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, falou sobre a visita recente que fez a Moçambique.
Ela falou sobre o "perigo" de focar apenas nas grandes cidades e não nas áreas rurais e disse que teve a oportunidade de conhecer a primeira-dama do país.
Nelson Mandela 
Em entrevista à  Rádio ONU, a cantora sul-africana Yvonne ChakaChaka falou sobre o legado de Nelson Mandela e afirmou que a Áfica é "um grande continente" e que "só é preciso vontade política".
Ela também cantou trechos de uma canção durante a entrevista e arriscou algumas palavras em português.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Fonte: radioonu

Cristiane Sobral

PETARDO

Escrevi aquela estória escura sim.
Soltei meu grito crioulo sem medo
pra você saber:
Faço questão de ser negra nessa cidade descolorida,
doa a quem doer.
Faço questão de empinar meu cabelo cheio de poder.
Encresparei sempre,
em meio a esta noite embriagada de trejeitos brancos e fúteis.

Escrevi aquele conto negro bem sóbria,
para você perceber de uma vez por todas
que entre a minha pele e o papel que embrulha os seus cadernos,
não há comparação parda cabível,
há um oceano,
o mesmo mar cemitério que abriga os meus
antepassados assassinados,
por essa mesma escravidão que ainda nos oprime.

Escrevi
Escrevo
Escreverei
Com letras garrafais vermelho-vivo,
pra você lembrar que jorrou muito sangue.



(Poema extraído da obra O NEGRO EM VERSOS, organização e apresentação de Luis Carlos dos Santos, Maria Galas e Ulisses Tavares. São Paulo: Moderna, 2005
Antologia da Poesia Negra Brasileira. ISBN  85-16-04760-1  

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/cristiane_sobral.html

Chefes de Estado africanos abordam investimento no continente

Almoço de trabalho será nesta segunda-feira na Bolsa de Valores de Nova Iorque; ministro da Planificação e Desenvolvimento de Moçambique estará presente no encontro.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.*


O escritório da ONU sobre África, a companhia de investimento Africa Investor,e o Fórum de Parcerias Globais serão anfitriões do 7º almoço de trabalho de chefes de Estado e de governo africanos sobre investimento.
O evento será na Bolsa de Valores de Nova Iorque, nesta segunda-feira.
Autoridades 
O encontro reunirá estadistas africanos e autoridades de governo de alto nível com a comunidade internacional de investimento e o setor privado. Filantropos e representantes da União Africana e das Nações Unidas também irão participar.
O objetivo do almoço de trabalho é desenvolver parcerias que promovam integração econômica regional. O evento também vai encorajar o diálogo entre líderes de governos e de negócios.
O conselheiro especial do secretário-geral para África, Maged Abdelaziz, destacou que investimento é crucial para "sustentar o atual crescimento econômico africano" e apoiar a "agenda transformadora da União Africana".
Moçambique
Os presidentes de Gana e Malaui participarão de uma discussão de alto nível durante o almoço de trabalho.
O evento será seguido de um diálogo ministerial que contará com a presença do ministro de Planificação e Desenvolvimento de Moçambique, Aiuba Cuereneia, além de autoridades de países como Marrocos, Nigéria, Quénia, Ruanda e Senegal.
*Apresentação: Denise Costa.
Fonte: radioonu

domingo, 21 de setembro de 2014

Unesco celebra em 21 de setembro o Dia Internacional da Paz em Moçambique


Entrevistas, debates e atividades culturais são algumas das iniciativas para abordar a questão; data é comemorada este domingo, 21 de setembro.



Mingas promove paz com sua música. Foto: Rádio ONU/Ouri Pota

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.

