terça-feira, 3 de junho de 2014

A ascensão africana

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FMI se reúne a governos e especialistas para debater a manutenção do desenvolvimento do continente

 O Fundo Monetário Internacional (FMI) e governo de Moçambique vão realizar nesta semana a conferência ‘África em ascensão: construindo o futuro’ na capital moçambicana, Maputo. O evento que começa na próxima quinta-feira (29) pretende reunir formadores de opinião política da África e de outros continentes, o setor privado, a sociedade civil e a comunidade acadêmica para discutir medidas que garantam o crescimento inclusivo e sustentável.

“O principal desafio hoje é manter o crescimento elevado, promover a criação de empregos e acelerar a transformação estrutural. Para as nações consideradas mais frágeis, a prioridade é criar a estabilidade política e econômica suficiente para juntarem-se à fileira dos ‘leões africanos’”, aponta os organizadores do evento.

Entre os nomes que irão participar da conferência deste ano estão o presidente do Africa Progress Panel, Kofi Annan; a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde; o vice-presidente do Banco Mundial para a África, Mahktar Diop; o diretor executivo de finanças da Vale, Luciano Siani; a diretora executiva da Oxfam Internacional, Winnie Byanyima; além de ministros das finanças de países como Costa do Marfim, Moçambique e Uganda.

Temas e perspectivas

Quais são os desafios a longo prazo para a África? De que forma o continente pode criar mais empregos, reduzir as desigualdades, fomentar a diversificação e a transformação estrutural e estimular a produtividade agrícola? Como financiar as grandes necessidades em infraestruturas de transporte e energia? Como acelerar o desenvolvimento financeiro e o desenvolvimento do setor privado? Essas são algumas das questões chaves a serem debatidas na conferência.

“A ascensão da África não é apenas uma palavra da moda. É uma realidade. Juntos, o FMI e os países africanos podem contribuir de forma efetiva para melhorar a atual situação, tornar o crescimento mais incluso e sustentável e concentrarem-se em boas praticas que produziram resultados positivos”, afirma Christine Lagarde.

Algumas das discussões serão transmitidas ao vivo pela internet. Entre elas, a primeira sessão plenária que irá abordar as oportunidades e os desafios na África subsaariana. Nos últimos quatro anos o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) da região ficou em 5,2%, segundo dados do FMI, o que demonstra uma tendência de aceleração econômica e a superação da crise financeira de 2009, ano em que registrou expansão de 2,9%.

A segunda sessão plenária focará no estímulo à inclusão e à criação de empregos. Um estudo do FMI aponta que o fato do crescimento ser ou não inclusivo depende das políticas adotadas para o setor agrícola, muitas vezes negligenciado. Outra questão é a limitação das políticas de segurança social na África subsaariana.

A transformação estrutural e o desenvolvimento do setor privado é o tema da terceira sessão plenária, que discutirá o fato do setor público ainda ser a principal gerador de empregos na economia formal nos países da região. Os debates dessa sessão irão abordar a importância do setor privado na transformação estrutural e as políticas que podem impulsionar o crescimento desse setor.

Outros encontros discutirão a potencialização dos recursos naturais da África em benefício das gerações presentes e futuras; as necessidades de se financiar a infraestrutura na África subsaariana e o papel das parcerias público-privadas no alcance desse objetivo; a criação de mercados mais fortalecidos, amplos e sustentáveis e a superação da fragilidade de alguns países no âmbito social, político e econômico.

O que mudou

A primeira conferência desse modelo foi realizada em 2009, na Tanzânia. Na ocasião foram discutidos os desafios da economia africana ante a crise financeira e o evento ajudou a galvanizar o apoio internacional para a África. Nos últimos cinco anos, grande parte da África subsaariana demonstra significativos avanços e notável resistência graças a reformas econômicas efetuadas na última década.

No âmbito sociopolítico, alguns países da região alcançaram melhorias como a emancipação da mulher, a estabilidade política, o desenvolvimento da infraestrutura, melhorias no sistema de saúde e progressos na educação.

De acordo com o relatório de Desenvolvimento humano 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a África subsaariana contava com 32 milhões de pessoas na classe média em 2009. A previsão é que esse número aumente para 57 milhões em 2020 e 107 milhões em 2030.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região também demonstra avanços significativos. Em 2010 o IDH foi de 0.468, o valor subiu para 0.475 em 2012, sendo que a pontuação ideal é próxima de 1.0. A expectativa de tempo de estudo chegou a 9,3 anos em 2011 e o percentual de mulheres na força de trabalho foi de 64,7%.
Fonte: Geledes

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