Para comemorar o Dia Internacional da Paz, celebrado este domingo, a Rádio ONU em Maputo foi saber qual a importância da data para a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
O porta-voz da agência em Maputo, Noel Chicuecue, explicou que o dia pede uma reflexão aos problemas que afectam as sociedades.
Pausa
"É uma oportunidade que temos para reflectir, aprofundar o nosso conhecimento, as nossas accções sobre a paz. A paz  tão almejada em todo mundo. Acho que o ambiente de guerra que se vive em todo lado e África em particular, no Médio Oriente, exige que nós paramos por um momento para pensar o que se fazer para alcançar a paz."
"O que fazes pela paz em Moçambique?" é a questão colocada a diversas personalidades pela Unesco no país. A Rádio ONU ouviu a cantora moçambicana Mingas, que por sinal é Embaixadora dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Mingas apela ao diálogo em épocas de crise.
Grito dos Povos
" Através da minha música, tenho focado vários temas que concorrem para a paz. Tenho uma música, por exemplo, Vuka África, que fala das guerras , que é uma pergunta, o porquê da guerra. É um pedido, um grito de socorro. Penso que meu grito é o grito dos povos que sofrem os traumas que as guerras criam. Um pedido de socorro para que os líderes, principalmente políticos, resolvam as diferenças, os problemas de uma maneira diferente, não com a guerra."
Ao declarar 21 de setembro como Dia Internacional da Paz, as Nações Unidas querem ressaltar a aspiração de todos os povos de viverem juntos, livres e com igualdade de direitos e dignidade .
Tema
O lema global é Direito dos Povos à Paz. A escolha do tema visa celebrar o 30º aniversário da adopção de uma declaração internacional com este nome.
A União Africana lançou o Movimento Pan-Africano para a Cultura de Paz em apoio à campanha  ”Vamos Construir a Paz", iniciada em 2010 e com vista a ampliá-la.

Fonte: radioonu

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Resenha: Histórias da Preta - Heloisa Pires

Histórias da Preta
Na obra Histórias da Preta, de Heloisa Pires Lima, a autora apresenta uma abordagem histórica de cultura africana, passando pela definição de etnia e racismo, sempre trabalhando com uma visão do que é ser diferente. Essa é uma obra um tanto quanto complexa. A preta, vemos pela capa do livro, é uma jovem; porém, no decorrer da narrativa, dado o conhecimento e as reflexões que ela apresenta, já parece uma mulher adulta experiente: “Certa vez, trabalhei com os índios pataxós, na Bahia...” (p. 55).
A estrutura da obra é diferente: temos, no início, a Preta se apresentando (fase de menina):
Cresci uma menina igual a todas as meninas e diferente de todas as outras. Desse jeito, sou eu com minha história, nesta história com todos os tamanhos que couberem neste livro. Eu sou a preta. Era minha madrinha, a tia Carula [ ... ] que me chamava assim (p. 9).
O livro é dividido em Apresentação, África, O roubo do tesouro, São direitos ou são tortos?, Historietas da Preta, Histórias do candomblé, Diferente de ser igual. Outro aspecto interessante na estrutura é que a preta é a narradora-personagem principal. A voz na história é dela, e notamos que ela tem muitos traços da autora no decorrer da narração.
Tentaremos, pelo menos, apresentar a idéia principal da obra. Na Apresentação, ela discute sobre o duplo sentido da designação. Preta:
[...] tia Carula ficou principalmente na minha lembrança de certos dias tristes em que ela chegava com sua sacolinha de carinhos. E só ela sabia me chamar de Preta desse jeito que ficou tão doce. Olha que engraçado: quando os outros diziam que eu era preta eu achava estranho (p. 12).
Notamos a relação afetuosa dela com a tia, o carinho, o ambiente aconchegante.
Preta mostra seus questionamentos e seu processo de descoberta e de se assumir como negra: “— Eu não sou preta, eu sou marrom. Cor de doce de leite, como a canela, como o chocolate, como o brigadeiro. Cor de telha. Cor de terra [...]. Eu fui aos poucos descobrindo que eu era Preta marrom, uma menina negra”.
Não é imediatamente que ela se denominará como negra, mas aos poucos vai se percebendo e sendo percebida como tal.
É fundamental aqui o processo, pois muitos negros passaram por ele: “Ser negra é como me percebem? Ou como eu me percebo? Ou como vejo e sinto me perceberem? [...] Como é, afinal, ser uma pessoa negra? Eu respondo quando responderem como é que é ser uma pessoa que não é negra?” (p. 12).
Durante a Apresentação, encontramos reflexões curiosas, inquietantes sobre essa questão: “— Vó, quem inventou a cor das pessoas? [...] Ela disse: — Eu só respondo se tu me disser quem inventou o nome da cor das pessoas” (p. 12).
Ou quando ela vai comparar o termo afro com “etiqueta para todos ou tudo o que é parecido com algo ou alguém da África. Euro é a etiqueta para semelhanças européias” (p. 13).
A origem africana é assunto que percorre toda a obra, bem como a origem mestiça: “[...] Outro dia eu conversei com um amigo loiro cuja mãe sempre conta com orgulho que sua avó era negra [...] Eu, negra descendente de alemães, e ele, loiro descendente de crioulos. Ninguém acredita!”. Chama-nos a atenção essa inversão positiva da mãe do amigo, que conta com orgulho a origem negra.
Mas origem africana está na cara. E também no coração. Ser africano é diferente de ser italiano ou francês [...] onde o bicho homem virou gente foi na África [...]. Mas, ainda que todo mundo seja africano na origem, nem todo o mundo é visivelmente negro hoje em dia. É um quebra-cabeça essa história (p. 13).
A partir daí, ela vai colar pedaços da história para tentar montar esse quebra-cabeça.
Comentemos, agora, a primeira parte da história: a África é negra ou muito colorida? A preta é uma contadora de histórias, haja vista o título da obra. Porém, de ouvidora de histórias, ela passou a ser leitora e, por último, escritora: “Fui crescendo com Lia, que me ensinou a escutar e a sonhar e às vezes a ter pesadelos com essas histórias. Às vezes líamos juntas. Depois comecei a ler de tudo, até que virei uma Lia. E Lia agora escreve livros” (p. 16).
Notamos a maneira criativa e envolvente com que a narradora tece suas idéias, sempre procurando brincar, jogar com os sentidos das palavras lia (do verbo ler) eLia, nome próprio. Esse caráter lúdico-metafórico perpassa quase toda a obra, por exemplo: “Depois de mil e uma noites e dias de histórias sobre a África, entendi que por muito tempo os livros diminuíram alguns povos” ou “A África tem muitas etnias, isto é, muitos jeitos diferentes de ser num mundo aparentemente igual”.
Tranqüilamente, a autora nos coloca em contato com a África, com definições de etnia, cultura, por meio de uma linguagem instigante, provocativa, reflexiva e, muitas vezes, com ludicidade. Quando ela conta um dos mitos da criação do mundo pelos africanos, notamos um pouco isso:
Sabe como o mundo foi criado pelos africanos? Ou como os africanos foram criados pelo mundo? Ou como a criação criou o mundo africano? Ou como muitos africanos criaram as histórias da criação? (p. 18). Essas narrativas cheias de poesia são conhecimentos que contam sobre a criação do mundo: sabedoria sob o céu de estrelas africanas (p. 22).
Ela apresenta a dimensão sagrada da palavra para o povo africano e o griot oudiélis (quer dizer sangue, e a circulação do sangue é a própria vida, a força vital), contador de histórias, poetas, músicos: “[...] é através da fala que o mundo continua a existir no presente” (p. 23).
Na segunda parte, a Preta nos fala da captura de negros africanos, das etnias que vieram para algumas regiões do país. Percebemos verdadeira preocupação em mostrar outro lado da história não contada nas escolas, ou seja, uma versão diferente da história oficial, pois a Preta nos fala sobre o comércio transaárico na África, sobre o tráfico de gente: “Tinha o mercado de gente, o mercado de marfim, o mercado de ouro, e esses mercados dividiam e uniam etnias” (p. 39), até chegar ao mercado transatlântico e às suas conseqüências: “Até de tristeza eles morriam — uma tristeza chamada banzo, que era a falta que sentiam de sua terra, de sua casa” (p. 41). No livro Luana, também aparece esse termo.
Por último, ela mostra dados sobre quando, quantos, para onde e de onde vieram os escravizados, quais eram as etnias e os principais traficantes. Notamos que essa preocupação de apresentar um relato fiel da realidade histórica é imprescindível para um resgate da nossa história; porém, ao fazê-lo, perde-se um pouco o teor literário da obra, pois parece que estamos diante de um livro de história, e não de ficção, embora entendamos a preocupação em explicar tudo à criança.
Será que essa é uma característica dessa nova tendência de escritores (negros ou não) ou até mesmo uma necessidade da literatura infanto-juvenil com recorte étnico-racial, visando a uma busca e/ou ao resgate da nossa identidade? Ainda não podemos afirmar isso, mas há outros livros, não analisados aqui, que demonstram essa preocupação também.
No capítulo São direitos ou são tortos?, encontramos Estevão, um garoto negro, aluno da Academia Imperial de Belas-Artes, filho de escravos:
Mas uma confusão que costuma acontecer é imaginar que todas as pessoas negras eram escravas [...] algumas puderam pôr em prática as estratégias de libertação e conseguiram libertar a si mesmas e tornar livres seus filhos e netos (p. 46).
Enquanto ele desfila pelas ruas do Rio de Janeiro, possivelmente, Preta nos conta o sonho dele: ter sucesso como o artista negro José Maurício N. Garcia: “Uma pausa do órgão quebrou seu sonho. Sabia que teria que brigar muito para conseguir ser importante. Tinha mesmo era que libertar todo mundo primeiro” (p. 47). Ele também quer ser capoeirista e vê a capoeira como uma luta que parece uma dança. Além de Estevão, ela cita alguns negros brasileiros que se destacaram.
Em Historietas da Preta, ela novamente conta várias histórias, buscando enfatizar que há outras maneiras de olhar algo ou alguém diferente, mostra a invisibilidade do negro ou a imagem dele sempre dominado, associado a tudo que é ruim: “A coisa está preta” (p. 54), sofrendo racismo. No dicionário, ela vê a definição dada ao negro: “Assim eu não vou querer ser nem negra nem preta” (p. 54). Ela vai trabalhando com os significados das palavras:
O sentido que nós damos às palavras indica o modo como vemos o mundo, traduz o que achamos das coisas [...]. Sombra é bom quando tem muita luz, e luz é bom quando está muito escuro. O petróleo é negro e não é sujo, o carvão é preto e faz fumaça branca, e eu pensei em tantos opostos que se equilibram que... deu um branco na minha cabeça! (p. 54)
Nas Histórias do candomblé, Preta nos conta sua experiência em uma festa de caboclo: “A festa foi uma flecha que me atirou para dentro de um mundo desconhecido” (p. 60), pois ela havia estudado em escola de freiras: “Quando se é criado numa religião, aprende-se a evitar as outras. Das religiões de origem africana, sempre me chegavam informações muito preconceituosas” (p. 60). A Preta nos fala do candomblé, dos iorubas, dos orixás: Oxum, Oxumaré, Xangô, Oxossi, Obaluaiê, Iansã e outros.
Em Diferente de ser igual, ela retoma o que é ser diferente, ser igual, sempre procurando mostrar o lado enriquecedor da diferença e a igualdade de direitos: “Quem são os mais diferentes? Depende de como eu sou. Mas e se eu for muitos? Então vou ser parecida com muitos [...]. Somos iguais no direito à vida” (pp. 68–69).
As ilustrações desse livro são belíssimas. Na capa, temos a Preta lineada com detalhes; notam-se os traços africanos, os adornos, a maquiagem e as tranças, assim como em Luana. As cores utilizadas são atraentes, fortes e significativas, pois lembram e mostram o colorido das cores africanas (pp. 26, 54 e 57). Em todas as páginas, há algum desenho, muitos deles de algumas etnias africanas; objetos de diferentes etnias também aparecem em destaque (pp.23–24), assim como animais africanos típicos, como camelo, girafa, jacaré, veado e outros (pp. 1, 2, 6, 7, 17, 26, 27, 34, 35 e 36).
Há ilustrações que parecem verdadeiras poesias ou quadros, que encantam, atraem, como a imagem de um pássaro numa página meio rosada com uma lua com cara de gente (p. 14) ou da amiga Lia montada em um camelo, ilustração que utiliza duas páginas com tons diferentes, parecendo a paisagem de um quadro (pp. 31–32).
Nas ilustrações da Preta ainda menina, notamos que, em uma, ela está mais escura e, em outra, mais clara, com traços diferentes, acredito que com cabelo diferente também. A constante referência à África é notória e muito positiva; por exemplo: na página 12, temos um desenho parecido com um mapa colorido, escrito África, com os africanos representados com vestimentas tradicionais, adornos (pp. 16–18). Algumas são mais nítidas do que as outras com relação aos traços faciais, se compararmos às páginas 16, 30 e 37.
Na quinta parte, temos ilustrações que retratam o candomblé, os orixás, as iniciadas (pp. 60–65).
O Sol, representando o dia, com traços negros (pp. 6, 15), em primeiro lugar, e a Lua (noite), em segundo lugar, são os mais desenhados. Além das ilustrações, o material, o papel utilizado para a impressão do livro é de extrema qualidade, gostoso de manusear, tatear, contribuindo para a estética do livro. Há ilustrações grandes, chamativas e outras com teor (preocupação) mais instrutivo (pp. 24, 25 e 43).
Fonte: http://www.letras.ufmg.br/literafro/

Leituras - José Luiz Tavares

Luísa Diogo lidera Comité de Sábios da UA

A EX-PRIMEIRA-MINISTRA moçambicana Luísa Diogo foi nomeada chefe do Comité de Sábios, um pilar essencial da arquitectura de paz e segurança da União Africana (UA). “Vamos trabalhar arduamente para restabelecer a paz no continente. Os que estão afectados pelos conflitos armados são o nosso principal alvo”, declarou Luísa Diogo, segundo a agência Pana, no final da 14.ª reunião do painel realizada terça e quarta-feira em Addis-Abeba.
O Comité, composto por cinco membros, foi criado em 2007 no quadro duma estratégia mais ampla de apoio aos esforços de África para detectar e travar as potenciais ameaças à paz. Ele compreende “personalidades africanas muito respeitadas provenientes de diversos sectores da sociedade e que fizeram contribuições relevantes à causa da paz, segurança e desenvolvimento no continente”.
Durante a sua reunião desta semana, os membros do Comité mencionaram especificamente os litígios eleitorais como a maior ameaça para a estabilidade política de África.
No entanto, acordaram focar a sua atenção não sobre questões políticas, mas na luta contra a impunidade, a justiça, a reconciliação e a governação.
“Se os conflitos armados causam milhões de vítimas directas, as mortes indirectas devido aos conflitos armados são, em média, 14 vezes mais importantes do que as mortes que ocorrem como resultado do combate directo”, indicou o presidente cessante do Comité, o tanzaniano Salim Ahmed Salim.

Fonte: http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/internacional/23351-luisa-diogo-lidera-comite-de-sabios-da-ua

África é pilar da nova ordem mundial - considera Lavrov


O MINISTRO russo dos negócios estrangeiros, Serguei Lavrov, elogiou o papel do Continente Africano numa nova ordem mundial.
“A África é um dos pilares do sistema mundial em evolução”, disse Lavrov, segundo a agência France Presse (AFP), na terça-feira durante uma visita ao Zimbabwe onde assinou acordos de cooperação e ganhou apoio diplomático para a luta contra as sanções ocidentais a Moscovo.
Descrevendo o seu anfitrião, o Presidente Robert Mugabe, como uma “lenda” e “figura histórica”, Lavrov criticou a resposta cada vez mais pesada do Ocidente perante as acções da Rússia na Ucrânia.
A mais recente onda de medidas ocidentais teve como alvos os sectores bancário, de energia e de defesa da Rússia, fazendo com que o rublo caísse para níveis muito baixos.
“Estamos todos convencidos de que essas políticas coercivas unilaterais não têm futuro”, disse Lavrov. “O que é importante hoje em dia é reconhecer o pluralismo na comunidade internacional”.
Durante a Guerra Fria, a União Soviética e o Ocidente correram em busca de influência em África.
"Não há como voltar a um mundo unipolar ou um mundo bipolar. O futuro do mundo será apenas multipolar, caso contrário, todo o sistema não seria sustentável", disse Lavrov, citado pela AFP.

Fonte: http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/internacional/23337-lavrov-considera-africa-e-pilar-da-nova-ordem-mundial

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Café literário com Luís Fernando


No âmbito do Festival Nacional de Cultura em Angola (FENACULT), será realizado no dia 18 de Setembro (5ª feira) pelas 18 h no Centro Cultural Português (Av. de Portugal nº 50) um Café Literário, que tem como convidado o escritor e jornalista Luís Fernando.  Esta iniciativa visa dar a conhecer um pouco da vida e obra literária de Luís Fernando, numa entrevista que será conduzida pelo investigador Aguinaldo Cristóvão, interagindo com o público presente.
Será feita uma abordagem geral sobre a diversificada obra literária de Luís Fernando, bem como sobre a sua experiência profissional.
Nascido em 1961 na aldeia Tomessa, no Uíge, Luís Fernando tem uma longa experiência jornalística. Foi diretor do jornal O País, passou pela direcão do Jornal de Angola. Formou-se em jornalismo pela Universidade de Havana, em Cuba, e daí a sua familiaridade com a cidade que elegeu como o seu território de coração.  Assim que regressou, esteve na informação da RNA.
Ligado ao associativismo, coordena a Associação Angolana de Apoio aos Doentes de Anemia Falsiforme (AADAF) que tem trabalhado muito para sensiblizar sobre esta doença.
Escreveu vários livros, nomeadamente 90 Palavras, A Saúde do Morto, João Kyomba em Nova Iorque, Clandestinos no Paraíso, A Cidade e as Duas Órfãs Malditas e Um ano de Via, colectânea de crónicas publicadas em O País.
Actualmente é o Administrador Executivo da Media Nova. Em 2011 ganhou o grande prémio Maboque de Jornalismo, onde viu reconhecido o resultado do seu trabalho de mais de 20 anos dedicados ao jornalismo.
O seu novo romance e as suas últimas crónicas serão lançadas proximamente também no Centro Cultural Português.
Fonte: rede Angola

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Cuba enviará 165 médicos a Serra Leoa para combater ebola




OMS
Anúncio foi dado pela OMS nesta sexta-feira (12); diretora geral da entidade disse que se trata do "mais importante" envio de especialistas à região
12/09/2014
Da Redação
Cuba enviará 165 médicos e enfermeiros a Serra Leoa durante seis meses para ajudar as autoridades deste país a combater a epidemia de ebola. O anúncio foi dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (12).
“Por sua longa história de solidariedade, Cuba foi um dos países aos quais a OMS e o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, pedimos apoio para enfrentar este surto”, disse a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em declarações à agência cubana Prensa Latina.
Chan disse ainda que se trata do envio mais importante de especialistas à região. "Se vamos à guerra contra o ebola, precisamos de recursos para lutar", disse. Segundo ela, esta contribuição em recursos humanos é "extremamente generosa" da parte do governo cubano e será muito valiosa para conter "o pior surto de ebola vivido até agora".
A brigada de 165 colaboradores de saúde é formada por 62 médicos e 103 enfermeiras, todos com mais de 15 anos de profissão e experiência em situações de desastres naturais e epidemiológicos. Eles serão enviados a Serra Leoa na primeira semana de outubro e permanecerão ali por seis meses.
A epidemia de Ebola já deixou 2.400 mortos na África Ocidental desde o surgimento do vírus, no início do ano, segundo a OMS.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/29807

Mulheres Pretas

    Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme “Xica...